SONHO AMEAÇADO
Quando vê alguém morrer,
Sente que o sonho foi ameaçado
E que maior valor à vida deve dar.
Na bebedeira de orvalhos e brisas
Em palavras frágeis, palavras fáceis,
É altura de fazer novo exame da memória,
Da inteligência, da vontade, do querer.
O poeta habita espaços siderais,
(digo-o uma vez mais)
Tudo quer e nada o satisfaz.
Seu coração com presságios e súplicas,
Mentiras, juras e desamores
Atravessa Verões e Invernos
Aguardando sempre Primaveras de flores.
Na penumbra cortada por espadas de luz
Ele aí vai, atarefado, em desatino, com frio destino,
Em reminiscências de fenícios, celtas e árabes
Agora marcado, sem sonhos, ansioso por sonhar
Nos seios abandonados da madrugada.
Embalado em nuvem baça, pesada e densa,
Ora compaixão sente, ora compaixão vê
E vacila, mas não deve…
A estrela treme, mas não cai.
de JOÃO COELHO DOS SANTOS
Do livro 70 - SETENTA - 70
lançamento dia 23 de junho de 2014 nos
Paços do Concelho de Lisboa
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