MUANA (homenagem às macaiais de Moçambique:
(crianças que tomavam conta de criancinhas) de Moçambique,
Poema de Celeste Cortez
Muana,
pretinha,
de cabelo carapinha,
o menino branco vais embalar
com ele brincando,
praticando de mamã,
praticando de mamã,
teu amor vais dar
Muana
de olhinhos risonhos,
de bata e avental
levando pela mão,
menino loirinho,
para passear
Cuidado muana:
o menino não se pode sujar
Muana
que cresces sem juventude passar
o corpo ondulas ao vento
pensando na aldeia
num batuque ao luar,
histórias inventas para ao menino contar:
Vês, menino,
a lua, seus olhos olhando pr’a nós?
se tu fazes maldades, ela chora,
e as lágrimas caem em cima de nós
O menino esfrega apressado,
as mãos no seu fatinho,
que se quer imaculado
Muana
limpa de repente,
não vá nódoa deixar para alguém notar
por que muana quer ser a melhor das mães
e menino branco continuar a embalar e a amar
Muana
o menino branco embalaste
praticando de mamã
teu amor foste dar
o corpo ondulas ao vento
sem pensar em batuques
nem em noites de luar
pensando na aldeia
nos filhos que hás-de criar.
1º.Prémio de Poesia 2010 – da Actis - Universidade
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