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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MALANGATANA

05-01-2012 - MALANGATANA – O HOMEM morreu a 05-01-2011. O ARTISTA não morrerá nunca.(Por Celeste Cortez***)

“Há sempre um manancial de temas a abordar. São os acontecimentos do mundo, às vezes tristes, outras alegres, e eu não fico indiferente. Seja em Moçambique ou noutra parte do mundo, a dor humana é a mesma”.
(Declaração de Malangatana à Agência Portuguesa de Notícias – Lusa, sobre os Temas do Mundo).

Malangatana Valente Ngwenya nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique, a 06-06-1936 e faleceu a 5-01-2011, faz hoje um ano. Choraram-no amigos e conhecidos, gente de todas as condições sociais e de todos os quadrantes, de todas as raças, de todos os credos. Portugal deu-lhe honras fúnebres, tendo seu corpo sido velado no Mosteiro dos Jerónimos.
Conhecido mundialmente como o maior artista internacional moçambicano, Malangatana foi pintor, bailarino, poeta, ceramista, escultor, homem de palco, enfim. Era um homem despegado de vaidades, dizem todos.
Era um homem que partilhava os seus dons artísticos. A propósito da sua partilha, traduzo “ad hoc” palavras de Pauline Wynter em “Pambazuka News, com texto publicado com o título “Malangatana, force of nature”: Os artistas mais novos terão algumas vezes pensado que Malangatana ocupava demasiado espaço mas ele foi um bom hospedeiro (desbravador?) da floresta. A grande árvore caiu. O espaço que deixou para preencher é enorme – contudo os pequenos têm de crescer para o preencher”.

No caderno O Homem e as Obras, o arquitecto Pancho Guedes, que, segundo sei, foi de grande ajuda para projetar Malangatana no mundo das artes, rende-lhe os maiores elogios. - Pancho Miranda Guedes emprestou-lhe a sua garagem e comprava-lhe dois quadros por mês até à sua estabilização. www.http://Foto Malangatana

Malangatana simbolizava a essência da Alma Moçambicana. Por certo Malangatana, era o mais português dos moçambicanos e o mais moçambicano dos portugueses, diz no referido caderno Pedro Rebelo de Sousa, que o conheceu nos anos 60.

Mia Couto, no mesmo caderno dá testemunho de convivência com Malangatana e remata o seu depoimento com estas palavras tão profundas: Verei Malangatana sempre. Escutá-lo-ei sempre. Este homem se inscreveu tanto na nossa vida que não há ausência que tenha o seu tamanho.
O poeta Eduardo White, finaliza o caderno a que atrás me refiro, com - pelo menos para mim - a sua melhor poesia de sempre, com o nome “Nosso colorido marinheiro Malangatana” contando que lhe tinham dito nessa manhã – na manhã da morte de Malangatana – que tinha chegado um barco grande a Matosinhos, vindo de um ponto tão distante que os homens só dele sabiam de ouvirem falar. De dentro desse majestoso navio, rufavam tambores e ecoavam cânticos, enquanto bailarinas líquidas, dançando se embrulhavam em milhentas mil cores sob os pássaros gentios que as acompanhavam. Depois do mavioso espectáculo, do navio se fez ouvir uma estridente sirene, tão forte e tão aguda, capaz de fazer tremer as casas dos homens, os prédios da terra, os campos em volta. Com tal grave som os cães ladraram e os relógios pararam e o mar se abriu calmo e sereno para engolir aquela visão fantasmagóricas. E o silêncio fez sentir-se para que a cidade voltasse a dormir.
E termina o grande poeta Eduardo White, com quem estive num encontro de poetas levado a cabo pelo Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora: “Apenas mais tarde se soube, de um país haver percorrido o Mundo para embarcar o seu pintador enfeitiçado da vida, que, agora, naquela enorme nave, voltava para vivê-la na consanguinidade moçambicana das suas telas. Esse homem, nosso colorido marinheiro do mundo de seu nome MALANGATANA.

***Sinto-me privilegiada por ter estado presente num grandioso espectáculo a comemorar os 75 anos de Malangatana,  (falecido a 05 de Janeiro desse ano de 2010(. E foi um prazer enorme ter recebido o Caderno "Malangatana - o homem e as obras" que, atendendo um pedido meu, me foi enviado gratuitamente pelo Secretário da UCCLA.
No meu romance Mãe Preta, dedico todo o capítulo XXVIII a Malangatana, (páginas 407, 408 e 409).Escrevi o capítulo em 2006 ou 2007, quando Malangatana estava vivo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MALANGATANA

MALANGATANA - Nasceu a 06-06-1936 em Matalana, Moçambique - Faleceu a 05-01-2011 (Hospital Pedro Hispano) - Matosinhos.

Quando morre uma pessoa, o mundo fica mais pobre. Quando morre um génio, o mundo não mais recupera a sua perda, é a minha convicção.

A minha homenagem ao famoso pintor, representante cultural de Moçambique, está nas páginas 418/420 (na 2ª. edição está na página 407, 408 e 409)  do romance "MÃE PRETA", romance que finalizei em meados de 2008 (antes de Malangatana ter falecido)  e aqui deixo registado: 

CAPÍTULO XXV
– Meninas, hoje vamos começar a nossa aula a falar de um pintor moçambicano ainda muito jovem (O romance referia-se aos anos 60 do século passado!) que já tem uma fama extraordinária, já expôs e ganhou prémios. Sabem quem é?
– Sô Doutor, se calhar, é um novo Miguel Ângelo – disse a Cristina, a brincar.
– O Miguel Ângelo era italiano, não era moçambicano – disseram várias alunas ao mesmo tempo.
– Este pintor moçambicano é natural de Matalana, distrito de Marracuene, e chama-se Malangatana Valente Ngwenya. A sua pintura é inédita, criou um estilo próprio, inconfundível. Pinta as mulheres da nossa terra, com as suas capulanas coloridas, umas a darem o leitinho aos filhos, outras a levarem as suas crianças pela mão. Em Lourenço Marques, já fez exposições em 1959 e em 1961. Numa delas teve um segundo prémio ex aequo.
– O que é isso, Sô Doutor?
– Ó meninas, mas isto não é uma aula de latim. Mas vá lá: ex aequo quer dizer que o prémio foi repartido por ele e por outro pintor. Tinha sido uma exposição… digam, meninas digam: cole…
– Colectiva, Sô Doutor.
– Isso mesmo, meninas. Em 1961, fez uma exposição individual. É considerado o mestre das artes, o maior artista moçambicano. Nasceu em 1936, começou a pintar aos dez anos de idade. Mas há mais pintores, jovens, moçambicanos. Admiro a pintura deste especialmente, por isso vos falo dele em primeiro lugar.
– Sô Doutor – disse a Glorinha a rir – tenho de lhe pedir para pintar a minha folha da prova de exame, se não, não passo a desenho…
Do fundo da sala, ouviu-se uma voz:
– Pede à ............................(deixo esta parte para os leitores lerem o romance "Mãe Preta" e depois enviarem-me os vossos comentários). 
- Bom, e, já que falámos muito, agora vamo-nos concentrar na nossa aula de desenho. E prometo que na próxima trago um pequeno quadro do Malangatana para apreciarmos a sua obra-prima. Não resisti a falar-vos dele. É um pintor excepcional.

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Assim como escrevi no romance MÃE PRETA,concordo que MALANGATANA é um pintor excepcional.
Um bom artista, tem sempre com ele as ferramentas de trabalho, por isso, rogo-te, MALANGATANA, pinta nesse espaço especial onde agora estás, um bonito quadro para todos nós. Que seja o melhor de todos os teus quadros. Um quadro que inclua saúde, felicidade, paz mundial.
Para mim em particular - que nunca consegui comprar um quadro teu - pinta aquele que eu desejo e mereço. Tu sabes qual é. OBRIGADA, MALANGATANA.
Um abraço saudoso da Celeste Cortez

Celeste Almeida de Campos Cortez-Silvestre
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