CARREGALIADAS, um livro magistral, onde o seu autor, Hermínio Cunha Marques, numa panorâmica geral sobre o seu concelho, nos descreve em dez capítulos, em oitavas em género épico, personalidades que nele se distinguiram: pelo seu humanismo, nas artes, nas ciências, no campo militar, no teatro, na escultura, na arte musical.
Em rimas poéticas, desvenda as lendas do concelho, os padres que o concelho serviram, a escola antiga e seus velhos professores do século XIX e XX, as suas freguesias, aldeias e o seu património cultural, recreativo e histórico. Não deixa no esquecimento todos os Presidentes da Câmara desde a criação do concelho até aos dias de hoje.
Em termos poéticos empolgantes, evoca velhas tradições, num manancial de recordações desde os seus tempos escolares aos anos sessenta: dos jogos antigos aos bailes e festas, relembrando as quadras de cariz religioso de Ano Novo, Ramos, Páscoa, Santos Populares, São Martinho, Natal. No epílogo, aborda a futura Lei de Revisão das Autarquias, em perspectiva.
Este concelho tem já uma relíquia escrita pelo mesmo autor: um livro de poemas de seiscentas estrofes, também em género épico, que abarca as suas raízes, os seus antepassados, a vida e gesto heróico de Aristides de Sousa Mendes, a que vem juntar-se CARREGALÍADAS, porque Hermínio da Cunha Marques nasceu poeta. Conta meu marido, seu colega de escola, que naquele tempo já ele tirava do bolso do casaco “papelitos” - como se diz com doçura nas nossas terras beirãs - de onde saiam versos de rara sensibilidade de inspiração poética, que algumas vezes musicava, provavelmente muito antes de saber que eram poemas e, sem sequer ter aprendido notas musicais.
Celeste Cortez no Centro Cultural de Carregal do Sal, proferindo o seu discurso no lançamento do livro Carregalíades (6-11-2011) |
Com dedicação e empenho, cultivou pelos anos fora estas artes a que outras actividades se foram juntando: jornalismo, investigação histórica, estudos etnográficos, autor de peças de teatro, programas radiofónicos, crónicas, reportagem. É detentor de vários prémios em jogos florais, recebeu louvores e foi condecorado pelo Município com a medalha de Prata de Mérito Cultural. Não recebeu a medalha de Ouro! Não admira, Hermínio da Cunha Marques não é político e Portugal, desde sempre, tardou em louvar aqueles que se distinguem pelos seus méritos, ou, se os louvou, salvo raras exceções, foi a título póstumo.
Tem sido uma vida de imperecível amor e dedicação em prol dos valores culturais, patrimoniais, sociais e cívicos, uma vida ao serviço da promoção do seu – e meu – rincão natal: Carregal do Sal.
Graças ao seu trabalho de grande mérito, o concelho é possuidor de jóias raras da literatura, quiçá o maior legado para a História: das suas gentes, das suas tradições, das descrições dos seus achados históricos, das suas instituições.
A sua obra é vasta, tanto em prosa como em verso. Pena que essa obra, tão intensa e tão profunda, tão cheia de sabedoria, tenha ficado como que fechada dentro das paredes das lindas terras beirãs, há excepção da que “viaja” pela mão de alguns dos nossos emigrantes por esse mundo fora.
Ao lado de um grande homem está sempre uma grande mulher: Celeste Cortez homenageando D.Júlia Cunha Marques, esposa do autor Hermínio Cunha Marques |
Merecia mais este homem, a sua obra deveria ter sido mais difundida e, Portugal e o Mundo, teriam ficado mais ricos. Mas, como disse o Professor Doutor Sousa Lara na tomada de posse de Hermínio da Cunha Marques como académico da Ala – Academia de Letras e Artes “as memórias nacionais fazem-se da pequena história. Se não houver um historiador local, um geógrafo, um artista, que projecte a sua própria terra, acaba por se desertificar o país”. E prossegue o Professor Doutor Sousa Lara: “Deve ser reconhecido o mérito do Sr. Cunha Marques como expoente de uma cultura local, pelo seu contributo para a historiografia, para o conhecimento daquilo que é a história em termos nacionais.” Orgulho-me de ter proposto para a ALA - Academia de Letras e Artes, o meu conterrâneo Hermínio da Cunha Marques. Todavia ele foi aceite por mérito próprio, pelo seu currículo extraordinário, pela sua extensa e brilhante obra, não por ter sido sua patrona, porque a ALA – Academia de Letras e Artes, não o teria aceite se assim não fosse.
Se é importante relembrar histórias do nosso passado, Hermínio Cunha Marques não no-las deixa esquecer. Viajemos com ele na leitura de “CARREGALÍADAS” e posso assegurar-vos que ficaremos apaixonados por personagens que não foram de romance de ficção, mas verdadeiros, gente que se distinguiu pelos seus feitos heroícos, pela sua sabedoria, pela sua bravura, pelo seu abnegado esforço, pela sua dedicação a causas nobres, pelo seu amor a este Carregal do Sal – no coração da Beira. Tenho a certeza que as personagens aqui descritas por Hermínio da Cunha Marques, povoarão o nosso intelecto, por elas nutriremos a maior admiração, ficarão connosco para sempre.
Celeste Almeida de Campos Cortez-Silvestre (nome literário : Celeste Cortez).
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