Gravado no youtube, pelo diseur : Nuno Miguel Henriques
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as
palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as
rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como
ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste
muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
-Olha -
queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o
coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Dei às aves os meus olhos a beber. Vou com as aves. Foto do meu album particular, não copiar sem autorização minha por escrito. |
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a
noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de
nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves.
Análise do poema à mãe de Eugénio de Andrade (esta análise é trabalho particular. Para copiar deve mencionar a autora celestecortez.blogspot.com
- Porque é que traíu?
- O que é que a mãe esqueceu?
- O que é que a mãe esqueceu?
Continua a ser o menino que adormeceu
nos olhos da mãe (pequenino).Dá-se
uma ruptura. Mas continua a amá-la ainda mais porque o seu coração cresceu.
Saíu da moldura, deu às “aves” os olhos a beber.
Saíu da moldura, deu às “aves” os olhos a beber.
O crescimento de um
adolescente implica transformações físicas e psicológicas. Ele, o autor, o "eu lírico" tem disso
consciência. O seu crescimento é observado pelo adulto. Nota-se perfeitamente neste
poema À MÃE - talvez por Eugénio de Andrade a partir dos 10 anos ter ido viver
com a mãe para Lisboa, quando esta deixou o pai.
Aos adolescentes surgem
dúvidas e conflitos, têm de passar por uma adaptação para as novas realidades.
Dá-se uma ruptura entre a infância e a idade adulta.
As rosas brancas significa o romantismo, a pureza.
(Análise para as aulas de interpretação de dizer “Poesia” – 3-12-2012 – CelesteCortez. ______________________________________________________
(Análise para as aulas de interpretação de dizer “Poesia” – 3-12-2012 – CelesteCortez. ______________________________________________________
A seguir, com a ajuda da Wikipédia, publico a biografia do poeta:
EUGÉNIO DE ANDRADE (de seu nome José Fontinhas)
Nasceu em 19-1-1923 - Póvoa de Atalaia (Fundão). Fixou-se em Lisboa aos dez
anos, com a mãe, que entretanto se separara do pai. Faleceu no Porto em
13-06-2005. Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de
Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro
dos quais, intitulado Narciso, publicou três anos mais tarde. Em 1943
mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o
serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.(este ainda vivo actualmente). Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo
durante 35 anos as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço
levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa
que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da
extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
Durante os anos que se seguiram, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários
eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e
estrangeira, como os atrás mencionados e Joel Serrão, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luis Cernuda, Jaime Montestrela, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder,(vivo, foi meu condómino, ainda vive no mesmo prédio)
Joaquim
Manuel Magalhães, João Miguel
Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros. Apesar do seu enorme prestígio
nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da
chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas
raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a
amizade».Recebeu um sem número de distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação
Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). A 8 de Julho de 1982 foi
feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 4 de Fevereiro de 1989 foi agraciado com a
Grã-Cruz da Ordem do Mérito.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarApreciei muito esta análise uma vez que esclareceu todas as nossas dúvidas.
ResponderEliminarComo o senhor referiu acima, nos adolescentes surgem dúvidas.
Obrigada pela compreensão!
Continue o bom trabalho.
Agradecemos.
Até breve.
oh tia angelina! obrigada foi mesmo útil...para a nega! AHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
ResponderEliminarestou a brincar...foi mesmo útil...para o suf menos
ResponderEliminarSe eu soubesse que o estudante Papelote - não é seu nome? Também não sou Angelina!, mas como ia a dizer que eu soubesse que o estudante copia e não tenta fazer por si próprio algum trabalho, até teria escrito algumas folhas referente ao poeta e ao poema de Eugénio de Andrade! Mas o estudo é essencial para se saber, não apenas para ter nota para passar nos testes... Tente o seu melhor e seja sempre grato a quem lhe deu uma ajuda, nem que tenha sido pequena...