AS DUAS FACES DA PRECE
O sacerdote, querendo ajuizar da justeza
do protesto do desalentado fiel, fez-lhe várias perguntas sobre as
características e qualidades dos seus produtos. Pelas respostas tartamudeadas,
o padre facilmente concluiu que os víveres não se venderam porque não reuniam
os predicados recomendados.
Há um texto no Evangelho de Marcos que
sentencia: tudo o que pedirdes na oração,
acreditai que já o alcançastes, e assim o tereis. Mas, pedir na oração não
é ficar de braços cruzados a olhar para o Céu. Pedir na oração, exige que antecipadamente
nos esforcemos em fazer tudo o que está na nossa mão para tornar possível o que
ambicionamos. Vem a propósito citar a anedota do crente que pediu a Deus para
que fosse contemplado com a sorte grande. Ao
menos joga na lotaria, homem! foi a resposta divina.
Santo Inácio de Loiola aconselhava: em primeiro lugar, deve proceder-se como se
tudo dependesse de nós e nada de Deus, como faz o agricultor e, em segundo
lugar, actuar como se tudo dependesse de Deus e nada de nós, que é também o
que faz o agricultor.
Na realidade, o lavrador quando semeia o
seu campo, procede na convicção de que colherá bom e abundante fruto, por isso
cuida todos os dias da sementeira. Se descurar o trabalho pouco recolherá, por
mais rezas que faça.
Muitas pessoas agem como o hortelão
reivindicativo: não cuidam com empenho, esforço e competência dos seus
interesses e, depois, reclamam dos outros ou do Estado a satisfação dos seus
anseios.
Reivindicar demanda pouco labor,
trabalhar sim, implica força, zelo e dedicação e é quando se alcançam os
objectivos mais apetecidos, consistentes e merecidos.
A transpiração é uma parte integrante do
sucesso.
Carlos Brandão de Almeida
O autor segue a grafia antiga.
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