"MORNA" é o nome que designa, ao mesmo tempo, a dança e as canções típicas de Cabo Verde. Ritmo do baile, palavras e música das canções, são coisas inseparáveis. Não se trata, com efeito, duma dança acompanhada de palavras como qualquer outra. O facto do povo de Cabo Verde dançar a morna cantando (repare-se que não se trata duma dança de roda), indica, claramente, que, para ele, gestos, letra e melodia são formas indistintas do mesmo ritmo interior. Nunca, com efeito, a alma de um povo encontrou, tão perfeitamente, a sua expressão, numa única manifestação de arte. Cabo Verde não tem, de facto, mesmo em estado rudimentar, artes plásticas e decorativas que caracterizem a sua gente. Quanto à literatura e à música, todas as suas manifestações peculiares tomam a mesma forma. Pode afirmar-se, portanto, que a morna resume em si todos os sentimentos e condensa todas as aspirações artísticas dos cabo-verdianos." (*)
O iniciador da letra e música das Mornas, foi EUGÉNIO TAVARES.
EUGÉNIO TAVARES 1890-1930
Eugénio Tavares foi a figura cimeira da vida cultural, política e
social de Cabo Verde. Durante essas 3 décadas, ele dominou em todas as áreas a
cultura do seu povo tendo sido o seu maior interprete até aos nosso dias. A sua
vastissíma obra vai da poesia à música, da retórica à ficção, passando pelos
ensaios. , O poeta Corsino Fortes, poeta e antigo embaixador de Cabo Verde em
Portugal, a quem tive a honra de conhecer pessoalmente e com ele falar,
oferecendo-lhe o meu romance O Meu Pecado, em 28-01-2008, quando fui convidada
pelo IPL para o II Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, intitula
EUGÉNIO TAVARES de "Camões de Cabo Verde".
Eugénio Tavares dedicou-se à Poesia, Mornas em Letra e Música, Prosa e Jornalismo. Descendente de europeus, foi dos primeiros a proclamar que as gentes do arquipélago tinham direito a uma cultura diferenciada a uma expressão idiomática distinta, a uma identidade própria.
Eugénio Tavares dedicou-se à Poesia, Mornas em Letra e Música, Prosa e Jornalismo. Descendente de europeus, foi dos primeiros a proclamar que as gentes do arquipélago tinham direito a uma cultura diferenciada a uma expressão idiomática distinta, a uma identidade própria.
(*) José Osório de Oliveira* José Osório de Oliveira, intelectual português que viveu em Cabo Verde ao
tempo de Eugénio Tavares. Em vida, Eugénio entregou-lhe o manuscrito das "
Cantigas Crioulas" que, após a morte do Poeta, mandou publicar. O volume
foi publicado em Lisboa, na Livraria Rodrigues, em 1932.
MORNA – A voz da Alma Cabo-verdiana na Língua Crioula
Publico abaixo uma Morna: CANÇÃO
DO MAR (também conhecido por MAR ETERNO) (que cantámos no grupo Polifónico da
Actis-Universidade T.I.de Sintra) há dois ou três anos.
Canção ao Mar - Mar Eterno
Oh mar eterno sem fundo sem fim
Oh mar das túrbidas vagas oh! Mar
De ti e das bocas do mundo a mim
Só me vem dores e pragas, oh mar
Oh mar eterno sem fundo sem fim
Oh mar das túrbidas vagas oh! Mar
De ti e das bocas do mundo a mim
Só me vem dores e pragas, oh mar
Que mal te fiz oh mar, oh mar
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar
Quebrando as ondas tuas
De encontro às rochas nuas
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar
Quebrando as ondas tuas
De encontro às rochas nuas
Suspende a zanga um momento e escuta
A voz do meu sofrimento na luta
Que o amor ascende em meu peito desfeito
De tanto amar e penar, oh mar
A voz do meu sofrimento na luta
Que o amor ascende em meu peito desfeito
De tanto amar e penar, oh mar
Que até parece oh mar, oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas mágoas
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas mágoas
Dá-me notícias do meu amor
Que um dia os ventos do céu, oh dor
Os seus abraços furiosos, levaram
Os seus sorrisos invejosos roubaram
Que um dia os ventos do céu, oh dor
Os seus abraços furiosos, levaram
Os seus sorrisos invejosos roubaram
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi, oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura
Não mais o vi, oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura
Roubaste-me a luz querida do amor
E me deixaste sem vida no horror
Oh alma da tempestade amansa
E me deixaste sem vida no horror
Oh alma da tempestade amansa
Não me leves a saudade e a esperança
Que esta saudade é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe
Suavíssima e cruel
Nas mágoas desta aflição que agita
Meu infeliz coração, bendita!
Bendita seja a esperança que ainda
Lá me promete a bonança tão linda
Eugénio Tavares (Cabo Verde)
Que esta saudade é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe
Suavíssima e cruel
Nas mágoas desta aflição que agita
Meu infeliz coração, bendita!
Bendita seja a esperança que ainda
Lá me promete a bonança tão linda
Eugénio Tavares (Cabo Verde)
A morna e anterior a Eugenio.Parte das melodias foi composta pelo musico Jose Medina que tambem musicou muitos outros ompositores da Brava.Eugenio elevou a lirica das letras ao seu ponto mais sublime,isso sim
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