Na parábola do Bom Samaritano, Jesus, ao responder ao Doutor de Leis sobre
quem era o nosso “próximo”, exemplificou com o episódio do judeu barbaramente
agredido por ladrões que o maltrataram e deixaram prostrado na estrada.
Sacerdotes e “homens de bem” (?) esquivaram-se a auxiliar o pobre
homem que se esvaía em sangue. Um publicano que por ali passou condoeu-se com o
estado do ferido e, apesar da rivalidade existente entre judeus e publicanos,
socorreu o desgraçado e providenciou-lhe a necessária ajuda.
Eis a obra de amor do bom samaritano que serviu para ilustrar a figura do
nosso próximo. Este episódio aconteceu há mais de dois mil anos.
Dois mil anos passaram depois do Filho de Deus ter proclamado a doutrina do
Amor, da Igualdade, da Fraternidade entre todos os homens. E então?
A questão pertinente que se pode hoje colocar é a seguinte: dois milénios
passados, será que nos comportamos todos como bons samaritanos? Ou seja, a
solidariedade e o apoio caritativo que deveríamos dispensar ao nosso “próximo”
é hoje uma prática corrente?
A resposta está á vista de todos,
- Quando um
idoso morre, sozinho em sua casa, e a vizinhança só se apercebeu disso quando o
cheiro pestilento invadiu o prédio. Enquanto o velhinho vegetava, abraçado à
sua imensa solidão, onde esteve uma simples palavra de afecto?
- Quando, nos
empregos, a luta feroz e subterrânea por uma posição mais elevada, corrompe as
relações e destrói as amizades;
- Quando, numa
falta de solidariedade gritante para com o próximo, pululam os criminosos
corruptores e corruptos de colarinho branco e se vangloriam os trastes
infractores da fuga ao fisco;
- Quando uns
abjectos violadores e pedófilos maculam a dignidade humana de seres mais fracos
e indefesos.
- Quando ainda
há mulheres enclausuradas em “burkas” e quando o valor pessoal está na razão
directa da “obesidade” da conta bancária.
- e quando, e
quando e muitos quandos haveria para
acrescentar a esta vergonhosa lista das contemporâneas misérias humanas.
Não serão todos, felizmente, mas muitos passam ao largo dos problemas e
dificuldades dos seus semelhantes, como no tempo de Jesus Cristo fizeram os
sacerdotes e os “homens bons”(?)...
Dois mil anos não corrigiram muito substancialmente o comportamento do ser
humano, inclusive até dos próprios cristãos.
Não pode deixar de ser com mágoa que chegamos a esta triste conclusão e, ao
veiculá-la através deste apontamento, fazemos o necessário contraponto, na
esperança de que o exemplo de muitos filantropos que ainda praticam o amor ao
próximo, se difunda e irradie com a desejada progressão.
Afinal, uns instantes dedicados a todos os entes carentes que por ai
pululam e são o “nosso próximo”, libertariam a nossa consciência dos egoísmos,
das comodidades e da falta de amor por quem só espera uma migalha de afecto.
Carlos Brandão de Almeida 2014-02-04
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