terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CONFISSÃO DE UM ESCRIBA

foto da net
Confissão de um escriba
por Carlos brandão de Almeida

Uma vez um amigo perguntou-me porque é que eu escrevia.
Confesso que, de pronto, não lhe soube dar a resposta. Ainda hoje me interrogo sobre qual será a motivação que me leva a gostar de alinhavar textos. Por interesse material? Não, não é! Por necessidade de afirmação social? Para quê, respondo com uma pergunta. Por cisma das escritas? Talvez, quem sabe?
É uma dúvida que permanece insolúvel e que, devo dizer, não me preocupa sobremaneira.
Gosto, pronto!
Aprofundemos um pouco: o acto de escrever é uma acção solitária de enorme isolamento. E, em mim, tal como julgo com os outros criadores, provoca sempre um incómodo tormento inicial. É o já conhecido drama da folha imaculadamente branca que, provocadoramente, desafia o criativo – manipule este a caneta ou o pincel – a violá-la!
Será então que a motivação deriva do confronto? Do desafio que se enfrenta? Da vontade de vencer, de ultrapassar as dificuldades de um trabalho criativo? Porque não?
Pode parecer um tanto pacóvia esta comparação, mas eu assemelho-a a um espirro!..
Primeiro advém a irritação na pituitária, depois o corpo prepara a reacção que surge de seguida, rápida e impetuosa.
Com a escrita passa-se o mesmo: primeiro aporta a ideia, o tema. Depois arquitecta-se a construção do texto e, por fim, expressa-se a mensagem, ou seja, age-se determinantemente.
Escrever, para mim, resulta então de um impulso imperativo que visa, objectivamente, a partilha do pensamento entre o emissor e os seus receptores (leitores).
Concluído o trabalho sucede-se a fase mais agradável da tarefa, ou seja, o burilar do texto, a sua correcção e, enfim, o seu alindamento.
Parido o rebento, divulgado o recém-nascido resta auscultar a opinião crítica.
Sendo favorável, satisfaz-nos o ego.
Sendo adversa incumbe-nos, com humildade, examinar as apreciações e colher delas os ensinamentos devidos.
As prosas que, despreocupadamente, alinhavo, são escritas ao correr da pena, ou seja, despretensiosamente, sem extremos cuidados de construção, ou melhor ainda, ao ritmo da fluidez da mente e dos sentimentos.
Se aos leitores entretiverem um pouco e se constituírem motivo de alguma reflexão já este modesto escriba se dará por compensado.

de Carlos Brandão de Almeida

domingo, 27 de janeiro de 2013

saúde pela natureza - O SAL

SAÚDE PELA NATUREZA -
Benefícios de banhos e escalda pé com sal grosso:Fisiológicos- Ajuda a desintoxicar o corpo e afastar os vírus.
- Estimula a circulação natural para a melhoria da saúde.
- Ajuda a aliviar o pé do atleta, calos e calosidades.
- Relaxa a tensão, dores musculares e nas articulações.
- Ajuda a aliviar artrite e reumatismo.
- Ajuda a aliviar a dor lombar crônica


Benefícios estéticos:
- Tira as impurezas da pele.
- Alivia irritações da pele como psoríase / eczema.
- Alivia comichão, ardor e picadas.
- Suaviza e amacia a pele.
- Incentiva a pele se renovar.
- Ajuda a curar as cicatrizes.
- Restaura o equilíbrio a umidade da pele

Ocupacional
- Alivia o cansaço, os pés doloridos e os músculos da perna.
- Alivia a tensão nas mãos e punhos·
- Ajuda a aliviar lesões no desporto Psico-física ·
- Proporciona um relaxamento profundo.
- Ajuda a aliviar o stresse e tensão.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MARTIN LUTHER KING JR.


Martin Luther King , Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político dos Estados Unidos da América. Um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Ele foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".
Publicado com a devida vénia da Wikipédia.

Celebra-se hoje nos Estados Unidos da América, o dia de MARTIN LUTHER KING JUNIOR. NÃO É DE ESTRANHAR QUE SE CELEBRE NO DIA DE HOJE 21 DE JANEIRO, QUANDO AFINAL MR. MARTIN NASCEU A 15 DE JANEIRO, DEVEMOS TER EM CONTA QUE NOS E.U.AMÉRICA TODOS OS DIAS A COMEMORAR QUE CALHEM EM QUALQUER DIA DA SEMANA, PASSAM AUTOMATICAMENTE PARA A SEGUNDA-FEIRA SEGUINTE (excepto alguns feriados como o 4th.July e o Thanksgiving.)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Indecisões na escrita, são tantas, tantas!

AS INDECISÕES DE QUEM ESCREVE, OU AS MINHAS INDECISÕES NA ESCRITA?

Este romance não me sai das mãos! É certo que o meu tempo também é pouco, há outros problemas na vida, coisas a fazer! São as minhas desculpas. Voltando às indecisões na escrita:  Leio um capítulo do livro e sinto-me feliz. Logo a seguir penso: mas será que isto não devia ser escrito no discurso indirecto, afinal a heroína está a contar a sua vida passada… Emendo. Volto a ler: mas não estaria melhor quando ela contava isto no presente? E isto repete-se em todos os capítulos. Depois pergunto-me mais uma vez: será que não escrevi demais sobre a vida dos personagens e se torna cansativo? O final não foi acabado demasiado de repente? Não estarão repetidos demasiadas vezes os nomes dos personagens principais? 
Têm sido tantas, tantas, tantas as interrogações, as indecisões, até as modificações, que já nem sei o que fazer. E parece-me que isto fez com que me desinteressasse, mas, mesmo assim, habituei-me a passar noites no computador por causa da escrita e agora continuo a perder as noites no computador, a ler emails e a responder a emails de pessoas que conheci virtualmente por causa da minha escrita,  pessoas que elogiam a minha escrita e que também me contam as suas vidas (às vezes penso – e algumas têm-me dito - que me contam para eu escrever as suas histórias. Apesar de serem dramáticas, (pensamos num romance como uma história mais dramática do que cómica, não é?)  nunca me tentei, ou não saberia fazê-lo. Nunca me debrucei sobre isso. São pessoas que precisam de alguém que as ouça e eu continuo a ouvi-las… e a deixar de acabar o romance. É por uma boa causa. Continuem a contactar-me, estarei sempre disponível. E quanto à escrita? Ficará para um dia destes.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CELEBRAÇÃO - MAIS DE 500 ARTIGOS PUBLICADOS

Celebração - mais de 500 artigos publicados neste blogue desde o seu início:
Foto que anda pelo facebook
A par da entrada de 25.000 visitantes desde l5 de Julho de 2011 até 16-01-2013, hoje estamos a celebrar a publicação de mais de 500 (quinhentos) artigos que foram publicados neste blogue desde o seu início.


Foram todos escritos a pensar em si, leitora/leitor visitante.
 
Visite-nos.

Ler é alimento para o cérebro. 


Se copiar, quer seja a totalidade ou parte, não poderá esquecer os direitos de autor, deverá enunciar o nome da autora CELESTE CORTEZ, de PORTUGAL.TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.



O SORRISO QUE PERDI

NESTE MOMENTO este blogue acaba de ultrapassar os 25.000 visitantes. Em tão pouco tempo, é obra. Devo-o a vós leitores e leitoras, a todos os visitantes, de quase todo o mundo. Para vós, em vez de palavras, aqui fica um poema meu do livro "L. de E.". Este poema está em vídeo com fotos. Ficou muito bonito. Publicarei quando alcançar os 26.000 visitantes. É muito tempo? Não É. Visite este blogue todos os dias... e vai ver que o dia chegará depressa. 


O SORRISO QUE PERDI  De: Celeste Cortez   
                                   Aquele sorriso de outrora,
                                  de criança feliz
                               De jovem cheia de esperança
                                  lutando por um mundo melhor 
                                  Sorriso de filha abençoada
                                  De mãe adorada
                                  De esposa muito amada
                                  De avó idolatrada

                                  Se alguém o tivesse achado
                                  E se tivesse servido
                               Desse meu grande sorriso?    
      
                                  -  Sentir-me-ia feliz.
                                 Mas será que foi encontrado?
                                 E estará bem aproveitado?

                                 - Desespero na incerteza …

                                 Eis que vislumbro um sorriso
                                 Naquela mãe que se aproxima
                                 Com uma criança no regaço
                                 Outra pendurada no seu braço

                                 - Não, não é aquele o sorriso que perdi.

                                - Onde estará?      

                                À porta de uma pobre casa
                                Uma mãe dá o peito ao pequenino
                                C’ um sorriso doce nos lábios
                             e um olhar quase divino

                                Será este o sorriso que perdi?
                                Mas quando olhámos de frente
                                A esperança desvaneceu-se de repente.

                                - Onde estará o meu sorriso?

                                Ah! Está ali! está ali!
                                Naquela mãe que sorri
                                Mesmo quando o mundo desaba para si

                                - Ainda não, não é aquele o sorriso que perdi

                                Procurei, procurei
                                E desesperei   

                               Mas eis alguém que passa e me pergunta:
                               Onde é a rua da Felicidade,  numero tal?
                               E eu,  que até sabia
                               Com o seu sorriso me distraía
                               Achando-o parecido ao que perdi…
                                … … … Quase igual.

                            Onde estará o sorriso que perdi?
                            Estará além?... Além…

                               No solar dos meus antepassados
                               Procurei em vão o sorriso,  
                               Pedras toscas, silvas nos valados
                               Foi a resposta que recebi
                               Triste retrocedi
Onde estará o meu sorriso?

Olho ao espelho  de manhã 
não reflete um sorriso  
parece dizer-me ao ouvido:
Procura-o dentro de ti,
… … … dentro de ti.
 
Olhando para dentro de mim   
Sorri. Sorri de contente
Tinha encontrado o sorriso que perdi.

                                VAMOS SEMPRE SORRIR.

                              AUTORA: Celeste Cortez (Portugal)  Direitos de autor 

                              PODE SER COPIADO, SE ENUNCIADO O NOME DA AUTORA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.                          
                                Sorri. Sorri de contente
                                Tinha encontrado o sorriso que perdi.  

                              

 
                              

 

 

 

 

HOJE É DIA DE RECORDAR

HOJE É DIA DE RECORDAR....
Celeste Augusta Cortez-Silvestre Portela e Victor Leão Portela,
quando casaram em 1947 e partiram para África (Moçambique-Beira), onde ele vivia
desde o seu tempo de tropa
As pessoas partem para outra dimensão. Às vezes partem sem se despedirem de nós de uma maneira notória, mas vão-nos dando ao longo dos seus últimos tempos na terra uns sinais, dizendo umas frases, deixando uns beijinhos mais profundos, que nos deveria levar a imaginar que a sua partida está próxima.
Deixam sempre saudades. E para matarmos saudades devemos falar nelas. Recordá-las. Principalmente recordá-las no dia do seu aniversário natalício - alguns passámos juntos - e no dia do aniversário da partida.
Isso faço hoje, 16-01-2013. faria 89 anos a Celeste Augusta Cortez Silvestre Portela, minha prima por nascimento, minha madrinha de batismo por escolha de meus pais e sua aceitação, e que, com grande gratidão minha, veio a ser minha cunhada, porque irmã de meu marido.
Quantas vezes por graça - (só agora me apercebo que era tímida mas sempre fui alegre), eu dizia:
Irra, não posso dizer mal da família, pertenço à mesma família Cortez mais do que uma vez, até mais do que duas. Minha avó materna tinha o sobrenome Cortez, através de seu pai. Se o nome tivesse continuidade como deveria, eu em solteira teria o sobrenome Cortez. Meu marido achava graça. Ainda digo isto e ele continua a achar piada. Deus queira que eu o diga durante muitos e muitos anos mais e que ele não deixe de se rir para mim, a concordar.
Celeste Augusta Cortez Silvestre, era a rapariga mais bonita de Carregal do Sal. Toda a gente gabava a sua beleza, interior e exterior. Eu não o sabia, não poderia ter gabado naquela altura, porque nasci muitos anos depois dela. Mas, madrinha (como sempre lhe chamei), aqui fica a minha saudade.
Ass.)Celeste Almeida de Campos Cortez Silvestre 
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PÁTRIA É SÓ A LÍNGUA EM QUE ME DIGO


RUI KNOPFLI  (Inhambane-Moçambique 1932 - Lisboa-Portugal 1997)  

 PÁTRIA É SÓ A LÍNGUA EM QUE ME DIGO


Um caminho de areia solta conduzindo a parte nenhuma. As árvores chamavam-se casuarina, eucalipto, chanfuta. Plácidos os rios também tinham nomes por que era costume designá-los. Tal como as aves que sobrevoavam rente o matagal e a floresta rumo ao azul ou ao verde mais denso e misterioso, habitado por deuses e duendes de uma mitologia que não vem nos tomos e tratados que a tais coisas é costume consagrar-se. Depois, com valados, elevações e planuras, e mais rios entrecortando a savana, e árvores e caminhos, aldeias, vilas e cidades com homens dentro, a paisagem estendia-se a perder de vista até ao capricho de uma linha imaginária. A isso chamávamos pátria.  
Por vezes, de algum recesso obscuro, erguia-se um canto bárbaro e dolente, o cristal súbito de uma gargalhada, um soluço indizível, a lasciva surdina de corpos enlaçados. Ou tambores de paz simulando guerra. Esta não se terá feito anunciar por tal forma
remota e convencional. Mas o sangue adubou a terra, estremeceu o coração das árvores e, meus irmãos, meus inimigos morriam. Uma só e várias línguas eram faladas e a isso, por estranho que pareça, também chamávamos pátria.
De quatro paredes restaram as pedras. Com as folhas de zinco e a madeira ferida dos travejamento perfaziam uma casa. Partes de um corpo desmembrado, dispersas ao acaso, vento e silêncio as atravessam e nelas não dura a memória
que em mim, residual, subsiste. Sobre escombros deveria, talvez, chorar pátria e infância, os mortos que lhe precederam a morte, o primeiro e o derradeiro amor. Quatro paredes tombadas ao acaso e isso bastou para que, no que era só mundo, todo o mundo entrasse e o polígono demarcado, conservando embora a original configuração, fosse percorrido por um arrepio estrangeiro, uma premonição de gelos e inverno. Algo lhe alterara imperceptivelmente o perfil, minado por secreta, pertinaz enfermidade.
Semelhante a qualquer outro, o lugar volvia meta e ponto de partida, conceitos que, como a linha imaginária, circunscrevem, mas de todo eludem, o essencial. Ladeado de sombras e árvores, o caminho de areia, que se dizia conduzir a parte alguma, abria para o mundo. A experiência reduz, porém, a segunda à primeira das asserções: pelo mundo se alcança parte nenhuma; se restringe ficção e paisagem ao exíguo mas essencial: legado de palavras, pátria é só a língua em que me digo.

Rui Knopfli.

 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Poemas de Isabel Martins

TEMOS UMA NOVA COLABORADORA NESTE BLOGUE: A ISABEL MARTINS, que nos enviou alguns poemas que iremos publicando. Aqui fica o nosso agradecimento à Isabel.

NA AREIA...
(foto da net)

Espalhados na areia
parecem mortos, parados,
nova vida vão tomando
com as ondas reanimados.

Pedaços de pau, madeira,
desafiam a imaginação,
com tanta e diversa abundância
ao largo do paredão.

As cadeiras resgatadas
ao mar, ali plantadas,
em acto de confissão,
uma toda derrotada,
na areia derrubada,
sem esperança, solução.

A outra, cambaleante,
mas ainda em equilíbrio,
aparente esta esperança
da vida no desafio.

E os passos na areia marcados,
recusam o desistir,
e se afastam com vontade
de com a ajuda resistir.

Ajuda de quem não deixa
o ânimo esmorecer,
com a sua enorme crença
nas pessoas, no viver,

apesar de em si mesmo
tanto ter que ultrapassar,
e escrever, “o futuro é para a frente,
não se pode olhar p´ra trás”.

E solidário levanta
o tronco na areia batido
num arremesso de vida
que merece ser vivido.

E na areia o mar vomita
botas, plásticos usados,
ou perdidos nesta vida
em actos desesperados.



(foto da net)

E são latas, e pneus,                              
e bóias, cabides enfim,
o que o mar forte rejeita
p´ra se purificar do ruim.

Mas envia coisas lindas
como troncos meio caídos
que com uma mão de artista
ressuscitam dos perdidos.

E bambus como navios
novos mares a explorar,                                   
fiquem as velas nos mastros,
e corações a animar.

E a cadeira resistente,
que apesar da maré,
e das marteladas das ondas,
ainda está de pé...

E milagre desta vida,
as cadeiras abatidas,
novamente levantadas,
enfrentam marés e ventos,
unidas, ressuscitadas.

E os passos paralelos
novo dia renovando
na esperança de vida
horas mortas vão matando.
 
E a poesia surge
espontânea, por acréscimo,
qualquer coisa que explode
no mundo das letras submerso.

E permanece a poesia
como ponte entre os dois,
sustentando o dia a dia
em sentimentos iguais.

Isabel Martins 2012-12-21

sábado, 12 de janeiro de 2013

CULTURA E MENTIRAS, por Mia Couto

VER POESIA... NA PÁGINA DE POESIA, NESTE BLOGUE.
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Transcrevo com a devida vénia do JORNAL DO AUTARCA, DE MOÇAMBIQUE PUBLICADO NO DIA 30 DE OUTUBRO DE 2012.
 
Cultura e Mentiras" por Mia Couto
"Grave é fazer uso de uma cultura de falsa identidade do tipo nós africanos somos assim para credenciar a dominação histórica de um determinado grupo ou para justificar o injustificável"
"Grave é fazer uso de uma cultura de falsa identidade do tipo nós africanos somos assim para credenciar a dominação histórica de um determinado grupo ou para justificar o injustificável".
Leio hoje que um terço da população swazi vive numa condição de fome e completamente dependente da ajuda alimentar de emergência. Enquanto isso, chegam notícias que o Rei da Swazilândia gasta milhões de dólares na aquisição de um avião particular e na compra de moradias de luxo para as suas dezenas de esposas.
A justificação usada é que a opulência e ostentação dos chefes africanos é uma questão «cultural». A cultura é, com frequência, usada como lixívia para lavar imoralidades e uma forma de colocar como «estranha e estrangeira» preocupações de mudança. O argumento é este: quem critica o Rei da Swazilândia está culturalmente alienado dos valores «africanos». Invoca-se a tradição «africana» para justificar práticas eticamente inaceitáveis na África dos nossos dias.

Na realidade essa tradição é invocada de forma truncada, esquecendo-se duas coisas: a primeira é que a tradição também sugere outras obrigações (hoje convenientemente esquecidas) e, a segunda, é que essa tradição é, em grande parte, uma construção feita e refeita ao longo do tempo. Persiste uma confusão deliberada entre cultura e tradição. A cultura é um grande saco, tão grande que pode lá caber tudo. É muitas vezes um expediente que pode ser usado para sancionar o intolerável. Eu vejo, por exemplo, que se criou entre nós uma desculpa comum para justificar a falta de pontualidade. Não é só entre nós mas em todo o continente. Dizermos chegar atrasado é uma «questão cultural». Mais grave ainda: imputamos essa falta de pontualidade àquilo que uns designam de «cultura africana».
 
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

SAUDADES DURAM PARA SEMPRE


Hoje, dia 10-01-2013 - Quinta-feira - Minha Mãe teria feito anos. Nasceu em 1917, faleceu no dia 2-01-1981, antes de ter completado 64 anos. Já se passaram 22 anos, mas a saudade continua. Recordo-a praticamente todos os dias. Sei que só poderá estar num bom lugar, porque o seu coração era maior do que ela. 
No dia do seu funeral consegui, apesar de estar a 11.000 milhas de distância, apanhar um avião e vir a Portugal dizer-lhe o último adeus nesta terra. E como foi difícil chegar a tempo das despedidas. Meu marido depois de ter ido comigo ao aeroporto de Joanesburgo, esqueceu-se de telefonar ao irmão em Lisboa. Quando se lembrou estava o avião quase a aterrar em Lisboa. Meu cunhado embora me tenha ido buscar ao aeroporto, deu-me a notícia de que seria impossível com o carro velhote que tinha, ir levar-me a Coimbra, onde minha mãe estivera internada no Hospital da Universidade. Levou-me a casa de uma irmã e sobrinho que viviam em Caxias para que eles me levassem no seu carro. Infelizmente eles tinham ido para Caldas da Raínha e, naquele tempo sem telemóveis, todos incontatáveis.
TÁXI, disse eu. Não, não há transportes. Há greves nos transportes em todo o Portugal. Fiquei pensativa. Então eu tinha vindo de tão longe, numa viagem triste, tinha conseguido viajar naquele avião à custa de pedidos por uma razão tão especial como acompanhar minha mãe à sua última morada e, ainda estar ao lado de meu irmão mais novo, e teria de aceitar ficar por estas paragens próximas de Lisboa por falta de transporte para Coimbra que não era assim tão longe, não mais de 230 quilómetros?  Não era possível, não poderia acreditar.
E como sempre contei com os Anjos. E eles nunca me faltaram quando mais precisei: Vi a virar a esquina, na nossa direcção, um táxi. 
Saí quase a correr do carro de meu cunhado e ele a dizer-me: hoje, em dia de greve de transportes, os táxis não podem aceitar passageiros. Simplesmente não trabalham. . Ele não pode furar a greve.
O táxi parou. Muito educadamente informou-me que não podia levar-me, enquanto eu lhe transmitia o meu pedido.
- Sim minha senhora, se vier ao meu lado, vou levá-la. Não posso, nem devia fazê-lo porque "estamos" em greve, mas o seu motivo é importante, vou levá-la a Coimbra.   
E assim na viagem, soube que até era conhecido da minha cunhada e do meu sobrinho que tinham ido a Caldas da Raínha. Como o mundo é pequeno.
Cheguei no momento exato, em que as pessoas se estavam a dirigir aos seus carros. Um senhor muito amável ajudou-me a entrar para o carro de meu irmão, mas, por estranho que pareça ficou ao meu lado, a dizer-me que continuasse a recordar a minha mãe com os seus lindos olhos azuis, com a sua pele tão linda, porque ele... uns anos antes tinha ido ver o seu filho que morrera de meningite e estava tão deformado, que ele acabou num hospital psiquiátrico por bastante tempo. O senhor teria razão. Prometi.
Muito antes de entrar em Carregal do Sal filas de pessoas ao lado da estrada, vestidas de preto. Eram pessoas de Pinheiro, da terra onde nasci e onde nascera minha mãe, que depois se incorporaram no cortejo do funeral. E pessoas de Alvarelhos, de Travanca de S.Tomé, de Papízios, do Sobral, de Cabanas de Viriato, de Nelas, de Oliveira do Conde, de Carregal do Sal e não só. 
Não poderia esquecer que deveria lembrá-la com os seus lindos olhos azuis, com a sua pele macia e rosada. Eu tinha prometido.
Mas não sabia que Deus manda Anjos para nos beijarem. Um doente mental deu-me o melhor beijo que eu poderia desejar naquele momento. Eu não sabia, mas ele foi-me dizendo, apesar de mal o compreender: Sua mãe era muito boa, eu não tinha onde dormir e sem ninguém saber ia dormir à palheira da Lage. Um dia encontrei lá um colchão, um travesseiro e cobertores. Foi quando ela soube que eu ia dormir lá.

Com uma mãe assim, eu não poderia chorar.
Hoje no Céu, ela teve um bolo especial enfeitado com beijinhos que lhe mandei. Estava lindo!

domingo, 6 de janeiro de 2013

AQUI NA TERRA CHORA-SE DE SAUDADE


AQUI NA TERRA CHORA-SE DE SAUDADE



 Aqui na terra chora-se de saudade os que partiram. Teremos sempre saudades deles por mais anos que passem. Quantas vezes com palavras ditas das mais diversas formas, conversamos com esses entes queridos que um dia partiram.
 Hoje não poderia deixar de conversar com o meu pai que me deixou depois do seu regresso de África, para onde embarcou em 1947. E sem se despedir de mim, nem de nenhum dos filhos que ele tanto amava, partiu em Novembro de 1973 numa viagem sem retorno .     
Papá, hoje dia 6 de Janeiro, dia de Reis, dia do seu aniversário, era habito um grupo de jovens e outros menos jovens, incluindo-se a si, a mim, ao Tó e aos Padres da Rádio Pax da Beira, irmos cantar os Reis a casa do Governador, do Bispo da Beira, de pessoas da  Acção Católica e acabarmos antes da meia noite na sua casa,  onde a mamã nos recebia com a mesa repleta de todas as iguarias  possíveis, incluindo uma canjinha para aquecer o coração como ela dizia, celebrando o seu aniversário com bolo rei , licor, vinho do Porto, whisky e as tradicionais cantigas de parabéns ao aniversariante.  
 Hoje,  como sempre me ocorreu,  em cada dia que passou, recordo os seus olhos límpidos e serenos, a paz da sua voz que nunca se exaltou, a fé inabalável mesmo quando à sua volta tudo parecia desmoronar, o seu ensinamento do bem sem precisar de palavras, o seu espírito tolerante e generoso.   
Que melhor exemplo me poderia dar enquanto fui jovem, do que levar-me consigo à prisão a visitar os que ali estavam, levando-lhes uns simples biscoitos feito pela mamã que lhes oferecia com amor mas sem alardes?
Hoje recordei-o das duas vezes que o vi chorar: A primeira quando num temporal nocturno, mal acordado descendo as escadas até à cave da casa que habitávamos, só encontrou pedaços do violino que tinha comprado na sua juventude. A outra, quando foi à caixa do correio e encontrou um telegrama a anunciar que tinha falecido o seu pai. Porque pai, é isso, o espelho onde a criança se vê crescer. Esse espelho tinha desaparecido para si. Também desapareceu o meu espelho, há mais de trinta e nove anos. E quando nos desaparece alguma coisa muito importante, aqui na terra chora-se.
Se por ser adulto é feio chorar, vou pedir a Deus para voltar a ser pequena durante um bocadinho, porque agora, neste momento, quero chorar o pai que perdi. E se por ser adulto é feio rir alto, vou pedir a Deus para voltar a ser pequena porque hoje quero rir muito papá, a contar-lhe histórias interessantes da minha vida. Depois voltarei a crescer, para prosseguir com rectidão, com honestidade, com justiça os caminhos que me ensinou a trilhar.  
Bem haja papá. Sei que aí no Céu terá um banquete com bolo-rei e estarão presentes as pessoas que amava, os que partiram antes e os que partiram depois, como a mamã e o nosso Fernando meu querido irmão, a sua querida nora Lourdes, as suas irmãs, cunhadas e cunhados. Um dia, também eu estarei convosco. Até lá chorarei de saudade algumas vezes. Porque aqui na terra chora-se de saudade.


Bolo Rei (foto da net)
E já me ia esquecendo: a mesa está posta para o grupo do costume. Que eles tragam a garganta afinadinha para connosco lhe cantarem os parabéns. O nosso grupo é grandinho: Eu, o Tó e as nossas filhas, genros e netos, o Nelson, filhos e neto. O tio António e a tia Lurdes e aquela grande quantidade de primos que o papá sabe. 

PARABÉNS A VOCE,            

Tudo isto, papá, ao seu retrato pertence:


Carácter, sentido do dever, simplicidade,

Amor ao próximo, bondade, humildade,
Lealdade, inteligência, honestidade

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

LUSÍADAS

CANTO I - ESTROFES 6 A 8 - Camões dedica a sua obra ao Rei D. Sebastião louvando-o pelo que ele representa para a independência de Portugal e para dilatação do cristianismo. Louva-o pela ilustre e cristã ascendência.  

   Estância (ou estrofe) 6
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
ESTROFE 7 
Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou.
ESTROFE 8 
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro,
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando dece o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio:










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