quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

GALILEU GALILEI (1564-1642), por Carlos Brandão de Almeida



 

Quantos anos temos?

 

Perguntaram ao velho Galileu Galilei (1564-1642), o consagrado homem de ciência italiano:
- Quantos anos de idade tem, mestre? Galileu cogitou paulatinamente e respondeu: 
- Oito ou talvez dez, por aí! 
Claro que ao curioso indagador, a surpreendente resposta se afigurou uma evidente contradição, face às pronunciadas rugas que lhe engelhavam o rosto. 
Apercebendo-se, divertido, da estupefacção do perguntador, ele esclareceu: 
- Eu explico ao meu curioso discípulo: tenho, com efeito, apenas os anos que me restam de vida, porque os vividos já não são meus. Não os tenho mais, do mesmo modo que também já não retenho as moedas que gastei. Galileu expressava, assim, a mais lógica realidade que escapa, usualmente, às nossas aligeiradas meditações. 
Ora, atendendo a que o legado de vida que nos foi atribuído já foi, maioritariamente, consumido, restando-nos um precioso saldo de existência, parece desejável que o remanescente seja vivido jubilosamente e com o maior aprazimento, evitando-se as soturnas lamentações e a nostalgia do tempo que já passou. O tempo que nos resta é um porvir que é nosso. Aproveitemo-lo na íntegra, tirando partido de tudo o que nos pode tornar felizes. Conquistemos novos amigos e confraternizemos mais com os que temos. Lembremo-nos do que nos ensina um provérbio turco “quem procura um amigo sem defeitos, fica sempre sem nenhum”. Procuremos, saudavelmente, viver sem recalcamentos evitando reacções intempestivas de desalento e de raiva. É que, quando às vezes julgamos estar a magoar alguém, estamos sim a ferir-nos a nós próprios, como aconteceu com a infeliz da cobra enraivecida. A história reza assim: 
Um dia uma cobra entrou numa carpintaria, rastejando para um canto. Ao passar por cima dum serrote feriu-se ligeiramente. Julgando-se atacada ela, raivosamente, mordeu a folha do serrote. Mas do impetuoso ataque resultou claro um ferimento mais grave. Então, não compreendendo o que lhe estava a acontecer e pensando que o serrote continuava a atacá-la, ela decidiu lutar enrolando-se à volta do serrote para sufocá-lo com todo o seu corpo. Logo, ao comprimir com toda a sua força o serrote, a pobre cada vez se feria mais, acabando por morrer. 
LIÇÃO: A ira é sempre um sentimento malévolo que importa evitar, adoptando-se antes, em situações extremas, o perdão ou o menosprezo. 
Carlos Brandão de Almeida

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