segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

GOTA A GOTA
(artigo de fundo do meu amigo Carlos Brandão de Almeida )


Era um fim de tarde outonal, quente e húmido.

Observava, sentado sob a proteção dum providencial telhado, a terra seca e dura, esquartejada pelas fendas do sequeiro. Subitamente, das nuvens carregadas, começaram a cair pingos de chuva rapidamente absorvidos pela terra sequiosa. Progressivamente o aguaceiro tornou-se mais forte e fez jorrar um caudal abundante que saciou a terra ressequida.

Absorto nos meus pensamentos metafísicos, pensei: “notável como as nuvens se preocupam com a terra e com ela compartilham a água que é afinal a génese da sua existência…”

Contemplativo, deslumbrava-me esta singular ação de solidariedade.

A terra necessitada, mas passível e imóvel. As nuvens, inquietas, procurando a terra e agindo na repartição da sua água, do seu ser, que, de imediato, se esvaía e abalava.

A solidariedade humana tem também esta matriz: começa por procurar alguém necessitado, alguém que sofre mas está passivo no desalento da solidão ou da miséria, esperando ajuda, agarrado à triste sorte da conformação. Então, age determinantemente, entregando-se num acto de solidariedade fraterna, para partilhar uma palavra de ânimo ou de esperança, para salvar, para amar.

A nuvem, ao repartir a sua água, desfez-se na terra, para mais tarde se refazer mais forte e mais feliz.

É o circuito da vida de quem se entrega ao serviço dos outros. A pessoa dá-se, sacrificando-se, desgastando-se, sem esperar recompensas e desaparece daqui e dacolá, submergindo no anonimato, no silêncio da humildade.

Mas volta, como volta a nuvem. E volta para agir de novo.

Este trajeto de amor é o segredo da felicidade de tanta gente. E assim milhares de filantropos anónimos repartem o seu amor com tantas vidas carentes e vazias.

Sejamos nós também a nuvem providencial que, pingo a pingo, amenizará a dura existência dos necessitados.

Carlos Brandão de Almeida
2012-01-03

Carlos desculpa só publicar agora. Não costumo abrir o gmail muitas vezes, quando dei por este artigo tentei trazê-lo... mas... como sempre, a foto não quis vir. Teimosa, claro. Como sou a favor da paz, tentei trazê-la com bons modos. Fui-a convencendo, convencendo, até que hoje perdeu a teimosia e deixou-se fotografar para o meu album. Assim pude depois adicioná-la. Isto para quem ganhou um prémio do blogue, não é recomendado. Mas deixa, fica entre nós, não vou dizer nada a quem me ofereceu o prémio. E aqui, nesta página aberta que é lida por tanta gente... ninguém fica a saber.

VAMOS RIR. VIVA A VIDA! Abraço para ti e Florbela com grande amizade da Celeste Cortez
E fico à espera de mais artigos... com foto, e prometo que me esforçarei mais para conseguir que não haja incompatibilidade entre foto e artigo, que venham os dois, cantando e rindo, atrás de mim para o blogue.

Agora em tom sério: Esqueci de dizer aqui em público, que a pessoa que escreveu este artigo, tem com certeza um coração do tamanho do mundo. Obrigada amigo.





























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