terça-feira, 22 de novembro de 2016

O PÁSSARO QUE POISOU NA NOSSA VARANDA - Calafate ou pardal de Java




Foto de Tó Cortez para este blogue 
O PÁSSARO QUE POISOU NA NOSSA VARANDA
CALAFATE ou PARDAL DE JAVA.

Por: Celeste e Tó Cortez

Num dia destes, precisamente no dia 14 deste mês de Novembro que na Europa é outono, encontramos empoleirado no varão da nossa varanda, um lindo pardal. Foi com muita alegria que pela primeira vez vimos esta espécie que está na foto.
A máquina fotográfica não estava “à mão de semear”, mas ele disse-nos sem palavras que esperaria porque gostava de ser fotografado, desde que isso nos desse prazer. E se dava!  Depois das apresentações, a máquina fez “clic” nas mãos do meu marido. O passarinho gostou e voltou a face para o outro lado, tendo dito sem palavras “e esta posição também vos agrada”?
Ele tinha adivinhado. Qualquer das suas posições encheu a máquina fotográfica de vaidade por o ter fotografado. E nós? Ficámos-lhe imensamente gratos pela oportunidade de o termos conhecido.
Não quis ficar para o almoço, o que nos deixou tristes. Seria um prazer passar algum tempo com ele, mas provavelmente por ter outros afazeres – quem sabe se iria encontrar-se com a sua fêmea ou teria outras incumbências predeterminadas – parecendo sorrir-nos levantou as asas e voando foi-nos dizendo adeus.
Pelo inusitado da situação, fomos à procura na net. Quem hoje não faz isso para se documentar antes de falar? Mas também é preciso algum cuidado porque na internet há verdades, meias verdades e mentiras.
Mas vamos ao nosso pardalito de asas cinzentas, bico e patas vermelhas, que, pelos traços que se assemelham ao que encontramos em diversos lugares da internet, é um  “CALAFATE” ou PARDAL DE JAVA, que pelo seu bico bem vermelho e as suas pernas da mesma cor, era macho.
Como é que se diferencia um pássaro fêmea de um macho? Perguntarão os leitores.
Foto de Tó Cortez para este blogue, leia final da página
Ora, no reino dos humanos de que fazem parte os que nos leem, a mulher costuma ter traços de beleza mais finos do que o homem. Já Jean-Jacques Rousseau dizia que “As mulheres eram a metade mais bela do mundo”. Porém nem sempre é assim no reino animal. Vejam por exemplo nas aves, onde normalmente o macho é mais bonito e canta melhor, como é o caso do nosso pardal de Java.
Perguntámos ao nosso visitante se tinha nascido em Portugal. Disse-nos que sim, já os seus pais e avós são portugueses, mas que os seus antepassados teriam vindo da Indonésia, da China Meridional ou Filipinas.
Quando lhe dissemos que ele era uma ave de extrema beleza, ficou um pouco tímido porque não queria parecer vaidoso, mas por outro lado vimos que gostou do elogio. Toda a gente gosta de elogios sinceros, até os pássaros! Em resposta de agradecimento disse-nos que tanto ele como os da sua espécie eram de grande sociabilidade com outras aves exóticas e com os humanos. Claro que não precisava de nos convencer, com a sua simpatia já nos tinha conquistado e ficaria registado na lista dos nossos amigos para sempre.  
Segundo nos contou, o seu nome tanto poderia ser “Calafate” por os marinheiros que o trouxeram para a Europa no século XIX fazerem o trabalho de calafetagem nos navios, tapando com estopa alcatroadas as suas fendas e, também por eles pássaros, tal como os marinheiros, calafetarem os seus ninhos, que fazem com perfeição, em forma de bola muito bem fechada. Poderiam ser denominados “pássaros de Java” por terem migrado dali.
Referindo-nos aos ninhos, os tais redondos bem calafetados seriam para os pássaros no seu habitat, quem cria pássaros em gaiolas, em viveiros, muda os seus hábitos. Supomos que se sintam infelizes por perderem as suas raízes ambientais. 
Foto da internet de arrozais. 
         Viemos a ter conhecimento de algo que achámos que não deveria acontecer, mas não há bela sem senão, diz-nos um ditado português. É que, se fossemos referir a sua alimentação, teríamos de acrescentar que os grandes bandos de pássaros desta espécie, são responsáveis pela destruição das plantações de arroz, tendo por isso o seu batismo científico sido “Padda oryzivora ou seja “devorador de arroz”. Triste. Estragarem um alimento precioso para os humanos, principalmente para aqueles oriundos precisamente dos mesmos países: chineses, indonésios, filipinos. Mas não precisamos de pensar muito para encontrar a resposta. Se vocês encontrarem uma ideia melhor digam-me, porque não acredito que estas aves sejam injustas e se viguem dos seus irmãos humanos, devorando um cereal necessário à sua manutenção. A resposta que encontramos é esta:   
Infelizmente os pássaros não têm como os humanos um salário semanal ou mensal que os leve a comprar o arroz nos grandes supermercados. Assim abastecem-se nas grandes superfícies de arrozais. Toda a moeda tem duas faces. Mau é terem de devorar arrozais, mas os pássaros têm de se alimentar. Se tivéssemos conhecimento disso, teríamos conversado com o nosso visitante e pelo menos poderíamos ter-lhe oferecido uns quilitos de arroz para se abastecer nos próximos meses de inverno, porque com o vento e chuva que se aproximam, deve ser difícil voar para longe à procura de arrozais. No entanto viemos a saber que os que vivem em cativeiro “coitadinhos”, nas gaiolas, apesar de gostarem de comer, têm uma alimentação mais frugal. E ficamos a pensar se o nosso visitante teria fugido de alguma gaiola!
Diferenças entre o macho e fêmea são, segundo o que lemos:
·       a auréola vermelha à volta do olho é mais extensa e colorida nos machos;
·       o bico dos machos é mais vermelho do que o das fêmeas;  
·       o bico dos machos ocupa uma área mais extensa do que o das fêmeas. Estas têm o bico mais fino… lá está, beleza feminina!
·       A cor habitual do Calafate ou Pardal de Java é o cinza no corpo e a cabeça preta e tem manchas brancas. Mas existem algumas mutações com tons mais escuros ou claros não deixando por isso de ser tão bela ou ainda mais bela talvez.
E como dissemos ao senhor Pardal Calafate ou Pardal de Java, de corpo cinzento, cabeça preta com um penteado onde se encontram manchas brancas, auréola vermelha à volta dos olhos, bico e patas vermelhas, portanto estamos prontos para uma nova visita. Que volte mais vezes.
Volte sempre. Volte sempre. Quem? Perguntarão os leitores.
Ao pardal Calafate ou Pardal de Java, já tínhamos feito o convite e ele prometeu que viria. Este convite é para si leitor, para todos os leitores. Leiam outros artigos do nosso blogue, que tem mais de 100.000 leitores de todas as partes do mundo e quase 1.000 textos. Voltem diariamente. Voltem sempre que queiram.  
Com um abraço, aguardamos no blogue Letras à soltahttp://celestecortez.blogspot.com). E deixe os seus comentários.

 Por favor encontre no texto a razão do ser macho o pardal de Java,  que nos visitou. E dê-nos a sua opinião, sincera, sobre o texto,  com a cortesia e delicadeza que você, leitor, tem e todos gostamos de ouvir. Desde já a minha gratidão pela sua contribuição. Nesta altura, a 20 de setembro de 2024, já tivemos mais de 1.000 visitantes que leram ESTE TEXTO (e milhares que leram muitos e muitos artigos do blogue). No entanto, apenas tivemos 4 comentários para este texto do PÁSSARO QUE POISOU NA NOSSA VARANDA  - Calafate ou pardal de Java. É de ficar triste, não é? Este texto está datado de 22-11-2016. 


 Este artigo e foto podem ser copiados se… mencionado o nome do blogue e da autora: Celeste Cortez (escritora de romances, de poesia, de literatura infantojuvenil).   


4 comentários:

  1. Que belo passarinho, e que sorte o terem apanhado na vossa varanda.

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  2. Gostei muito deste artigo versando tão terno encontro! Causam-nos surpreendente felicidade estas visitas, tão belas e inesperadas que nos sentimos como se até nós tivesse sido trazido um pedacinho de Paraíso.

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  3. Olá Sami,
    Obrigada pelo comentário. Na verdade foi muito interessante, porque não conhecíamos esta espécie e assim tivemos a oportunidade de ir "à procura de conhecimento", o que nos agrada sobremaneira. Abraços.

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  4. Olá Drª. Ilona,

    Foi com muita alegria que a "encontrei" por estas paragens. Espero que tenha gostado do blogue e volte mais vezes. E por que não fazer-se assídua, seguindo-o?
    Abraço com saudade.

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