AFORRAR
A imprudência costuma preceder a calamidade.
Apiano
A conjuntura económica em que estamos hoje submersos, com toda a sorte de dolorosas situações que atormentam muitas famílias portuguesas é filha, como todos sabemos, do descalabro financeiro que atingiu a até aqui inatingível banca internacional. Foram esses todo-poderosos donos do mundo, com a sua insaciável sede de riqueza, que criaram esta situação. Mas quem, dramaticamente, sofre as suas penosas consequências são os comuns cidadãos, afinal aqueles que geram a riqueza.
Porem, não são estes os únicos responsáveis pela fatalidade que nos atingiu. Também a incompetência governativa dos últimos dez anos, no domínio económico, contribuiu para cavar a sarjeta em que nos atolámos.
E muitos de nós não estão, igualmente, isentos de culpa. Com efeito, na altura em o cinto estava mais folgado muitos foram os que embarcaram nas lodosas facilidades do crédito barato e, alegremente, viveram acima das suas possibilidades.
Quando o cós se apertou, a crua realidade desvendou a sua trágica figura e conduziu os incautos e a Nação á triste condição de pedintes.
Quando em Portugal se vivia na idade das vaquinhas gordas não se discorria em despender com moderação, não se ajuizava que o passo não pode ser maior do que a perna, não se pensava em poupar, em aforrar com vista ao futuro. Lamentável imprevidência!
E hoje pedinchamos a quem nos pode valer - mas a juros exorbitantes -e sujeitos à tutela estrangeira!
Há uma velha história judia que sintetiza o sucesso económico daquele povo e que pode ilustrar este apontamento.
Uma mãe judia vendo que o filho já estava na idade de trabalhar recomendou-lhe que se aconselhasse com um primo rico sobre o seu futuro.
O jovem, seguindo o conselho da mãe, combinou um encontro com o familiar. Tinha caído a noite quando se encontraram.
- Poderia o primo contar-me o segredo do seu êxito? – perguntou o rapaz.
- Sem dúvida – anuiu o homem – não tenho segredo nenhum, o meu projeto de vida baseia-se apenas no trabalho e no equilíbrio da existência. Mas irei confiar-te a experiência que adquiri. E, dado que não te vejo tomar notas, apaguemos a luz, não achas? Não vale a pena gastar eletricidade se não for necessário!
- Já não é necessário contar-me a sua história. O senhor acaba de me dar a resposta.
O rapaz compreendera que, para se ter sucesso na vida tem que se ser poupado, ser consciente e regrado.
E a sentença aplica-se a todas as formas de riqueza quer seja material, quer seja espiritual.
Não devemos desperdiçar a nossa vida inutilmente.
Carlos Brandão de Almeida
2012-01-07
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