O lápis do avô
OS terráqueos debatem-se com um problema reconhecidamente insolúvel: por um lado, aspiram a viver o maior tempo possível. Por outro, não querem enfrentar as infalíveis limitações que a velhice acarreta. Nada a fazer, senão aceitá-las e adaptá-las às contingências despontadas. A adaptação requer criatividade para urdir novos objectivos de vida. Exemplos não faltam: frequência de academias seniores, prestação de serviços comunitários, inscrição em agremiações culturais, cívicas ou desportivas. E, para maior deleite: cuidar dos netos quando para essa agradável função forem chamados
“Um menino observa o seu avô escrevendo num caderno e perguntou:
- Avô, o que é que estás a escrever?
- Olha João, estou a escrever um conselho para ti. Gostava que aprendesses esta mensagem.
- Então eu ouvirei com muita atenção. Conte lá avô.
- Queria que percebesses que, mais importante do que as palavras que estou a escrever, é este lápis que estou a usar! Espero que tu sejas como ele, quando cresceres.
O menino olhou para o lápis e, não vendo nele nada de especial, intrigado, comentou:-
Mas, avô, este lápis é igual a todos os que já vi. Afinal, o que tem ele de tão especial?
- Bem, depende do modo como tu o olhas. Há cinco qualidades nele que se conseguires vivê-las, serás uma pessoa de bem e um cidadão exemplar.
- Mas, um simples lápis tem assim tantos talentos?
- Tem sim, olha a primeira qualidade é a de, com um simples lápis, podermos executar obras grandiosas. No entanto, nunca te esqueças de que existe sempre uma mão que guia os seus passos e que sem ela o lápis pouca utilidade tinha: a mão do homem e, para os crentes, a mão de Deus.
A segunda virtude: o lápis regenera-se de vez em quando após ter sido afiado. O afiador agride-o e ele sofre um pouco mas, depois, torna-se mais útil. Se nós aprendermos a suportar as adversidades da vida, tornamo-nos numa melhor e mais forte pessoa.
O terceiro atributo é o de que aceita que se apague o que escreveu erradamente. Aprende pois, meu neto, que o teres que corrigir uma coisa que fizeste, não é necessariamente mau, mas algo importante para te trazer de volta ao caminho certo.
A quarta aptidão é de que o que realmente importa no lápis não é a madeira, mas a grafite que está dentro dela. Portanto, valoriza sempre o que mora dentro de ti. O teu carácter será a todo o momento mais importante do que a tua aparência exterior.
O neto, muito atento e interessado perguntou ao avô:
- Então avô qual é a última qualidade?
-Olha, Joãozinho, o lápis, quando escreve, deixa sempre uma marca. Da mesma maneira, tudo o que fizeres na vida deixará traços e marcas. Para que esses marcos sejam valiosos tens que procurar ser consciente em cada acção que praticares. Afinal, nós só temos uma vida: ESTA! E só um momento: ESTE!”.
Não será difícil aos avós vestirem as vossas lições de uma roupagem atractiva, adaptando ou inventando histórias.
Carlos Brandão de Almeida
Vilarosa, 2019.10.13
Bons conselhos para todos :)
ResponderEliminarParabens ao escritor.