quinta-feira, 26 de novembro de 2015

POETA - MÁRIO CESARINY - HOJE É DIA DE RELEMBRARMOS O POETA

Hoje é dia de lembrarmos o poeta MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS, que faleceu em Lisboa a 26-11-2006.

Mário Cesariny nasceu em Lisboa em 1923, faleceu com 83 anos, poeta do surrealismo.  

Pastelaria (título do poema) 

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny, in 'Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano'

terça-feira, 24 de novembro de 2015

NATAL E NÃO DEZEMBRO - DAVID MOURÃO FERREIRA

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio
No prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A casa, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
E anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Para nos pedir contas do nosso tempo.

“Litania para o Natal de 1967”, David Mourão Ferreira

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

POETA - JOÃO COELHO DOS SANTOS

O meu amigo poeta JOÃO COELHO DOS SANTOS, lança hoje o seu 41º. livro. Este tem curiosidades muito interessantes, O João deu-se ao trabalho de pesquisar, escrever e publicar o texto que abaixo transcrevo. Parabéns João Coelho dos Santos, pela dinâmica, pela maravilhosa poesia, por ser quem é e ser meu amigo. Votos de que este livro que hoje vem para as mãos de muitos leitores, seja mais um até chegar ao cento ou aos centos. Muito sucesso hoje e sempre, prezado amigo e confrade, a quem tive a honra de propor para a Academia de Letras e Artes 
Almeida Garrett - 1799/1854 (55 anos) - João Leitão da Silva, depois: João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett. É um nome por si inventado; foi buscar Almeida ao apelido da mãe e Garrett à avó paterna – D. Antónia Margarida - cujo pai, Bernardo Garrett, foi capitão da marinha de ascendência irlandesa). Passou a usar o apelido quase no final da sua vida e foi com ele que ficou eternizado. Nasceu no Porto em 1799, ou seja, 600 anos depois da primeira Cantiga de Amigo atribuída a D. Sancho I – 1199.
Em 1834 foi Cônsul Geral de Portugal na Bélgica, até 1836 e depois, brilhante deputado e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Reformou o teatro português (era chamado O Divino). Em 1836 separou-se de Luísa Midosi “por convenção amigável e verbal”. Estiveram casados catorze anos. Tinha trinta e sete anos quando se apaixonou por Adelaide Deville Pastor, de dezoito anos, com quem viveu cinco anos (morreu em 1841, alguns meses depois do parto de uma filha – a Maria Adelaide). A sua musa inspiradora foi uma jovem viúva, a Viscondessa da Luz, que era cerca de 20 anos mais nova. Chamava-se D. Rosa de Montufar Infante, e era espanhola da Andaluzia. Foi um amor outoniço, que chocou a sociedade da época, tal a forma aberta como abriu o seu coração apaixonado. Mais tarde Garrett teve uma relação amorosa com outra mulher casada, Maria Kruz, a quem chamou a mulher demónio. Diz-se que morreu nos braços da Kruz, com os olhos postos na Luz.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

DIA DO MAR - POESIA DO MAR

POEMA DE FERNANDO PESSOA.

Vamos completá-lo.

Quem quer deixar,  o que falta do poema,  ao fundo desta página, no lugar reservado a comentários?
É onde tem o desenho de um pequeno lápis.
Conto com a sua colaboração. Poderá estar-lhe reservado um prémio se deixar sua direção (que seja identificável pelos correios).  

sábado, 14 de novembro de 2015

POETA - CASTRO ALVES



POETA – CASTRO ALVES (ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES), natural de fazenda Cabaceiras,Curralinho, hoje cidade Castro Alves, Baía. 14-3-1847  - Salvador da Baía 6-6-1871 (faleceu aos 24 anos de idade). 

O lembrar o amor da sua vida, a atriz portuguesa Eugénia Câmara, foi também o tempo de maior e melhor inspiração. Foi quando escreveu “O navio negreiro” e “Vozes d’Africa” (1868), em S.Paulo.Concluiu em 1867 o drama GONZAGA, encenado por Eugénia Câmara em setembro do mesmo ano. 


Segue-se a sua BIOGRAFIA:  

CASTRO ALVES - Aos sete anos foi para SALVADOR (Baía) acompanhar o pai  que foi lecionar na Faculdade de Medicina. António Frederico desde criança tinha aversão às ciências matemáticas. A sua paixão foi a leitura, a escrita e o desenho. Aos treze anos recitava pela primeira vez em público um poema de sua autoria. 

Em 1862, dirigiu-se para o Recife a fim de estudar para ingressar na Faculdade de Direito. Começou nesse ano a publicar trabalhos seus num jornal. Pouca dedicação aos estudos. Dedicava-se a uma vida boémia, à bebida e aos versos.

Ao conhecer a atriz Eugênia Câmara, recitou-lhe o primeiro de vários poemas que lhe foi dedicando. Foi com ajuda da sua experiência teatral, que Castro Alves escreveu o drama ‘Gonzaga’, que lhe rendeu uma coroa de louros com a inscrição ‘Ao Gênio’. 

Pouco tempo depois, acrescentou ao seu repertório lírico a causa abolicionista, fazendo do amor e da liberdade seus temas de trabalho, como nos poemas ‘Vozes da África’ e ‘Navio Negreiro’. 

Com influência de Varela e Gonçalves Dias, Castro Alves iniciou um novo tipo de poesia brasileira, intermediária entre o romantismo clássico e o ultra-romantismo. Finalmente em 1864 ingressou na faculdade, mas não chegou a completá-la, por motivo de viagens pelo país e devido à tuberculose, doença que viria a perturbá-lo até ao resto da vida. 

Com a morte do seu pai em 1866, retornou mais uma vez à Bahia, onde se apaixonou por suas três vizinhas, escrevendo a famosa poesia ‘Hebréia’. 
Nesse mesmo ano fundou, ao lado de nomes como Rui Barbosa, uma sociedade abolicionista. 
Dois anos depois, 1868,  partiu para São Paulo, berço dos intelectuais, onde passou a ser bastante respeitado.

Ao romper seu relacionamento com Eugênia, que foi o amor da sua vida e o tempo de maior e melhor inspiração, quando escreveu "Navio Negreiro" e "Vozes d'Africa" (1868) em S. Paulo,  isolou-se na Bahia onde sofreu um acidente e teve o pé amputado. Em 1870, recolheu-se a uma fazenda no mesmo estado, realizando mais alguns trabalhos, entre os quais ‘Os Anjos da Meia-Noite’. (E Espumas Flutuantes)?






Obras suas:  
Espumas Flutuantes (1870) 
Gonzaga ou a Revolução de Minas (1875) 
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) 
Vozes D''África, Navio Negreiro (1880) 
Os Escravos (1883) 


Da sua obra, apenas o livro "Espumas Flutuantes" foi publicado em vida do poeta. 

Um tiro acidental em seu calcanhar, numa caçada, ocasionou amputação a frio do pé esquerdo, o que debilitou e agravou a tuberculoso e acabou por o vitimar “O POETA DOS ESCRAVOS”, NO DIA 6-6-1871, EM Salvador , com apenas 24 anos. É o patrono nº.7 da AcademPOETA – CASTRO ALVES (ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES), fazenda Cabaceiras,Curralinho, hoje cidade Castro Alves, Baía. 14-3-1847  - Salvador da Baía 6-6-1871 (24 ANOS).

Concluiu em 1867 o drama GONZAGA, encenado por Eugénia Câmara em setembro do mesmo ano.Terminou em 1868 a sua relação com ela, ficando abatido, mas continuou criando.
 Em 1870 publicou o livro de poemas: “Espumas flutuantes”, único a lançar em vida.
Um tiro acidental em seu calcanhar, numa caçada, ocasionou amputação a frio do pé esquerdo, o que debilitou e agravou a tuberculoso e acabou por o vitimar “O POETA DOS ESCRAVOS”, NO DIA 6-6-1871, EM Salvador , com apenas 24 anos. É o patrono nº.7 da Academia Brasileira de Letras.

Castro Alves morreu em 6 de julho de 1871, na capital baiana Salvador, deixando uma das maiores e mais consagradas obras da poesia brasileira. 

Um dos seus lindos poemas: LAÇO DE FITA, do livro "Espumas flutuantes" publicado em Julho de 1868

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

HOMENAGEM DE ADEUS AO PROFESSOR DOUTOR PAULO DA CUNHA E SILVA (Beja 1962-Porto 11-11-2015)


Homenagem de adeus ao Professor Doutor Paulo da Cunha e Silva, que faleceu na madrugada de 11-11-2015, no Porto.

 Vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, homem forte da cultura portuguesa.

          Viver depressa, mobilizar pessoas de diferentes áreas, fazer as coisas acontecerem e marcar a agenda cultural e mediática. Era este o programa de vida e de acção de Paulo Cunha e Silva (1962-2015). O facto de o fazer, muitas vezes, até à exaustão física poderá ter contribuído para um desfecho tão dramático quanto inesperado: morreu na madrugada de terça para quarta-feira na sua casa em Matosinhos, vítima de um enfarte do miocárdio agudo. Tinha 53 anos.

          Paulo da Cunha e Silva nasceu acidentalmente em Beja em 1962, filho de um juíz e de uma professora. Licenciatura| em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. 

          Prosseguiu a sua carreira académica com um Mestrado e Doutoramento em Ciências do Desporto pela mesma Universidade. É professor associado de Pensamento Contemporâneo na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Foi previamente professor de Anatomia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto| (Faculdade de Medicina). 

          O seu trabalho de investigação centra-se na reflexão sobre o estatuto do Corpo no Mundo Contemporâneo e na utilização das metodologias do Caos para a sua compreensão. Embora tenha formação nestas áreas, grande parte da sua atividade profissional também está profundamente ligada ao universo das artes plásticas, onde tem comissariado várias exposições e trabalhado como crítico de arte. Para além das artes plásticas, tem também produzido alguns trabalhos teóricos relacionados com o pensamento contemporâneo, e com outras áreas artísticas como a dança, o teatro, a arquitetura e a literatura.
          Os nossos sentidos pêsames a sua família e amigos.  




O SEU SONHO, A MATERNIDADE, NÃO FOI REALIZADO, MAS...

“Moçambique — Chimoio, Vila Pery:
Apesar da dor que sentia no peito, que mal me deixava respirar, não poderia parar. O sol que, quando deixara a casa do Simião, parecia uma enorme bola de fogo amarelo-avermelhada, tinha já desaparecido para os lados da Serra do Vumba.”

Assim começa o romance Mãe Preta.

Celeste Cortez, relata-nos, de forma muito peculiar, a vida de uma jovem moçambicana cuja ambição maior era, simplesmente, SER MÃE. Lina é a personagem central deste enredo que embora sendo ficcional é também um relato, bastante elucidativo, do que foram os aspetos sociais e culturais de Moçambique durante o período colonial.
          Lina, uma jovem mulher moçambicana, que por imposição da família (pai) casara com um negro assimilado, descreve-nos de forma quase poética o périplo da sua atribulada vida. A descrição vai deambulando entre a sua infância e a vida adulta, entre vivências dolorosas do quotidiano e divagações pelas memórias mais remotas de momentos felizes … com breves incursões sobre a história e a cultura do seu povo, como forma de justificar ou explicar, perante o leitor, a razão de ser de alguns episódios.
          Com frequente recurso a expressões idiomáticas, a termos dos diferentes dialectos falados em Moçambique e a expressões que traduzem, literalmente, a oralidade, o leitor é convidado a viajar no tempo e no espaço, “presenciando” em loco os diálogos dos diferentes interlocutores.
       Este romance faz também uma caracterização socioeconómica de Moçambique na época colonial, referencia as principais ocupações profissionais da época, que vão desde o trabalho nas grandes plantações de algodão, a migração de trabalhadores para as minas de ouro da então Rodésia (actual Zimbabué) e da África do Sul e a agricultura, para sustento próprio, desenvolvida, essencialmente, pela mão-de-obra feminina.
          Também o trabalho como serviçais, em casa dos senhores brancos (muzumgos/mulungo), era prática corrente.
          Geralmente, as jovens das aldeias cedo começavam a fazer pequenos serviços em casa dos patrões. Também Lima não fugiu à regra. Cedo começou a cuidar dos meninos brancos e a ter contacto com a cultura ocidental – outras mentalidades, outros costumes, outras tradições – foi, assim, assimilando facilmente os costumes e a religião dos brancos, embora jamais perdesse as suas características africanas, como o linguajar e as crenças nos seus deuses primitivos.
          O contacto e assimilação de outras culturas resultaram num conflito entre as idiossincrasias tradicionais e de modernidade relativamente ao entendimento da sua condição de mulher moçambicana. Determinadas práticas culturais são reavaliadas o que a levará a questionar costumes bastante enraizados da sua cultura, como a prática do lobolo ou da poligamia.
    Ao longo do romance, Lina vai-se revelando uma alma dotada de sentimentos extraordinariamente nobres, uma mulher que nada mais ambiciona do que SER MÃE, o poder dar o seu amor maternal de forma incondicional.
          Os anos foram passando e Lina não conseguira realizar o seu sonho – a maternidade. Contudo, a mãe preta que ama os filhos que não teve, descobriu que o amor que tem dentro dela pode ser oferecido a outras crianças. E a uma em especial.
          Uma escrita viciante e cheia de surpresas,  guiada por uma voz feminina que acompanha toda a narrativa.
                                                       
 Rosa Maurício (Bibliotecária da Biblioteca Municipal de Carregal do Sal)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

SORTEIO - SORTEIO - SORTEIO... PARA TODO O MUNDO



SORTEIO


                SORTEIO

                       SORTEIO...




SORTEIO - SORTEIO - SORTEIO, para todo o Mundo que lê este blog:-  http://celestecortez.blogspot.com 

Sorteio de um livro da autora CELESTE CORTEZ, DE PORTUGAL, 

por todos os visitantes do blog (blogue em português), que deixarem uma frase ao fundo desta página (no lugar dos comentários):

Frase que chame a atenção para a importância da leitura.

O leitor DO BLOGUE (pode escrever blog) terá de deixar seu endereço completo.

Quantas mais vezes concorrer, mais oportunidades terá de ganhar.

Regulamento:

  • O prêmio será enviado antes ou pelo menos até ao dia 20 de Janeiro de 2016. 
  • O blogue/sua autora, não se responsabiliza por extravio, provando para o feliz contemplado com o documento dos Correios. 
  • Promoção válida de 06/11/2015 a 29/11/2015.
  • Reservamos os direitos de qualquer alteração sem aviso prévio.
  • Ao participar desta promoção, automaticamente você aceita nosso regulamento.
  • Este concurso é de caráter recreativo/cultural, e conforme a lei, dispensa autorização por não estar vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

NÃO, NÃO É CANSAÇO...

Para alunos de estudos de "LITERATURA COMPARADA" vou começar por recordar: Álvaro de Campos, in "Poemas"

 Não, não poderia deixar de ser um poema de ÁLVARO DE CAMPOS, um dos heterónimos de FERNANDO PESSOA. Este NÃO... é habitual, a frase no negativo é usual. Veja-se o poema TABACARIA. E o cansaço? É só lembrar outro poema com o título CANSAÇO, do mesmo heterónimo. 
Começa negando ser cansaço, mas finaliza afirmando "ser cansaço". Dá tantos testemunhos de que não é cansaço, são desilusões, domingos às avessas, um feriado passado no abismo! É um cansaço porque as coisas se repetem, são cópias apenas! 
Álvaro de Campos chega a dizer que "se soubesse" não haveria nele esse "falso cansaço". Mas acaba confessando ser CANSAÇO.  

Não, não é Cansaço...

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa   

HOMENAGEM AO CINEASTA - JOSÉ FONSECA E COSTA (Angola 1933-Portugal 2015)

HOMENAGEM AO CINEASTA :
JOSÉ FONSECA E COSTA


          JOSÉ FONSECA E COSTA, nasceu em Angola a 27 de Junho de 1933, faleceu em Lisboa a 01-11-2015, no Hospital de Santa Maria, vítima de pneumonia, na sequência de uma pré-leucemia, segundo os jornais.

Veio para Portugal com 12 anos. Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, entre 1951 e 1955, mas acabou por trocá-lo para se dedicar à sétima arte.

Membro da Direcção do Cineclube Imagem, fez crítica cinematográfica nas revistas Imagem e Seara Nova.
Traduziu para português livros da autoria de Sergei Eisenstein e Guido Aristarco, além de alguns romances, como Il Compagno, de Cesare Pavese, e Passione di Rosa, de Alba de Cespedes.
O seu percurso profissional tem início em Itália, nos anos 60, num estágio com Michelangelo Antonioni no filme “L' Eclisse” (“O Eclipse”). Inicialmente, ficaria conhecido pelo seu trabalho como documentarista e realizador de filmes publicitários.
Sócio-fundador do Centro Português de Cinema, é um dos pioneiros do movimento do Novo Cinema em Portugal. A sua carreira ficou marcada por filmes como “O Recado” (1972), “A Mulher do Próximo” (1988) e “Cinco Dias, Cinco Noites (1996). Mas seria “Kilas, o Mau da Fita” (1981) o seu filme mais famoso - e um dos maiores êxitos de bilheteira da história do cinema português.
O realizador Fonseca e Costa foi ainda dirigente da Associação de Realizadores de Cinema e Audiovisuais e presidente do Conselho de Administração da Tobis Portuguesa.




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

ECOS ...

Copiado da internet - Agradeço ao programa de rádio Magia da Noite:

Hoje o nosso programa NA MAGIA DA NOITE foi até Sesimbra à Biblioteca Municipal de Sesimbra, mais em concreto a Sala Polivalente com capacidade para 80 lugares sentados, com excelentes condições técnicas de som e imagem.


A escritora e poetisa presente foi Celeste Cortez, onde nos esteve a apresentar o seu segundo livro "Mãe Negra". Na mesa de honra estiveram a vice-presidente da câmara municipal de Sesimbra (pelouros: Educação, Cultura, Bibliotecas Municipais, Turismo, Acção Social e Saúde) a Dra. Felícia Costa, o poeta Jorge Viegas, a escritora e a declamadora/poeta Elsa de Noronha.

A sessão iniciou-se com a intervenção da Dra. Felícia, onde explanou rasgos elogios à escritora pelo seu novíssimo livro, que esteve em cima da sua secretária para ser lido há mais de um mês, mas somente esta semana leu. As quatrocentas páginas do livro foram lidas num só dia, por ser um romance muito cativante.

De seguida falou-nos a escritora Celeste de Cortez, onde num curto espaço de tempo fez-nos o relato da sua vida, nasceu em Carregal do Sal, mas logo pequena foi para Moçambique, mais tarde, quando veio para Portugal foi morar directamente para a Quinta do Conde e só mais tarde foi viver para Cascais. Ao longo da sua vivência, foram várias as actividades em que participou/participa ligadas à literatura, que lecciona na universidade sénior... Por fim o poeta Jorge Viegas, amigo da escritora, fez uma breve análise da nova obra... Onde ressalvou que gostou mais da história do seu primeiro livro "O Meu Pecado".

Oferta de capulana vinda de Moçambique,
da moçambicana Olga Santos, que comoveu a escritora
Na foto também a Vereadora da Cultura/Vice Presidente da Câmara
Municipal de Sesimbra, o poeta moçambicano Jorge Viegas e
a poeta-declamadora de poesia Elsa de Noronha, filha
do grande poeta moçambicano Rui de Noronha.
 Após a apresentação solene seguiu-se um pequeno vídeo sobre o lindo país que é Moçambique, onde foram apresentados vários locais, floricultura, instrumentos da cultura do país que constam no seu livro.

Para finalizar, seguiu-se uma tertúlia, onde os vários convidados declamaram poemas da sua autoria e não só, inclusive houve momentos musicais à capela... De poetas portugueses e moçambicanos. Uma magnifica tarde de cultura e ficou prometido aos poetas a sua passagem pelo nosso programa NA MAGIA DA NOITE.

Veja as fotos do evento no facebook NA MAGIA DA NOITE .

Na Magia da Noite ~ Onde o coração bate mais forte

Artigo O Romance "Mãe Preta"... publicado por Na Magia da Noite * sábado, 24 de março de 2012. Obrigado pela sua visita e gostávamos saber a sua opinião sobre este artigo. 1comentários:

sábado, 10 de outubro de 2015

CONSTRUA UMA CASA DE AMOR E SERÁ SEMPRE FELIZ DENTRO DELA, por Celeste Cortez

CONSTRUA UMA CASA DE AMOR E SERÁ SEMPRE FELIZ DENTRO DELA, por Celeste Cortez , 10/11 de Outubro de 2015. 

A um amigo - que ainda não conheci pessoalmente porque mora a 11 mil quilómetros de distância. Vamos chamar-lhe Pedro, por exemplo. 
.
Esse amigo, casado há três anos, tirou uma foto com a sua linda esposa, mãe da filhinha de ambos.

Estas as palavras que escreveu a apresentar a foto, no facebook:  


Nome destas flores em Portugal: "Amores Perfeitos"

"Depois de alguns feriados consecutivos juro que não tenho aquilo que compra flores, mas, fica a intenção nesta reliquia. Obrigado pelos dias que me tens dado, e pelos presentes impares. Deus te dê longa vida rainha! Feliz dia!"

A minha resposta à postagem do meu amigo no facebook: :


"É desta poesia que o amor precisa. Benditos os que sabem dizê-la com o coração. Muitas felicidades para o vosso romance, que ele dure toda a vossa vida. 
Não esqueçam que uma flor que nasceu espontânea do chão serve para substituir as flores que se compram. Para ambos envio um raminho de "amores perfeitos".

AMORES PERFEITOS, que na verdade não abundam, quiça talvez nem os haja. Refiro-me aos verdadeiros amores, aos casos especiais de amores perfeitos, em que ambos são sempre felizes. 
Refiro-me ao amor entre duas pessoas, quer sejam casados ou não".  




Não me quis referir às flores, que em Portugal 

também se chamam "AMORES PERFEITOS".


Delas vou deixar fotos nesta página.





Aos meus leitores, leitores deste blog ou do facebook,  que têm uma mulher a seu lado, saibam conquistá-a e amá-la, com palavras tão doces e sentidas quanto as do meu amigo Pedro. E lembrem-se que nem só os arranjosflorais das floristas têm valor para uma mulher. Uma flor que brotou do chão espontâneamente, terá um valor imenso, se for oferecida com muito carinho. 













sexta-feira, 18 de setembro de 2015

POETA - MÁRIO QUINTANA


– Mário Quintana  (Brasil-Rio Grande do Sul  - Alegrete 1906-Porto Alegre 1994).


ORAÇÃO
Dai-me a alegria
Do poema de cada dia.
E que ao longo do caminho
Às almas eu distribua
Minha porção de poesia
Sem que ela diminua...
Poesia tanta e tão minha
Que por uma eucaristia
Possa eu fazê-la sua
"Eis minha carne e meu sangue!"
A minha carne e meu sangue
Em toda a ardente impureza
Deste humano coração...
Mas, á Coração Divino,
Deixai-me dar de meu vinho,
Deixai-me dar de meu pão!
Que mal faz uma canção?
Basta que tenha beleza...

           A melhor definição para Mario Quintana, foi feita por ele mesmo:  “Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro — o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu… Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. 
Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo — que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras”. 

                                                          oo OO oo

          Gosta da poesia de Mário Quintana? Deixe um comentário no espaço reservado.

sábado, 12 de setembro de 2015

EU ME CONFESSO - ARTIGO II

EU ME CONFESSO -  Escrever um livro: 

Continuação do artigo I 

Como ia dizendo, desde sempre escrevi os meus romances no computador, ou melhor, há uma exceção: O meu primeiro romance, que se perdeu na minha saída de Moçambique em 1975, não tinha ainda computador, escrevi-o durante quinze dias em que viajei de autocarro numa excursão entre Portugal/Espanha/França/Portugal. Continuei-o, nessa altura sim com caneta, em Moçambique. Como nunca pensei em publicar, também nunca o acabei definitivamente. Havia capítulos que precisavam ter o seu desfecho, outros que precisavam ser revistos. Não era porém um romance em embrião. Era mais do que isso, já um romance delineado e meio escrito.
           Nunca me habituei a 100% aos computadores pequeninos, vulgarmente chamados "lap-top", ou seja, o pequeno computador de colo. 
          


          Sempre gostei de ler e de estudar. Escrevi em jovem alguns artigos e alguma poesia, mas tinha receio e falta de confiança no meu trabalho. E nem sequer possuo uma revista sequer, de tantas que editei como DIRECTORA DA REVISTA PARA JOVENS DO SEXO FEMININO - "JUVENTUDE". Hoje tenho pena, sei que seria agradável ler e, talvez publicar, o que escrevi. 

Voltarei em breve para contar a história da minha vida de escritora. Volte também.
Peço desculpa de não ter conseguido retirar o sublinhado e as mudanças de letra, mas tenho problemas no sistema informático. 










          
NOBEL DA PAZ
A poesia é isto: sentimento, musicalidade, profundidade.

Só algum poeta privilegiado poderá dizer que todos os dias, sempre que quer, aparecem as palavras e faz o poema... provavelmente não está a dizer a verdade.  Mas poderá, isso sim, guardar as palavras que poderão fazer um poema... e ir acrescentando, juntar a outras palavras. E o poema fica feito.

Não precisa rimar, poesia não é isso. É certo que se formos pensar nos sonetos, (século XIII), há que rimar. Mas a poesia, o poema, não tem de rimar forçosamente e muito menos forçadamente.

A história de Fanny Owen - Um trágico triângulo amoroso

Na Vila Alice viveu-se uma história romântica com um fim infeliz, concretamente um triângulo amoroso entre Fanny Owen, José Augusto Magalhães e o famoso escritor Camilo Castelo Branco.
Decorria o ano de 1849 e o dia era 7 de Junho, vésperas da famosa romaria do Senhor da Pedra, em Miramar. Esta foi uma data memorável para Camilo e José Augusto Magalhães, já que foi neste dia que se restabeleceu a sua amizade. Durante um passeio a cavalo, passaram em frente da casa onde habitava o coronel escocês Hugo Owen. Este casou com D. Maria Rita, em 1820, com quem tivera 2 filhos e duas filhas, Hugo, Henrique, Fanny e Maria Rita.
Depois de alguns encontros em bailes entre os dois amigos e as duas irmãs Owen, José Augusto fica apaixonado pelas duas. O seu coração inicialmente pende mais por Maria, mas depois de um último encontro ficou sem saber qual delas mais amava, daí que, em 1870, decide ir morar para Vilar do Paraíso, passando a visitar as irmãs Owen em sua casa, a “Vila Alice”.

 Camilo segue as pisadas do seu amigo e, em 1851, vai também morar para Vilar do Paraíso. Aluga então uma casa vizinha de José Augusto, onde vai viver cerca de 1 mês. Aqui, ele dedicou-se a escrever sobre as pessoas e as paisagens de Vilar do Paraíso. Camilo terá, provavelmente, alugado casa em Vilar do Paraíso não só para acompanhar o amigo, mas também porque também ele sentia algo pelas irmãs, e daí que ambos visitavam a casa das Owen frequentemente.
José Augusto ficou, entretanto, noivo de Maria, mas o seu coração começara a pender mais para Fanny, o que também aconteceu com Camilo.
Camilo começou, depois de chegar, a escrever cartas inocentes a Fanny, o que perturbou José Augusto. Quando Fanny começa a responder às cartas e poemas de Camilo Castelo Branco, José Augusto reage violentamente, ameaçando, ainda que indirectamente, Camilo, que se muda quase de imediato de volta para o Porto.
Fanny, por altura dos seus 22 anos, deixou de resistir ao charme e à obsessão amorosa de José Augusto, relação que tinha a oposição da família. Esta oposição vai fazer com que na noite de 11 de Julho de 1853, Fanny fuja com José Augusto, com destino à Quinta de Soeime. O escândalo instalou-se em casa dos Owen. Chegou a falar-se que iam marchar tropas para a Quinta do Lodeiro, por onde o casal foragido havia passado. Nessa altura, são lançados boatos de que um espanhol, de nome Fuentes, possuía cartas da jovem Fanny quando já era cortejada por José Augusto.
O ciúme e a obsessão de José Augusto transformam este “rapto” num drama, que acabará com a morte de ambos no ano de 1854.
Fanny e José augusto casam-se a 5 de Setembro de 1853, por procuração (equivalente a registo civil hoje em dia).
José Augusto e Fanny, em "Francisca"(1981, M. de Oliveira)
O Dr. Joaquim José Ferreira, médico assistente de Fanny, afirmou que Fanny morreria virgem, o que levou a pensar que José Augusto nunca foi nem um bom amante nem um bom marido. Uma razão que explique este comportamento é o estado psíquico anormal de José Augusto. Este sofreria ainda de ciúmes, já que estava convencido que Fanny havia estado com outro homem antes dele.
 Camilo foi apontado por muitos como o principal catalisador do infortúnio que se abateu sobre o casal, já que alegadamente foi o escritor que fez vir a lume e chegar às mãos de José Augusto as cartas que Francisca supostamente terá escrito ao espanhol.

Baseado na Monografia "S.Pedro de Vilar do Paraíso". 
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