segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

POEMA DE NATAL - NATAL DE 1971 - JORGE DE SENA

 

Blog: Letras à solta http://CelesteCortezblogspot.com/

 
1 - NATAL - NATAL DE 1971 - JORGE DE SENA 
        (Lisboa 1919 - Santa Bárbara-Califórnia 1978)

 Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma Justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido.
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se.
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé.
com gente que é traição,
vil ódio, mesquinhez,
e até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm.
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homens
devem estender-se a mão?

Novembro 71, Jorge de Sena. Neste poema NATAL 1971, poema cheio de interrogações, explica claramente e inequivocamente as contradições do que deveria ser o Natal em vez do "mundo todo bombas" em que se vive, em que a humanidade viveu muitas, demasiadas vezes, particularmente neste tempo de guerras Rússia/Ucrânia e Guerra Israel/Palestina. As interrogações, melancolia, inquietações expressas neste poema pelo grande poeta que foi Jorge de Sena, continuam a fazer sentido, a ser as inquietações de todos nós, no presente.

sábado, 11 de novembro de 2023

DIA 11 DE NOVEMBRO, DIA DO ARMISTÍCIO

 

1ª. GUERRA MUNDIAL - As armas silenciaram. Os canhões calaram-se. Fez-se silêncio. Elevemos o nosso pensamento pelos que pereceram naquela guerra e continuam a perecer em todas as guerras da humanidade.

As papoilas que nos recordam dias tristes e o poema que as fez brotar.


     A 11 de novembro de 1918, às 11 horas, assinou-se o acordo de paz entre os Aliados e a Alemanha (esta vencida), num vagão-restaurante na floresta de Compiègne, França, colocando-se oficialmente um ponto final na Primeira Guerra Mundial, iniciada quatro anos antes.

   As armas silenciaram. Os canhões calaram-se. Fez-se silêncio. Elevemos o nosso pensamento, durante 1 minuto – às 11 horas (pela hora de França, onde foi assinado o armistício). Lembremos milhares de homens que morreram em combate e de todos os que morreram por causa daquela maldita guerra. E que acabem todas as guerras. Que todo o mundo viva em paz. 

   PORTUGAL participou da Primeira Guerra auxiliando os batalhões britânicos estacionados na Bélgica e também em África, enviando tropas para combater em Angola e Moçambique (A Alemanha depois da conferência de Berlim (15-11-1894 a 26-02-1895), que marcou a colaboração europeia na partilha e divisão territorial de África,  tinha TANGANICA (vizinho de Moçambique) e NAMÍBIA, vizinho de Angola). Perdeu-as com este acordo (Armistício), da I Guerra Mundial.

AS PAPOILAS QUE NASCERAM NUM CAMPO DE GUERRA NA FLANDRES E O POEMA QUE NASCEU NUMA HORA DE TRISTEZA. AS PAPOILAS FICARAM PARA RECORDAR OS QUE PERDERAM A VIDA.    

EM 3/5/1915 -JOHN Mc CRAE, 1872-1918 - Tenente coronel, na 1ª.Guerra, após o enterro do seu amigo tenente Alexis Helmer, sentou-se no assento da ambulância e em 20 minutos, escreveu as 15 linhas do poema IN THE FIELDS OF FLANDRES, que se tornaria elegia aos milhares de jovens que tombaram nos campos de batalha onde nada crescia à exceção de papoilas vermelhas.

In Flandres fields, by john mc crae.

   In Flanders fields the poppies blow
 Between the crosses, row on row,
    That mark our place; and in the sky
    The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

 

 We are the Dead. Short days ago
We lived,  felt dawn, saw sunset glow,
 Loved and were loved, and now we lie,
 In Flanders fields.

 

Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
    The torch; be yours to hold it high.
    If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies 
       In Flanders fields.

 

NOS CAMPOS DA FLANDRES, tradução livre por Celeste Cortez.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Com a devida vénia, artigo meu que partilho do jornal da ALACIB, Brasil, de que sou académica correspondente.

 

Registrada em 06 de abril de 2009

ALACIB é uma Associação Literária sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais, CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril de 2009.

Diretoria da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira

Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior, Magna das Graças Campos e Anício Chaves

Acadêmica CELESTE CORTEZ
Cadeira nº 08
Classe - Correspondente estrangeira
Lisboa - Portugal


 

Notas Biográficas de Celeste Cortez

Celeste Almeida de Campos Cortez Silvestre, natural de Carregal do Sal, Portugal. Diplomada pelo Instituto E. A. of South Africa. Certificado da WITS, hoje Universidade de Joanesburgo, em curso para adultos.  Foi professora de português na África do Sul, professora de inglês em Portugal. Empresária na África do Sul e em Portugal. Autora de romances e poesia, professora de poesia, saúde pela natureza e estudos africanos. Coordenadora de eventos culturais. Mentora cofundadora e vice presidente da A.G. da USCSAL – Universidade Sénior; Académica e secretária da A.G. da ALA – Academia de Letras e Artes, de Portugal; Académica correspondente da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil. Publicou livro de aldravias - Cântico de Palavras - Blog: http://celestecortez.blogspot.com - Email: celeste.cortez....@.....com 

Quero ser escritora

    De cada vez que leio um livro fico a pensar que seria capaz de escrever assim. E se experimentasse? Peguei na minha caneta nova. O seu bico pontiagudo ficou inerte na folha de papel branco.                  Acreditem, nem sequer se mexeu! Ora se outras pessoas escreviam – algumas escreviam romances de que eu tanto gostava – é porque a caneta delas sabia escrever. Porque não a minha? Olhei para a caneta impaciente e da minha boca saiu uma palavra de comando:
   - Anda, escreve. Mas o bico pontiagudo não se moveu. 

  - Estás com preguiça? Trabalha, começa a escrever, eu quero ser escritora. Ouviste? Escritoraaaaaa…
   - Deves estar a delirar. Para eu me mover é preciso que tu me faças andar.
  - Como quem dá corda a um brinquedo? Como quem dá a mão a uma criança para ela dar os primeiros passos?
  - Isso não sei, nunca fui um bico escritor. Compraste-me ontem, novinha em folha, não nasci ensinada! Nenhuma caneta nasce ensinada.
Estou certa que os escritores compram canetas especiais que têm toda a sabedoria, é só deslizar o seu bico no papel e aparece o livro feito num instante. E se conseguisse falar com um deles para me informar onde comprar essas canetas? Até talvez tenham alguma para vender. 
A minha caneta ouviu. Com ar reprovador e de maus modos respondeu-me:

- Achas que os escritores vendem canetas que escrevem sozinhas? Se isso fosse possível guardavam-na a sete chaves… para escreverem, escreverem, escreverem... Nunca mais paravam de escrever!
- Pois aí está. Comprei-te precisamente na papelaria mais cara da cidade, convencida que tinhas a sabedoria toda, que o teu
bico saberia escrever poesia, romances, livros de contos, livros infantis, livros de ensino, a História Universal, livros para todas as Universidades do Mundo incluindo as Universidades Seniores, livros de histórias aos quadradinhos….
- Quem está a ver aos quadradinhos és tu, respondeu-me com azedume. Se as canetas nas lojas tivessem sido ensinadas a escrever eu também saberia fazê-lo, ou pensas que sou menos que as outras? Já te disse, não há canetas que saibam escrever sozinhas, têm de ter uma mão que as guie no papel.
- Ó que desilusão! E eu a pensar que escreverias por mim um romance, muitos romances, livros de poesia, livros para crianças e outros livros! Que eu só assinaria o meu nome na última página! E claro, publicaria a minha melhor foto na contracapa de cada livro para que toda a gente me conhecesse! Para ser famosa, receber prémios de literatura no meu país e no estrangeiro, por fim receber o prémio Nobel! Já viste onde o meu ego iria parar?
- O teu ego não sei, mas tenho a certeza que serias a pessoa mais vaidosa do mundo. Não delires. Desce à terra.
- Na terra estou eu sua respondona, não preciso de ti para nada nem do teu bico que nem sequer sabe escrever quanto mais imaginar! Esse bico é um pau mandado, precisa de mim para escrever. Baixei a voz: Ela vai ver quem eu sou, lambisgóia de bico afiado!!! 

Depois de dar corda ao bico paspalhão, dei-lhe ordem quase gritada do alto do meu metro e sessenta mal medido. E como me deu prazer! Era eu quem comandava. Ia ser escritora. Uau!
- Escreve o que eu ditar e escreve depressa sua… Ia chamar-lhe um nome forte, mas fiquei-me por um mais suave: Sua, sua caneta de bico desafiado. E baixando o tom: Sua delambida intrometida. 

A caneta olhou para mim de esguelha enquanto colocava o bico pontiagudo no papel e eu, guiando-a, puxava pela minha imaginação. Vá, escreve: “Para se ser escritor, ou melhor escritora, é preciso começar a escrever letras.
- Só letras? perguntou olhando-me de soslaio. Isso é fácil, o alfabeto tem vinte e seis letras. É o abecedário: a, b, c, acrescentou toda ufana, convencida!

- Caluda, sua malcriada, não se interrompe quem está concentrado. Daqui a pouco dou-te um puxão de orelhas, sua atrevida.

- Um puxão de orelhas? Ainda nem reparaste que não tenho orelhas? E quanto a concentração, achas que é precisa para escrever letras? Já te disse que são apenas 26 letras do alfabeto...
- Psiu!! Quando um burro fala o outro baixa as orelhas. Arrependi-me de imediato do que dissera: Queria chamar burra à caneta e acabei por me apelidar de asno, ou asna, sei lá. Que raiva. 

Ouvi rir duma maneira esquisita, da maneira que se riem as canetas parvas. Não valia a pena objetar, caso contrário não finalizaria a escrita. Às vezes é preciso condescender. Coloquei um pouco de mel na voz e pedi à caneta se… “fazia o favor“ de recomeçar a escrever o que eu lhe ditasse. Ela, sorridente, obedeceu. 

Continuei a puxar pelas ideias:
Juntam-se letras que por sua vez formarão palavras, quer dizer que a escrita é uma sucessão de palavras. As palavras farão frases, é como numa dança, uma dança de muitas palavras que enviamos para a mente e esta constrói um enredo. Ser escritora é ter gosto pela escrita, ter imaginação, memórias, visões. São os escritores e as escritoras que levam a caneta a fixar as histórias no papel ou levam os dedos a escrevê-las no teclado. E como podem ser fascinantes! Fascinante é pois o caminho da palavra e da escrita.
Sentia a imaginação a inundar o meu cérebro, as palavras fervilhavam dentro da minha cabeça a fazerem esforço para se ultrapassarem e chegarem primeiro ao papel. Os meus dedos pressionavam com garra a caneta e esta ia escrevendo o que eu queria. Às vezes parecia-me que estava a ficar cansada, mas não me preocupei, escrever era a sua “sina”. 

Continuei feliz dando asas à imaginação: Ser escritora é fazer o tempo andar para trás, andar para a frente ou fazê-lo parar, marcando encontro com personagens e lugares, com o visível e com o invisível. Encontros fictícios ou verdadeiros. As escritoras levarão dias e muitas vezes noites, a construir frases que às vezes mudam de lugar, para de novo as colocar aonde estavam, como uma indecisa jogadora de xadrez. São noites que se encontram com a madrugada. São dedos que se cruzam no teclado, ou canetas que ficam sem tinta e...
- Vais-me deitar fora quando tiver falta de tinta? Ao meu lado ouço a voz sofredora da caneta perguntar-me, com receio de um qualquer dia ir parar ao lixo.
- Não, não quis dizer isso, não só porque tens muita tinta mas porque me afeiçoei a ti, mas por favor não me interrompas, estou no melhor das minhas ideias. Anuiu, sorrindo agradecida. 

Recomecei: São dores musculares que só se sentem quando a escritora se deita, porque com o entusiasmo nem dá por elas. E se dá, não convém que pare. São frustrações de não chegar onde se anseia, de não fazer mais por não ser possível no tempo de que dispõe. São humilhações por as editoras editarem uns e deixarem outros sem resposta. É marcar um encontro com a escrita num determinado lugar e quando chega o lugar estar ocupado, por vezes por alguém que não o merece. A escritora faz uma perspetiva do mundo e pode virá-lo do avesso.
- Virá-lo do avesso, virar o mundo do avesso? Ainda gostava de saber como seria o mundo virado do avesso, minha amiga senhora dona feita escritora.
- Psiu, deixa-me continuar, não me interrompas por favor. Ditando devagar e com voz mais amável continuei: Nem sempre se consegue ser boa escritora, mas o caminho faz-se caminhando. Melhor será se houver engenho e arte, mas já é andar logo que se vão tateando os primeiros passos. É preciso cultivar um salutar desejo de escrever se se quer atingir um ponto mais elevado. Apesar de tudo o que fica escrito e o que ficou por escrever, apesar de todas as frustrações porque passa, a escritora sente-se realizada. Inventa o amor para os seus personagens serem felizes, quantas vezes ansiando por dois braços que sejam berço para se embalar. Inventa dias deslumbrantes e noites inebriantes para esses personagens, imaginando aconchegar-se no colo amado para adormecer. Para eles inventa melancolias, mágoas, aflições, tristezas e chora com eles. Apesar de tudo, a criadora de palavras escritas, de 
frases feitas que conseguem ser lidas e gerar emoções, é feliz. Abriu o seu coração aos amigos e aos desconhecidos a quem chama leitores. Partilhou com quantos foi possível. Como gostaria de partilhar com o mundo todo. Sentir-se-ia mais rica, mais completa.
- Puxa, pára aí, interrompe a minha caneta em bicos de pés para chegar ao meu ouvido como quem segreda uma bela notícia. Para quem não sabia o que dizer… não está… Não digo! Não digo! Não digo! Não quero que te envaideças, os humanos são muito convencidos!!!
O meu coração abriu-se num sorriso feliz. Abraçámo-nos ternamente. Iríamos ser amigas inseparáveis para a vida.


Edição em 06 de fevereiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Análise da obra "Mãe Preta" de Celeste Cortez, pela Professora Dra. Cecy Barbosa Campos, Presidente da Academia Literária de Juiz de Fora

FOTOS - ENTRE O MAR E A SERRA

ENTRE O MAR E A SERRA  
FOTOS DE CELESTE CORTEZ, 
direitos reservados copyright (c) 







 

A FALTA DE PRÁTICA NA LEITURA

 


          Leia, leia muito, só assim será possível compreender e analisar todo o conteúdo que o escritor lhe dedicou. A falta de prática na leitura não ajuda o leitor a compreender profundamente o texto. É como um motorista que após tirar a carta de condução, nunca, mas nunca mais conduziu! É como um atleta de alta competição que deixou de treinar. Como um músico que deixou de tocar. 
          Um bom autor brinda o seu leitor com as suas melhores palavras. Quantas horas passadas a escrever! Tente apreciar. 
          Quando encontrar o seu autor preferido, leia todos os seus livros. Não tem de ser um autor super famoso para ser o melhor, quantas vezes um autor não saiu do anonimato ou não atingiu o lugar a que tem direito na literatura! Sucede. Algumas vezes por não se saber promover, outras por não ter a sorte de encontrar a editora que o levaria a um melhor lugar, que poderia ajudá-lo na promoção dos livros, a divulgar a sua leitura, a apostar na tradução do livro ou dos livros para atingir um público mais vasto, também no estrangeiro. 
          Mas, prezado leitor, se encontrar um livro que lhe agrade muito, não só pela história escrita, mas também pela beleza da linguagem, pela pureza do estilo, não deixe de o contactar, dando-lhe a conhecer a sua apreciação. E, acima de tudo, não deixe de recomendar a leitura desse livro aos seus amigos. Também poderá emprestar o livro, afinal os livros fizeram-se para circular, não é mesmo? 
          Quer comentar, educadamente, como educado você foi por sua família, este artigo da autora do blogue? Por que não comentar  outros artigos que vá lendo aqui? Este blogue foi feito pela autora para partilhar consigo, com todos os que o estão a ler. Volte para ler e reler, pode crer que encontrará muito que lhe agradará. Não copie, copiar é plagiar, não ajudará o seu desenvolvimento, mas inspire-se na leitura, isso não só ajudará a ocupar o tempo, ajudará a viajar sem sair do lugar, aprendendo, aprendendo sempre, porque viajar é isso mesmo, aprender.   
          Desejo-lhe felicidades. 
          A autora, escritora Celeste Cortez (de Portugal)
 

terça-feira, 30 de maio de 2023

VÍDEO - BIBLIOTECA DE SESIMBRA

 VÍDEO - NA BIBLIOTECA DE SESIMBRA, TIVE A HONRA DE APRESENTAR OS ROMANCES

"O MEU PECADO" e "MÃE PRETA". 

Com a presença da então Vereadora da Cultura - Senhora Dra. Felícia Costa e ladeada pelo Poeta Moçambicano meu grande amigo JORGE VIEGAS e pela poeta moçambicana ELSA DE NORONHA, filha do grande poeta que foi RUI DE NORONHA. Uma tarde muito agradável a que se juntaram alguns amigos e ouvintes de todas as idades. 



UM POETA - JORGE VIEGAS


JORGE VIEGAS (Jorge Alberto Viegas) nasceu em Quelimane (Moçambique), em Novembro de 1947.

Jorge Viegas dizendo poesia na ALA. 



Na Biblioteca Municipal de Sesimbra. Dra. Felícia, O Poeta Jorge Viegas, a escritora Celeste Cortez e a declamadora Elsa de Noronha, filha do poeta Ruy de Noronha. (2012). 

Jorge Viegas, um declamador de poesia que tem vindo muitas vezes a participar nas sessões de Música e Poesia organizadas para a ALA – Academia de Letras e Artes de Portugal, pela académica Celeste Cortez.

Também participou como dizedor de poesia, a convite de Celeste Cortez, na Casa do Elétrico da Câmara Municipal de Sintra e em sessões da ACTIS-Universidade Sénior de Sintra.  

Grande poeta e extraordinário declamador. Participou em muitas ANTOLOGIAS e em REVISTAS DE POESIA; É também exímio ator de teatro. Como desporto gosta de pedalar na sua bicicleta, fazendo, por vezes, muitos quilómetros.

                                    -o-o-o-  

·         1966 OS MILAGRES, Livro de Poesia, que publicou em Moçambique, com 19 anos de idade;

·         1982 - O NÚCLEO TENAZ;

 1     1989 - O NOVELO DE CHAMAS; 

·         2014 – DA POESIA? Ou de como se justifica um ponto de interrogação. Livro com centenas de poemas;

É membro honorário e Presidente da Assembleia Geral do CEMD. E Membro da Paz – ajudando na contabilidade e distribuição de refeições para os mais carenciados.

 GRATIDÃO,  Jorge Viegas

Gratidão é dádiva de Deus,
Em tudo dai graças, Paulo dizia,
Pela salvação que vem dos céus,
Graças a Ele ainda que tardia.

O agradecer não humilha, edifica
Nossas vidas que o mal persegue
E nos cerca de tudo que não vivifica,
Enobrece o homem que a Deus segue.

Graças pela doença, graças pela saúde.
Por fracassos para que Deus nos ajude
Até a vitoria final e júbilo que abraças.

Sejamos humildes, sejamos gratos
Pelas bênçãos, e também pelos ingratos,
Por insignificâncias, ... Em tudo dai graças.

                                                          -O-O-O-

 

 

 

 


domingo, 7 de maio de 2023

dia da Mãe 2023 - SAUDADES DE MINHA MÃE

 

SAUDADES DE MINHA MÃE

 

SAUDADE IMENSA,

QUANTAS VEZES COM VONTADE DE GRITAR

ESTA
SAUDADE QUE ME FAZ DOER, DOER,

UMA DOR FUNDA E CAVA

QUE NÃO ACABA,

 

MÃE POR QUE TE FOSTE EMBORA

NUMA VIAGEM SEM FIM?

- TU PARA MIM ERAS ETERNA,

MAS PARTISTE SEM DIZER ADEUS

E DEIXASTE A ETERNA SAUDADE PARA MIM

Celeste Cortez, 7 de Maio de 2023

livro L. de E. (direitos reservados à autora) (copyright c)


ALDRAVIA - DIA DA MÃE 2023

 

sábado, 6 de maio de 2023

A TODAS AS MÃES - CELESTE CORTEZ - 7-5-2023

 


 

1-Rosas.jpgA TODAS AS MÃES – Celeste Cortez, 7-5-2023   

 

A todas as mães que deram à luz,

A todas as mães que amaram sem parto,

A todas as mães que não tiveram filhos,

mas  repartiram o seu amor pelos filhos de alguém.

A todas as mães que criaram os filhos de outras mães

A  todas as mães que perderam  filhos, 

porque embora mais uma estrela brilhe no céu,

como consolar uma Mãe que vê partir o seu filho para a eternidade?

 

Consolai Senhor toda a mãe que chora.

Consolai Senhor as mães que deram à luz filhos que ela desejou perfeitos e a vida as enganou.

Consolai Senhor as mães que choram enroscadas na manta amarfanhada da saudade

 

 Celeste Cortez,, do livro L. de E. - direitos de autor (c). 

 

terça-feira, 18 de abril de 2023

POETA JOAQUIM PESSOA, Barreiro/Portugal 22-2-1948 - 17-4-2023.

 

POETA JOAQUIM PESSOA – Joaquim António Pessoa, natural do Barreiro. 22-2-1948 - 17-4-2023.

Faleceu  o Poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte Joaquim Pessoa, aos 75 anos, vítima de doença prolongada. Joaquim Pessoa tem uma vasta obra literária e recebeu diversos prémios. Conheci-o pessoalmente, achei-o uma pessoa muito educada e simples. O também poeta e jornalista José Jorge Letria, que era próximo de Joaquim Pessoa, destacou a sua extensa obra poética, lembrando que foi autor de letras musicadas e interpretadas por Carlos Mendes, como é o caso da "Amélia dos olhos doces", uma das mais famosas, bem como de "Lisboa, menina e moça", criada em parceria com José Carlos Ary dos Santos e Fernando Tordo. Foi Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, de 1988 a 1994, foi coorganizador em 1983 do I Encontro Peninsular de Poesia. Conta com centenas de recitais da sua poesia. Foi diretor de uma editora, do jornal “Poetas e Trovadores” e colaborador de algumas revistas. Foi cofundador de uma cooperativa artística. Nasceu no Barreiro. Foi dado o seu nome a algumas ruas: na Baixa da Banheira (concelho de Moita) e no Poceirão (Concelho de Palmela). Tem como temáticas mais vincadas Lisboa, o amor, a liberdade e as desigualdades sociais, por isso tem sido apelidado do “poeta do amor” e “poeta do combate”. Os seus poemas foram palavra de muitos sucessos musicais, musicados e cantados, entre outros, por:

  • Carlos do Carmo – “Cantiga de Maio”
  • Carlos Mendes – “Lisboa, meu amor”, “Amélia dos olhos doces”, “Alcácer que vier” e todas as canções dos álbuns “Amor Combate”, “Canções de Ex-Cravo e Malviver” e do álbum infantil “Jardim Jaleco”
  • Clara Ghimel (Brasil) – “Canção de estar em terra”
  • Fernando Tordo – “Assim como quem morre”, “Canto de passagem”, “Tordesilhas”
  • Jorge Palma – “Mar português”
  • José Mário Branco – “Negreiro”
  • Kátia Guerreiro – “Talvez não saibas”
  • Lúcia Moniz – “Canção de Amor do Marinheiro”
  • Manuel Freire – “Gaivota Portuguesa”
  • Nuno Nazareth Fernandes – “Nasceu a primeira mulata”
  • Paco Bandeira – “Meridional”, “Pintores”, “Pedro d’Além”, “Náufrago”
  • Paulo de Carvalho – “Amor sem palavras”, “Onde é que tu moras?”, “Lisboa, menina e moça” (os dois últimos também gravados por Carlos do Carmo)
  • Rui Veloso –”Desconversar” (gravado também por Fernando Pereira)
  • Samuel – “Carta do velho Gil Eanes”, “Canção do convés”
  • Tatiana Pavlova (Rússia) – “Nos olhos de Isa”, “Eu cantaria mesmo que tu não existisses”
  • Tonicha – todas as canções do álbum “Ela por Ela”
  • Tozé Brito – “Canção da alegria”
  • Vitorino Salomé – “O sonho de Colombo”
  • Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho – “Os operários do Natal”, em colaboração com Ary dos Santos.



DIA 17 DE ABRIL DE 2023 - O DIA EM QUE FALECEU UM GRANDE POETA - JOAQUIM PESSOA

 UM POEMA DE JOAQUIM PESSOA, publicado no dia seguinte à sua morte


JOAQUIM ANTÓNIO PESSOA, Barreiro 22-2-1948 - 17-4-2023. 

DIA 61(in’Ano Comum) – DE JOAQUIM PESSOA .


Atravessei o buraco da agulha. Do outro lado, um mundo surpreendente. Nem freguesias, nem distritos, nem países, sequer. Quero dizer, não há nações. E não há discursos, nem propaganda. Os pobres não são pobres, porque não há ricos. Há coragem. E conta muito a opinião dos outros. Ninguém conhece o roubo. Não há polícias, existem apenas pessoas que se respeitam e acreditam. E confiam. E há sempre respostas para as perguntas. Não há necessidade de provedores nem reguladores nem promotores públicos. As fechaduras têm como função evitar que as portas batam e os Bancos têm como função evitar que, pontualmente, as pessoas tenham dificuldades. O trabalho é organizado conforme as aptidões de cada um e o ensino regulado pelos que sabem ensinar. Os salários são justos e suficientes. Assim como os impostos. Os museus estão cheios de visitantes. Ninguém deixa de pagar o que pede emprestado e o governo democraticamente eleito é constituído pelos cidadãos mais competentes em cada área. A sua primeira preocupação é a qualidade de vida dos cidadãos. Há um Ministério do Amor. E um coeso Sindicato de escritores, artistas e músicos. Não se utilizam recibos verdes, nem azuis, nem de qualquer outra cor. Foram extintas as armas, banidas as guerras. Desconhece-se a corrupção e ninguém parece saber o que são as drogas. O mercado é transparente, as acções são de valor firme porque são as imputadas ao valor moral de cada cidadão. A única violência conhecida é a da natureza. E Deus já não é preciso. Fez, bem feito, o que pôde e o que soube, e deixou o restante entregue à capacidade dos homens. Se quiserem atravessar também o buraco da agulha, inscrevam-se. Quem ainda não souber assinar, faça uma cruz. (
Joaquim Pessoa, in "Ano Comum", pág.76, Litexa editora.

          

segunda-feira, 13 de março de 2023

UM POR TODOS, TODOS POR UM - autor: Carlos Brandão de Almeida

 UM POR TODOS, TODOS POR UM 

Saúl, o velho Saúl, era o proprietário duma oficina de automóveis. Os seus amigos alcunharam-no, carinhosamente, de O Filósofo pois o mecânico destacava-se, na conversa com os companheiros, com sentenças assertivas, expondo os seus conhecimentos da vida e dos livros de maneira convincente. 

Saúl tinha um neto de onze anos – o João – que era, como vulgarmente se diz, a luz dos seus olhos. 

Um dia, o João visitou o avô na oficina e, contrariamente à sua proverbial alegria e jovialidade, vinha sorumbático  

O avô, estranhando aquele aspecto do rapaz, perguntou-lhe o que se passava com ele. 

O João, inseguro, fugiu à resposta para não intranquilizar o avô. Este, todavia, insistiu em saber o que é que apoquentava o seu neto. 

Imagens Uniao | Vetores, fotos de arquivo e PSD grátisAté que, dada a persistência do avô, o João acabou por esclarecer: 

- Ó avô, na verdade, eu estou muito revoltado com o treinador do clube por não me ter escolhido para jogar contra os matulões das Águias de Bernes. O avô sabe que eu sou bom jogador por isso não me conformo por ele me ter posto em “apanha bolas”. Acho injusto. Estou mesmo magoado. 

- Sem dúvida que és um bom praticante de futebol. Mas o teu treinador também é um técnico competente e tenho-o na conta de ser um homem justo. Provavelmente, ele considera que para jogar contra os “matulões” há outros jogadores mais adequados. Ele gosta muito de ti, eu sei. Vais ver que para o próximo jogo ele vai-te seleccionar. Também é correcto que sejam dadas oportunidades aos demais, não achas? 

Sabes uma coisa João: todas as tarefas são importantes dentro duma equipa. Se não houver rapazes a apanhar as bolas saídas do campo o jogo demora mais tempo, torna-se enfadonho e os jogadores cansam-se mais. 

E é também assim na vida: todo o trabalho - mais ou menos elaborado é meritório e todo o trabalhador deve ser respeitado. 

Vou-te dar um exemplo, se tiveres paciência para me ouvir. 

- Não estou aqui para outra coisa, avô. E fico muito agradecido por me ensinares. 

- Então, olha para o motor deste carro. Se alguma das peças que o compõem falhar, por mais simples que seja, o motor para e o carro deixa de andar. Entendes João? Lembra-te que se um órgão do corpo humano fracassar a pessoa fica doente. Todos as parcelas do corpo são vitais. 

O jovem fitou demoradamente para o olhar calmo e amoroso do avô, sorriu e agarrou-se à sua cintura. 

 

Esta trivial historieta vem-nos lembrar que, bastas vezes, desvalorizamos o trabalho indiferenciado, tão útil e necessário à comunidade. Preferimos eleger, para o palco da notoriedade, o labor especializado. 

A realidade tem-nos demonstrado, porém que, para que a obra se realize, é fundamental a participação de todos os obreiros, sejam mais, ou menos qualificados. 

Alguém sentenciou lucidamente que não nos devemos preocupar com o que está em cima da mesa, mas sim com o que está à volta dela. Tampouco avaliar uma prenda pelo que ela vale, mas antes pelo que ela representa. 

Não esqueçamos o esforço que alguém despendeu para termos uns sapatos ou um boné, provavelmente poderá ser equivalente ao que outra pessoa fez para possuirmos um telemóvel ou um computador. 

Uma vez recebi uma lição que nunca mais esqueci: dentro de um supermercado dirigi-me a um empregado que arrumava uma prateleira e perguntei-lhe onde é que poderia encontrar o artigo que procurava. A resposta foi respeitosa e exemplar: “Boa tarde, senhor!”. Ali estava uma pessoa e não um “robot”. 

 

              Carlos Brandão de Almeida  

22.01.2022 

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