sábado, 15 de fevereiro de 2014



MÃE PRETA   -  Celeste Cortez


2º. Prémio de Poesia da ACADEMIA DE LETRAS,       ARTES CIENCIAS BRASIL
              
 Prémio Cláudio Manoel Costa. Dezembro 2013



              Mãe Preta - Celeste Cortez (registado no I.G.A.C.)

              Mãe Preta traz no ventre seu mundo que vai nascer
Sorri feliz esquecendo o amendoim que a seca queimou,
O milho que a água alagou, a semente que o sol secou
Mas não esquece a fome que faz doer e ficou.

Hoje não vai buscar água porque seu filho tirou  
Seu pequenino mundo nasceu, gemeu e com fome berrou
Pediu comida que ela não tinha pr’a dar
Mãe Preta aconchegou seu menino e ficou a chorar 

No fundo da panela  um resto de quase nada
Mãe Preta amassou em sua boca a farinha empapada,
Mastigou, mastigou, mastigou, em sua boca não ficou nada
Como mãe-ave a papa depositou na boquinha rosada

Madrugada  no lamacento caminho com lata d’água à  cabeça já vem
Filho com amor aperta, olhos contemplativos  sonhando “sonhos de mãe”
Fogueira acende. Panela ao lume dos restos que no pilão havia
A teta acaricia: Sorri com esperança para o filho que no colo tem

Puxando seu seio com carinho o passarinho do seu mundo vai alimentar
Lágrimas amargas de Mãe Preta  irão por fim secar
Porque hoje não lhe irá dar farinha empapada

        Do coração de Mãe Preta canção alegre começa a brotar
Seus lábios entoam bela melodia que o vento irá pr’a longe levar
Anca bamboleia, marrabenta dançando, sorri enlevada. 

                                     Celeste Cortez (registado no I. G. A. C. )

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