sábado, 30 de abril de 2016

POEMA DE AUGUSTO GIL - LUAR DE JANEIRO

POEMA DE AUGUSTO GIL – (1873-1929)

LUAR DE JANEIRO

A Coelho de Carvalho
Luar de Janeiro,
Fria claridade
Á luz dele foi talvez
Que primeiro
A boca dum português
Disse a palavra saudade...

Luar de platina,
Luar que alumia
Mas que não aquece,
Fotografia
Da alegre menina
Que há muitos anos já... envelhecesse.

Luar de Janeiro,
O gelo tornado
Luminosidade...
Rosa sem cheiro,
Amor passado
De que ficasse apenas a amizade...

Luar das nevadas,
Álgido e lindo,
Janelas fechadas,
Fechadas as portas
E ele fulgindo,
Límpido e lindo,
Como boquinhas de crianças mortas,
Na morte geladas
E ainda sorrindo...

Luar de Janeiro,
Luzente candeia
De quem não tem nada,
Nem o calor dum braseiro,
Nem pão duro para a ceia,
Nem uma pobre morada...

Luar dos poetas e dos miseráveis,
Como se um laço estreito nos unisse,
São similares
O nosso mau destino e o que tens...
De nós, da nossa dor, a turba ri-se
E a ti, sagrado ladram-te os cães!

Luar de Janeiro, foi o título de um livro de poemas de Augusto Gil. publicado em 1909. A escritora Celeste Cortez, autora deste blogue,  tem este poema escrito na língua portuguesa de 1909. Em caso de interesse, deixe o pedido no seu comentário (ao fundo desta página aparece-lhe com um pequeno desenho do tipo de um lápis). Será respondido dentro da possível brevidade, se deixar o seu email.    

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