CECILIA MEIRELES – Rio de Janeiro 7-11-1901 – Rio Janeiro 9-11-1964
De nacionalidade brasileira, filha de portugueses oriundos dos Açores. O pai faleceu 3 meses antes de ela nascer. Perdeu a mãe antes dos seus 3 anos de idade, foi criada pela avó materna, açoriana de Fajã de Cima, Ilha de S.Miguel.
Foi professora primária, como sua mãe. Demonstra um amor especial pelas crianças (criou a 1ª. Biblioteca infantil em 1934.
Foi mãe de 3 filhas. Os seus primeiros trabalhos foram crónicas sobre o ensino. Activista para as mudanças no sistema educacional.
Pertenceu a um grupo espiritualista. Depois de professora primária foi professora de literatura Luso-Brasileira e Técnica/Crítica Literárias da Universidade do Distrito Federal.
Em 1935 morre o marido Fernando Correia Dias (suicídio), na companhia de quem veio a Portugal.
Em 1938 recebe o prémio da Academia Brasileira de Letras, pelo seu livro VIAGEM.
Em 1940, segundo casamento com o professor Heitor Grillo, lecciona nesse ano na Universidade do Texas. Mais tarde viaja pela Europa e América Latina divulgando a cultura.
Morre em 1964, 2 dias depois depois do seu 63º.Aniversário.
Em 1965 foi-lhe oferecido a título póstumo o prémio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra.
A sua obra é vasta e muito importante.
A poesia lírica ceciliana é marcada por momentos de forte dúvida metafísica.
Cecília Meireles suavemente chama-nos a atenção para a morte, ela que desde cedo conviveu com ela. (Morte do pai antes de nascer, morte da mãe antes de ter 3 anos.
Nos seus poemas Cecília Meireles presta vassalagem ao que é belo: artes, seres humanos, insectos (leia-se "Elegia a uma borboleta", flores, plantas. Aborda a humanidade, a vida e a morte, (esta sem rudeza), a fugacidade.
Emigrantes – Cecília Meireles
Esperemos
o embarque, irmão.
Chegamos sem esperança, só com relíquias de séculos na palma da mão.
Pela terra
endurecida,
não há campo que se aproveite. Mesmo os rios vão morrendo pela solidão.
Não sofras
por teres vindo.
Alguém nos mandou de longe para ver como ficava um rosto humano banhado de desilusão.
Olhemos
esses desertos
onde é impossível deixar-se mesmo o coração.
Ah,
guardemos nossos olhos
duráveis como as estrelas e seguramente secos como as pedras do chão.
Iremos a
outros lugares,
onde talvez haja tempo, misericórdia, viventes, amor, ocasião. Esperemos, esperemos.
Relógios
além das nuvens
moem as horas e as lágrimas para a salvação.
Cecília
Meireles
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