segunda-feira, 27 de abril de 2020

VAI ACABAR O CONFINAMENTO!



VAI ACABAR O CONFINAMENTO!

Vai acabar o confinamento. Devemos alegrar-nos, mas não  devemos bater palmas. Bater palmas é não pensar nas consequências de uma nova pandemia, quem sabe se ainda este ano ou no próximo.  Nada voltará ao que era antes, embora nos tentem dizer que sim e o já próximo mês de Maio será o nosso pior, porque temos de nos ir reabituando a uma nova forma de vida. Há muitas regras que devemos respeitar – e muitos dos cidadãos, se não as respeitaram agora, não as respeitarão após o levantamento do confinamento, ou seja, no próximo dia 1 de Maio.
Se temos receio de voltar ao contacto social, o que se vai passar, por exemplo, com as empregadas domésticas que trabalham em casa de pessoas, principalmente se essas pessoas forem maiores de 65 anos de idade,ou seja grupos de risco?
Sabemos que, normalmente,  as empregadas domésticas, emigrantes em geral, não têm o  seu próprio meio de transporte. Para irem para os locais de trabalho terão de utilizar, não só um mas por vezes mais do que um meio de transporte, como por exemplo apanhando o autocarro próximo de suas casas até à estação do comboio e, depois o comboio até à estação mais próxima da casa dos seus patrões.
Também sabemos que há a obrigatoriedade de usar mascara para entrar num transporte publico, mas não sabemos se, logo que saem deste transporte e antes de apanharem outro, continuam ou não com a mascara, porque a pressa é inimiga da prudência. Ninguém pode assegurar se essa empregada doméstica, com a pressa ou por descuido, se integra em pequenos grupos de pessoas e, se alguém desse grupo está infectado ou se é portador/transmissor do virus.
 Acresce ainda que ninguém pode assegurar se a empregada que trabalha na sua casa paga à hora  ou ao dia, trabalhando em diversas casas durante a semana, estará, em alguma delas em contacto com uma pessoa que tenha ou seja portadora do virus porque a empregada, precisa de ganhar para se sustentar, e não irá denunciar a situação.   
Não há dúvida que este virus veio transtornar a vida de todos nós. E não sei como se poderão evitar certos contactos sociais, principalmente o atrás referido,.  Todos os direitos podem ser limitados em função das circunstâncias é certo, mas, empregada que se despede é fragilizar a sua situação financeira, mas pelo contrário, também o empregador fica a ter de exercer funções a que não estava habituado, e que, talvez pela sua idade e até por algumas limitações de saúde, tenha dificuldade ou impossibilidade de fazer.  ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~  
Celeste Cortez (autora de romances, poesia e literatura infantojuvenil).


MONDAY MURAL - Jacqueline





Mural by Jacqueline de Montaigne.


MURAIS DAS EMPENAS DOS EDIFÍCIOS DO BAIRRO DA TORRE, EM CASCAIS:

Como pintando em tela, Jacqueline de Montaigne fez um artístico mural numa das empenas de um prédio do Bairro da Torre,  aquele bairro problemático dos anos sessenta (dizem os que sabem) e hoje, graças ao esforço de jovens cheios de vontade, energia e querer, tornou-se num bairro igual a todos os bairros de Cascais. Da união dos jovens saiu a força que motivou a mudança. 

Os murais foram todos bem escolhidos pelos artistas e, para a História do Bairro, muitas das caras (faces/perfis) dos painéis são de pessoas que ali vivem.
Os jovens que fazem parte do Grupo "SOMOS CASCAIS", estão de parabéns. Estes murais, no total de 23, são visitados por imensas pessoas, sendo guiadas por um jovem do grupo, desde que pedida a visita.

Jacqueline é uma jovem pintora nascida em 1980 e residente em Lisboa. Fez exposições individuais a partir dos 14 anos de idade e recebeu um convite para um curto estágio em Londres no estúdio da grande artista portuguesa, que em Cascais tem um Museu com o seu nome PAULA REGO,  aos 19 anos de idade. 

Os murais de Jacqueline espalharam-se  rapidamente por Portugal e os convites chegaram rapidamente de Espanha, Brasil e EUA em 2019. Jacqueline Montaigne será curadora de intervenções de arte pública em 2019-2020 chamando a atenção sobre a saúde mental e direitos das mulheres.



MURALS ON BUILDINGS OF BAIRRO DA TORRE, IN CASCAIS: As if painting on canvas, Jacqueline de Montaigne made an artistic mural in one of the sides of a building in Bairro da Torre, that problematic neighborhood of the sixties (say those who know) and today, thanks to the effort of young people full of will and energ , became a neighborhood equal to all neighborhoods in Cascais. The strength that motivated change came from the union of young people. The murals were all well chosen by the artists and, for the history of the neighborhood, many of the faces on the murals are of people who live there. The young people who are part of the "SOMOS CASCAIS" Group are to be congratulated. These murals, totaling 23, are visited by lots of people, and guided visits can be requested from a young man from the group. Jacqueline is a young painter born in 1980 and resident in Lisbon. She has participated in solo exhibitions from the age of 14 and at the age of 19, received an invitation for a short internship in London at the studio of the great Portuguese artist, (who in Cascais has a Museum with her name) PAULA REGO. Jacqueline's murals spread quickly across Portugal and invitations have quickly arrived from Spain, Brazil and the USA in 2019. Jacqueline Montaigne will be curator of public art interventions in 2019-2020 calling attention to women's mental health and women's rights.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

COMENTÁRIOS A LIVROS

COMENTÁRIOS A LIVROS:

O comentário seguinte, veio do Brasil, de um professor universitário: 

Celeste, Li já MÃE PRETA. Estou terminando de ler O MEU PECADO. Gostei imenso de ambos (do segundo, até onde cheguei). O vocabulário, muito bem explicado no glossário, enche de colorido local o seu texto: agradaria a Machado de Assis e sua cobrança pela “cor local”... A trama e o drama da protagonista são tocantes.
O que mais me chama a atenção é a fluidez de sua ficção, a linguagem leve e transparente não deixa de construir o entrecho denso e multifacetado – como no caso da discussão filosófica da “diferença”, no questionário a que é submetida a protagonista, no trecho que você destaca (páginas 267 a 270) – a delicadeza da visão de Lina é mais que tocante. Pena é que o gênero humano tenha seguido trilha de diminuição de valores como esta sensibilidade.

Já a sajjjj    jJ´  já JáJJá a saga do protagonista de O MEU PECADO é contagiante. Aliás, sua ficção prende pela delicadeza e franqueza. Os duelos verbais não fazem sombra na verdade das palavras que brotam da boca das personagens que você cria.
Penso que a literatura guarda uma herança irrecorrível que muita gente, infelizmente, teima em querer execrar: a escrita. Esse mérito, entre todos os demais, seus romances têm. 
Numa palavra: gostei. Ainda que minha opinião pessoal seja apenas mais uma – e, confesso, com o passar do tempo tenho ficado mais chato, o quê, de certa forma, me faz sentir-me como um dinossauro, portanto, muito longe do que poderia ser uma “unanimidade” – e valha muito pouco, não perco oportunidade de expressá-la, quanto mais quando é para tecer elogios mais que merecidos. 
Obrigado por sua confiança, delicadeza e amizade. Já no aguardo de mais um volume, deixo meus cumprimentos.
José Luiz

A autora agradece, desejando as maiores felicidades para o amigo que é escritor e poeta, um homem da cultura do país irmão Brasil. 
google   Adicionar legenda
Foto de António Cortez-Silvestre, oferecida à autora, que agradece e assim teve a possibilidade de, na imagem,  deixar palavras de agradecimento. A foto está publicada pelo seu autor no site "Olhares"., não podendo ser copiada sem autorização do mesmo, de igual modo o pensamento da autora, acima descrito.

https://celestecortez.blogspot.com/2020/04/comentarios-livros.html


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sexta-feira, 3 de abril de 2020

A AMIZADE - texto de Carlos Brandão de Almeida


A amizade

                                               A amizade é uma pitada de doçura sobre as amarguras da vida.
                                                                                                                                                            Stendhal

Q
uando eu pairava pelos despreocupados anos da adolescência tinha, entre outros labéus,  a pecha da intolerância. Para mim, o ditado popular cá se fazem, cá se pagam e outros aforismos afins, constituíam máximas sagradas.
Com tão intransigente temperamento fui perdendo amigos e a custo criava novas afeições.
Uma vez, lá para as bandas do Oeste, fui com um casal amigo a uma feira típica regional. Por qualquer comezinha discordância com um feirante, assumi uma despropositada atitude conflitual, a ponto de brigarmos os dois. Os meus amigos não se encontravam comigo nessa altura, não tendo assistido à altercação.
Os tabefes infligidos pelo corpulento vendedor marcaram-me como se um ferrete incandescente me tivesse crestado a face. Foi a humilhação máxima para o meu espezinhado orgulho.
Quando os meus amigos regressaram apressei-me a relatar-lhes a desgraceira em que me tinha envolvido. Revoltado, logo ali jurei que iria acionar uma acção judicial contra o sinistro feirante. Naturalmente, pedi-lhes que testemunhassem a agressão da avantesma. Retorquiram que não tinham presenciado a ocorrência. Repliquei que, andando eles comigo, bastava confirmarem o despropositado ataque do feirante. Embora com ar pesaroso (mas cheios de razão, digo eu agora) os meus amigos recusaram-se a prestar falsos testemunhos.
Reagi indignado, manifestando o meu profundo desagrado com aquela recusa desamistosa. E, acto contínuo, cortei relações com eles. Perdiam-se, em minutos, anos de prezarosa amizade que remontava já aos tempos da infância.
Passado algum tempo, recebi a visita dum primo do meu amigo que era também das minhas relações. Inconformado com o nosso afastamento, o Fernando, homem franco e sensato, pretendia sanear o incidente e restabelecer a amizade interrompida entre os seus amigos.
O seu verbo assisado e generoso elegia frequentemente a amizade como o maior atributo detido pelo género humano. O homem não pode viver só, isolado do mundo. Precisa imperativamente de amigos para formar a sociedade. E, não pode ser um extemporâneo episódio menos feliz a macular essa relação. Nós não somos perfeitos. Os nossos amigos também não. Aqui entra a compreensão e a tolerância para ultrapassar uma discórdia.
E, a propósito, contou-me uma história de dois amigos que também pelejaram. Rezava assim:
Dois amigos, o Jamil e o Salim, caminhavam pelo deserto. Talvez devido à fadiga, em dada altura começaram a discutir por um motivo fútil. Jamil, então, exaltou-se e deu uma bofetada no Salim.
Ferido na sua dignidade, mas sem proferir palavra, Salim sentou-se e escreveu na areia:
O meu melhor amigo deu-me hoje uma bofetada.
Continuaram a viagem até que encontraram um refrescante oásis. Exaustos, decidiram tomar banho. O lago era, porém, demasiado fundo e o Salim não sabia nadar. Perdeu o pé e começou a esbracejar de aflição. Jamil acorreu, de pronto, e salvou o amigo de morrer afogado.
Salim, depois de recomposto, sentou-se numa pedra e escreveu numa laje:
O meu melhor amigo salvou-me hoje a vida.
Jamil, observava, curioso, o trabalho do seu amigo e perguntou-lhe:
- Quando te dei uma bofetada escreveste uma frase na areia e, agora, que te socorri, escreveste-a numa pedra. Porquê?
Salim, compenetrado, respondeu-lhe:
- Quando alguém nos molesta, devemos escrevê-lo na areia para que os ventos do perdão possam fazer desvanecer a nossa mágoa.
Mas, quando alguém nos faz bem, devemos gravá-lo na pedra para que nenhum vento possa dissipar essa pródiga atitude.
Graças à generosidade do amigo Fernando reaprendi a viver com os outros. E passei a ser mais feliz.
Claro que daí a dias já me sentenciava perante os meus amigos do Oeste.                                                                                         
Carlos Brandão de Almeida
2020-04-02

Até sempre, Pedro Barroso!

MARTIGUES-Memórias e Homenagem aos amigos Joelle e Jacques





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