quarta-feira, 28 de agosto de 2019
AS DUAS FACES DA PRECE
O sacerdote, querendo ajuizar da justeza
do protesto do desalentado fiel, fez-lhe várias perguntas sobre as
características e qualidades dos seus produtos. Pelas respostas tartamudeadas,
o padre facilmente concluiu que os víveres não se venderam porque não reuniam
os predicados recomendados.
Há um texto no Evangelho de Marcos que
sentencia: tudo o que pedirdes na oração,
acreditai que já o alcançastes, e assim o tereis. Mas, pedir na oração não
é ficar de braços cruzados a olhar para o Céu. Pedir na oração, exige que antecipadamente
nos esforcemos em fazer tudo o que está na nossa mão para tornar possível o que
ambicionamos. Vem a propósito citar a anedota do crente que pediu a Deus para
que fosse contemplado com a sorte grande. Ao
menos joga na lotaria, homem! foi a resposta divina.
Santo Inácio de Loiola aconselhava: em primeiro lugar, deve proceder-se como se
tudo dependesse de nós e nada de Deus, como faz o agricultor e, em segundo
lugar, actuar como se tudo dependesse de Deus e nada de nós, que é também o
que faz o agricultor.
Na realidade, o lavrador quando semeia o
seu campo, procede na convicção de que colherá bom e abundante fruto, por isso
cuida todos os dias da sementeira. Se descurar o trabalho pouco recolherá, por
mais rezas que faça.
Muitas pessoas agem como o hortelão
reivindicativo: não cuidam com empenho, esforço e competência dos seus
interesses e, depois, reclamam dos outros ou do Estado a satisfação dos seus
anseios.
Reivindicar demanda pouco labor,
trabalhar sim, implica força, zelo e dedicação e é quando se alcançam os
objectivos mais apetecidos, consistentes e merecidos.
A transpiração é uma parte integrante do
sucesso.
Carlos Brandão de Almeida
O autor segue a grafia antiga.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
SONHO IMPOSSÍVEL
THE IMPOSSIBLE DREAM, de Joe Darion e Mitch Leigh, é uma canção que faz parte da trilha sonora do espectáculo "O HOMEM DE LA MANCHA", de Dale Wasserman.
Chico Buarque e Ruy Guerra em 1972, fez uma composição livre, que só foi gravada e lançada em 1975, no disco "Chico Buarque e Maria Bethânia, ao Vivo", na voz da referida Maria Bethânia, consagrando a canção, cuja letra é:
“Sonho impossível”
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a torutura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meul eito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a torutura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meul eito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
No disco, Maria Bethânia, inicía com a sua voz tão especial como só ela sabe fazer, com um poema de FERNANDO PESSOA, do "LIVRO DE DESASSOSSEGO".
*
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
RESPOSTA A UM LEITOR, pela autora do romance O MEU PECADO
"Cara amiga Celeste,
Para lhe dizer que recebi os livros pela minha prima Isabel. Mas também para lhe dizer que, mal acabei de ler o "Meu Pecado", fiz um post no facebook sobre as minhas impressões. Infelizmente, não tive qualquer manifestação da sua parte, o que me preocupa. Reproduzo, abaixo, o que disse:
"DE QUANTOS "PECADOS" SE PINTARAM MOÇAMBIQUE, ANGOLA E GUINÉ-BISSAU?
Para lhe dizer que recebi os livros pela minha prima Isabel. Mas também para lhe dizer que, mal acabei de ler o "Meu Pecado", fiz um post no facebook sobre as minhas impressões. Infelizmente, não tive qualquer manifestação da sua parte, o que me preocupa. Reproduzo, abaixo, o que disse:
"DE QUANTOS "PECADOS" SE PINTARAM MOÇAMBIQUE, ANGOLA E GUINÉ-BISSAU?
A autora prometeu em Válega, Ovar, Portugal, e passadas algumas semanas cumpria a promessa, enviando-mo, de Lisboa. Chama-se 'O MEU PECADO', um romance cujo enredo começa em Moçambique, mais concretamente em Chimoio, então Vila Pery, escalando a Beira, Lourenço Marques/Maputo e Lisboa, e terminando num solar do Carregal do Sal, Viseu, Beira Alta. Toca em tema sensível, na verdade um drama - o pesado fardo social que carrega uma mãe solteira, e os traumas que ensombram uma filha de pai incógnito.
Se o drama e o trauma decorrem entre português (ex-militar em Moçambique, mas que podia ser em Angola ou Guiné-Bissau, onde ocorreram as guerras fratricidas) e uma portuguesa, não posso adivinhar quão emocionante seria se a talentosa Celeste Cortez resolvesse, um dia, escrever sobre esses mesmos dramas e traumas causados por ex-militares (e não só) no então chamado "Ultramar" nas mulheres africanas e nos filhos que resultaram das uniões porventura fugazes, como aconteceu no romance de que vos falo. Se calhar é isso a que se propõe num outro livro que dela recebi - "MÃE PRETA". -, a ler a seguir. Termino parafraseando a minha amiga Celeste, que Deus me deu a conhecer em casa de Glória de Sant'Anna, em Válega: "...as lágrimas gostam de cair aos pares".
Parabéns, Celeste!
Só estou à espera que a minha mulher, Guida, acabe de ler a "Mãe Preta" para o atacar. Se tão criativa quanto o foi no "Meu Pecado", redobrarei os aplausos. Bem haja.
Luís L."
RESPOSTA AO LUÍS: - Só agora através do seu email este comentário me chega às mãos. Agradeço a amabilidade em me dar a sua opinião sobre a história que escrevi, que não passou de ficção mas poderia ter sido verdade nos tempos da guerra colonial.
Como pode verificar, só escrevo ficção, o que é tremendamente mais difícil do que escrever factos reais. O autor tem de inventar e sempre com a preocupação de oferecer uma boa história ao leitor. Certo que escrever sobre factos, teria de averiguar e, escrever O MEU PECADO, só me passou pela ideia quando já vivia na África do Sul, muito depois da guerra colonial ter acabado. A inspiração não deixou de estar comigo e como diz, proporcionei-lhe - e a quantos outros leitores - um bom entretenimento. A vida também precisa que nos sentemos a ler e que os assuntos nos façam meditar, que nos ajude a imaginar diferentemente do que acabámos de ler, que nos complete. Para que serve a leitura? Ler é viajar sem sair do lugar, não é verdade? Ler levamos a viajar, a descobrir situações novas, ler por vezes dá-nos respostas a angústias, a problemas que não teríamos resolvido por nós próprios, ajuda-nos a suportar a nossa cruz porque lemos que a heroína, por exemplo, teve uma cruz mais pesada e/ou ajuda-nos a rir de situações agradáveis. E na vida precisamos de rir.
Como pode verificar, só escrevo ficção, o que é tremendamente mais difícil do que escrever factos reais. O autor tem de inventar e sempre com a preocupação de oferecer uma boa história ao leitor. Certo que escrever sobre factos, teria de averiguar e, escrever O MEU PECADO, só me passou pela ideia quando já vivia na África do Sul, muito depois da guerra colonial ter acabado. A inspiração não deixou de estar comigo e como diz, proporcionei-lhe - e a quantos outros leitores - um bom entretenimento. A vida também precisa que nos sentemos a ler e que os assuntos nos façam meditar, que nos ajude a imaginar diferentemente do que acabámos de ler, que nos complete. Para que serve a leitura? Ler é viajar sem sair do lugar, não é verdade? Ler levamos a viajar, a descobrir situações novas, ler por vezes dá-nos respostas a angústias, a problemas que não teríamos resolvido por nós próprios, ajuda-nos a suportar a nossa cruz porque lemos que a heroína, por exemplo, teve uma cruz mais pesada e/ou ajuda-nos a rir de situações agradáveis. E na vida precisamos de rir.
Espero que o romance MÃE PRETA não o desiluda. Embora não seja sobre as mulheres africanas que foram usadas por militares portugueses, creia que é um tema muito interessante, também ficção.
MÃE PRETA, esse sim, imaginei-o em Janeiro de 1974, meses antes do 25 de Abril...
Com um abraço e desejos de boas leituras, sempre, A autora Celeste Cortez.
domingo, 4 de agosto de 2019
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