segunda-feira, 18 de junho de 2012

Passagem do conhecimento - Internet

PASSAGEM DO CONHECIMENTO:

          É dever de todos passar o conhecimento. Disseminar, difundir. Transmitir para bem de quem lê. Mas passar o conhecimento não é o mesmo que copiar um poema ou um texto e, sabendo que o seu autor ou autora não o publicou oficialmente, vá de se chamar "nosso". Não se põe, não se menciona o nome do autor/da autora. Isso é copiar, copiar sem vergonha fazendo de contas que é nosso. Isso é puro plagiato que pode ser levado a tribunal.
O que seria de Luis de Camões, de Fernando Pessoa, de tantos outros autores, se na sua época tivesse havido internet! Seriam copiados por pessoas sem vergonha e não se conheceria hoje a sua vasta obra. Pensemos no nosso Fernando Pessoa que deixou o "seu espólio literário" numa mala de viagem - porque em vida, em português, só publicou "Mensagem".
          Sabemos que de autores consagrados não é tão fácil passar para o público um poema ou um texto sem nome, porque, se a primeira pessoa que o lê não reconhece o verdadeiro autor, outra virá que saberá a quem pertence. Os poemas com o passar do tempo, tornaram-se famosos. Os escritos dos autores famosos tornaram-se conhecidos. E ainda bem.
          Mas o que dizer dos autores mais jovens, das pessoas anónimas que escrevem e quando publicam num blogue, num email, no facebook, quando o trabalho sai a público, há quem copie sem ter o pudor de colocar o nome do verdadeiro autor?  E pior ainda, lhe chame seu? Isto acontece praticamente todos os dias no facebook. Pessoas que copiam páginas inteiras - até de autores famosos, estrangeiros, traduzidos - mas não dizem a quem pertence. Se não reconhecemos o texto, rendemos homenagem aos pseudo-autores, aplaudindo-os. E eles aceitam os aplausos, possivelmente ficam de camarote a ver bater-lhes palmas.  
Se essa pessoa fosse, por exemplo, um pintor, gostaria de ser copiado e que esse trabalho fosse apresentado a público por alguém que não referisse o seu nome? Se fosse um ferreiro que fizesse uma obra em ferro ou bronze, que publicasse uma foto dela, mais tarde alguém copiasse a foto e dissesse que a obra era sua? 
          Não tenhamos a pretensão de mostrar que todos sabemos de tudo. Não há ninguém que saiba de tudo. Há quem tenha habilidade para desenhar. Há quem goste de passar a ferro, de fazer lindos naperons, de fazer mil e uma coisa que outros não sabem nem se preocupam em apender. Quem tem muita vontade de fazer poesia mas só consegue fazer poeminhas, não pode ter a presunção de se comparar ao Nathan de Castro (Brasileiro da nossa época), a um Alves de Castro ("navios negreiros"). Não podemos ser todos Florbela Espanca, Fernanda de Castro, Vinicius de Morais,  Shakespeare, Cervantes, Guerra Junqueiro, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Urbano Tavares Rodrigues, Fernando Tavares Rodrigues ou José Saramago. Só eles são eles próprios. Seria impossível sermos todos escritores, poetas, pintores ferreiros ou farmaceuticos. O mundo ficaria descompensado, precisamos de padeiros, músicos, professores, motoristas, pintores e todas as profissões possíveis. Só assim o mundo ficará equilibrado.

Celeste Cortez autora dos romances "O Meu Pecado" e "Mãe Preta" 18-06-2012.  

     
        

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