Poeta - Aguinaldo Fonseca (Mindelo, Cabo Verde) 22-09-1922 – Lisboa 24-01-2014.
Recentemente, ou seja no dia 24 do mês de Janeiro findo, faleceu o poeta cabo-verdiano Aguinaldo Brito Fonseca, natural de Cabo Verde, residente em Portugal desde 1945, com 91 anos de idade. Aguinaldo Fonseca era autor de diversas obras. Ficaram célebres os seus poemas “Mãe Negra” e “Canção dos Rapazes da Ilha”. O seu corpo esteve em câmara ardente na igreja do Campo Grande, em Lisboa e dali para o Cemitério dos Olivais onde foi cremado.
Os seus poemas começaram por ser publicados em jornais portugueses da época. Aguinaldo Fonseca, segundo o jornal "País", foi o primeiro autor a
utilizar África na substância poética cabo-verdiana. Entrou em várias antologias e obras colectivas editadas em diversos países.
A sua poesia retratava o ardor cívico e expunha as injustiças sociais, tal como é referido na Grande Enciclopédia Soviética, datada de 1979, traduzida em russo. Foi um poeta da eleição de ??
Segundo a crítica, Aguinaldo Fonseca ficou conhecido como “o poeta
esquecido”, mesmo depois de ter publicado a colecção “Linha do Horizonte”, em
1951, e de, sete anos mais tarde, ter reunido uma selecção dos poemas no
suplemento cultural “Notícias de Cabo Verde”, tal como o retratou Michel Laban,
um investigador argelino estudioso da literatura lusófona, que faleceu em Paris
em Dezembro de 2008. A
sua poesia retratava o ardor cívico e expunha as injustiças sociais, tal como é
referido na Grande Enciclopédia Soviética, datada de 1979, traduzida em russo. Foi um poeta da eleição de ??
Mamã, peço-te perdão
Por todas as mentiras que contei.
Foi sem querer...
A culpa foi do porteiro da vida
Que me indicou uma porta
Que não era a porta da minha vida.
Por todas as mentiras que contei.
Foi sem querer...
A culpa foi do porteiro da vida
Que me indicou uma porta
Que não era a porta da minha vida.
A novidade de Aguinaldo Fonseca está em ter sido ele o
primeiro a utilizar a «África» como substância poética cabo-verdiana. Um dos
seus poemas mais conhecidos e divulgados é «Mãe Negra».
MÃE NEGRA
Aguinaldo Fonseca
A mãe negra
embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu
que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
- Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
- Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra
não tem casa
Nem carinhos de ninguém…
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços…
Nem carinhos de ninguém…
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços…
Mas olha o
céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade…
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade…
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Aguinaldo Fonseca
Aguinaldo Fonseca
Canção dos Rapazes da Ilha
Eu sei que fico.
Mas o meu sonho irá
Levado pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos frutos, nos colares
E nas fotografias da terra,
Comprados por turistas estrangeiros
Felizes e sorridentes.
Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos veleiros que desenho na parede.
Eu sei que fico.
Mas o meu sonho irá
Levado pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos frutos, nos colares
E nas fotografias da terra,
Comprados por turistas estrangeiros
Felizes e sorridentes.
Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos veleiros que desenho na parede.
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