VAI ACABAR O CONFINAMENTO!
Vai acabar o confinamento.
Devemos alegrar-nos, mas não devemos
bater palmas. Bater palmas é não pensar nas consequências de uma nova pandemia,
quem sabe se ainda este ano ou no próximo.
Nada voltará ao que era antes, embora nos tentem dizer que sim e o já
próximo mês de Maio será o nosso pior, porque temos de nos ir reabituando a uma
nova forma de vida. Há muitas regras que devemos respeitar – e muitos dos
cidadãos, se não as respeitaram
agora, não as respeitarão após o levantamento do confinamento, ou seja, no
próximo dia 1 de Maio.
Se temos receio de voltar
ao contacto social, o que se vai passar, por exemplo, com as empregadas
domésticas que trabalham em casa de pessoas, principalmente se essas pessoas
forem maiores de 65 anos de idade,ou seja grupos de risco?
Sabemos
que, normalmente, as empregadas
domésticas, emigrantes em geral, não têm o seu próprio meio de transporte. Para irem para
os locais de trabalho terão de utilizar, não só um mas por vezes mais do que um
meio de transporte, como por exemplo apanhando o autocarro próximo de suas
casas até à estação do comboio e, depois o comboio até à estação mais próxima
da casa dos seus patrões.
Também sabemos que há a
obrigatoriedade de usar mascara para entrar num transporte publico, mas não
sabemos se, logo que saem deste transporte e antes de apanharem outro,
continuam ou não com a mascara, porque a pressa é inimiga da prudência. Ninguém
pode assegurar se essa empregada doméstica, com a pressa ou por descuido, se
integra em pequenos grupos de pessoas e, se alguém desse grupo está infectado
ou se é portador/transmissor do virus.
Acresce ainda que ninguém pode assegurar se a
empregada que trabalha na sua casa paga à hora ou ao dia, trabalhando em diversas casas
durante a semana, estará, em alguma delas em contacto com uma pessoa que tenha
ou seja portadora do virus porque a empregada, precisa de ganhar para se
sustentar, e não irá denunciar a situação.
Não há dúvida que este
virus veio transtornar a vida de todos nós. E não sei como se poderão evitar
certos contactos sociais, principalmente o atrás referido,. Todos os direitos podem ser limitados em
função das circunstâncias é certo, mas, empregada que se despede é fragilizar a
sua situação financeira, mas pelo contrário, também o empregador fica a ter de
exercer funções a que não estava habituado, e que, talvez pela sua idade e até
por algumas limitações de saúde, tenha dificuldade ou impossibilidade de
fazer. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Celeste Cortez (autora de romances, poesia e
literatura infantojuvenil).