sábado, 31 de julho de 2010

TOQUE DE SILENCIO - morreu um combatente

REQUIEM POR ANTONIO FEIO
- TOQUE DE SILENCIO - Morreu um combatente

 ANTONIO FEIO nasceu a 06-12-1954, em Lourenço Marques - Moçambique.
Aos 7 anos de idade, veio com a família para Portugal. Foram residir para Carcavelos. Em 1966, com 12 anos, entrou na sua primeira peça de teatro, no Teatro Experimental de Cascais.
ANTONIO FEIO foi actor e ensaiador. Alcançou o sucesso. Foi um vencedor, um grande HOMEM.
Um grande homem, não é apenas um produto dos seus próprios méritos, não basta para o formar um conjunto de qualidades, é também preciso um conjunto de circunstâncias. O sucesso não aparece por acaso, é preciso coragem, luta, determinação, estudo, abnegação, estar no lugar exacto na hora certa. E ele teve todas estas qualidades e as circunstâncias não faltaram.
ANTONIO FEIO faleceu a 29-07-2010, com 55 anos de idade, em Lisboa. 
Lutou durante mais de um ano contra um cancro no pâncreas. Travou com coragem e abnegação, com determinação, uma batalha contra um monstro sem medo, ávido de sangue, de mortandade, o pior dos monstros - o cancro - e o António Feio perdeu a batalha na terra, mas foi encontrar um espaço especial noutro lugar.
Por tudo isso, eu que sou uma desconhecida e que luto para que a minha mensagem seja aceite através dos meus romances e poesia, aqui lhe deixo a minha simples mas sentida homenagem, ouvindo dentro do meu coração a música TOQUE DE SILENCIO. Ouçam-na.

A música que conhecemos em português por TOQUE DE SILENCIO, tradução do inglês TOUCH OF SILENCE, é comovente, desperta emoções tristes. Quando a ouvimos, temos a certeza que estão a prestar homenagem a uma pessoa que embarcou no ultimo comboio sem bilhete de regresso.
É tocada nos funerais com honras militares, por ter sido tocada, em corneta, para celebrar a morte de um soldado, ou soldados. E mais tarde tocou-se sempre que se ganhava uma batalha. Até aos nossos dias, permanece a incerteza da sua origem e do seu autor ou autores.

Uma possibilidade:

1832 - MÉXICO - O General (nome comprido) conhecido por Antonio de Santa Anna, nascido em Vera Cruz a 21-02-1794, ao ganhar a Batalha del Alamo, pediu a um corneteiro do seu exercito que fizesse um hino, para ser ouvido de pé, com postura militar, dedicado aos soldados que tinham morrido naquela batalha. Este general foi presidente do México algumas vezes, uma das quais, como presidente liberal, em 1833. É reconhecido como ditador pelo seu mandato de presidente de 1841 a 1845. Foi para o exilio, de onde regressou em 1874, velho, meio cego e mutilado.
Na madrugada do seu regresso, dia do seu 80º. aniversário, à sua porta ouviu a música TOQUE DE SILENCIO. Era o velho corneteiro, (ignoramos seu nome, infelizmente), que tinha acompanhado o general nas suas batalhas, que veio para o saudar e lhe pedir ajuda, por ser pobre. O General não tendo possibilidade de o ajudar materialmente, ajudou-o oferecendo-lhe como residência a sua própria casa, onde ficaram os dois. O General faleceu em 21-06-1876, na Cidade do México.

Outra possibilidade:

1862 - AMÉRICA - nortistas e sulistas - O EXÉRCITO DA UNIÃO e o EXÉRCITO DA FEDERAÇÃO:
- Durante a guerra civil americana, o Capitão Robert Ellicombe do exército da UNIÃO, em plena batalha perto da Virginia, durante a noite, ouviu gemer um soldado que tinha caído, ferido. Não sabendo se era um soldado da União ou dos Confederados, mesmo assim, com o seu bondoso coração, avançou, rastejando, debaixo de fogo, pondo em risco a sua própria vida, para levar o soldado para ter cuidados médicos. Pegou-lhe ao colo, levou-o para o seu acampamento, e, atónito, viu que era o seu próprio filho, que, sem ele saber, se tinha alistado no exército dos Confederados, contra o seu.
Pediu aos seus superiores que lhe deixassem fazer o funeral com honras militares, com a banda de música do exército da União, já que seu filho estudava música no sul. Foi-lhe recusado o pedido, mas deixaram que ele escolhesse apenas um músico.
O Capitão Robert Ellicombe, escolheu um corneteiro, ( do qual ignoramos, infelizmente o nome), tendo-lhe pedido para acrescentar ao seu toque, notas musicais que encontrou num papel no bolso do fato militar do seu filho. Ficou assim composto o hino de dor e lágrimas TOQUE DE SILENCIO.

Por ti ANTONIO FEIO, investiguei, resumi, estas histórias ou lendas do TOQUE DE SILENCIO.
Permanece desconhecido o nome do compositor. Também para mim - para todos nós - permanece desconhecida a razão porque, apesar de tanto teres lutado, não teres conseguido vencer o monstro do cancro.
Celeste Cortez - 31-07-2010

facebook: Celeste Cortez

sexta-feira, 30 de julho de 2010

CAPA DE BLOGUE - CELESTE CORTEZ - autora


Celeste Cortez - autora de romances e poesia

Romances:

O MEU PECADO 
- 1ª. edição Agosto/2007 - ISBN 978 - 989 - 200 757 - 1
- 2ª. edição em Outubro de 2011;

MÃE PRETA
- 1ª. edição Setembro de 2011;

N. P. - a publicar

POESIA:
L. de E. - a publicar
L. de S. - a publicar

VÍDEOS -recital de poesia - Ver no youtube em ALA - ACADEMIA DE LETRAS E ARTES
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FELIZ ANO NOVO



Os meus sentimentos passados para o papel, com agradecimentos pelo ano finalizado.
Vem ANO NOVO trazer a paz
E também montanhas de amor
Para distribuir pelas crianças
Que não têm pai, mãe ou família,
Nem recebem beijos e abraços com calor


Vem ANO NOVO trazer amigos e alegria
Para os que vivem na solidão,
Aos doentes alívio para as dores
E um verdadeiro lar confortável
Para quem não tem comida, não tem pão
Vem ANO NOVO trazer abraços para os velhinhos
Juntando-lhe o calor do amor humano
Distribui a esperança pelos desesperados
E empregos para os que desejam trabalhar
Para uma vida digna poderem iniciar/continuar


Vem ANO NOVO trazer a realização dos bons sonhos,
Àqueles que se esforçam para os realizar,
Vem, com toda a força das promessas
Dizer que não é utopia nem sonho
A guerra para sempre terminar


Vem ANO NOVO leva a notícia aos soldados
Que as armas foram substituídas
Pela ternura dos beijos das namoradas,
Pelos xi-coração dos filhinhos amados,
Pelos abraços da família querida

Vem ANO NOVO.
Celeste Cortez

Quem parte deixa saúdades


Reeditado a 13-02-2015, no dia em que farias 70 anos de idade. 

QUEM PARTE DEIXA SAÚDADES:

Fernando de Almeida Campos - Carregal do Sal - 13-02-1945 - Coimbra 02-03-2004. Viveu na Beira, Moçambique de 23-06-1950 a Dezembro de 1976. Trabalhou nos escritórios dos Serviços de Electricidade e como despachante na Cory,Mann George. Fez a tropa em Lourenço Marques e em Nampula.
Foi sócio do Salinas, em Carregal do Sal. Iniciou com sua sobrinha Sami a empresa Saliartes Molduras e Decorações, onde trabalhou até à sua ida para os hospitais. Casou na Aguieira, Canas de Senhorim a 27-10-1985.

Nasceu um bebé especial:
1945 – Já passa da meia noite. Começou o dia 13 de Fevereiro. É dia de Carnaval. É o dia das comadres, festa que é realizada na terça-feira de Carnaval, cuja data se perde no tempo. Há alegria em Alvarelhos - Oliveira do Conde, concelho de Carregal do Sal

Há alegria sem igual, naquela terra, no dia de Carnaval, nasceu o Fernandinho.
1 - Fernando,Celeste,Nelson, na praia da Beira
2 - Fernando, Nelson, Celeste, em Alvarelhos (?)
3 - Fernando, Mamã, Nelson, no dia da chegada à Beira.
Bebé lindo, rosadinho. Sua irmã pensou que era um boneco deitado ao lado da sua mamã. E o seu irmão Nelson, de 2 anitos, o que teria pensado? Olha um "bneco". "Vem, vê o bneco, é tão indo, indo, indo, tem cabelos e tem mãos queninas, muto queninas"…
Da direita para a esquerda: Nelson, Celeste e Fernando

      Os anos foram passando, nem sempre bons, nem sempre alegres. 
     Não era o que merecias Fernando, alma boa, coração puro, que deixavas dormir no teu carro um pobre desgraçado, fingindo esqueceres a porta aberta. E quantos actos de amor ao próximo,  feitos com toda a tua simplicidade, sem quereres que fossem notados. O amor saía espontâneo, estava dentro de ti, desde sempre. Por onde passaste, não fizeste fortuna, mas espalhaste amor com generosidade, o teu sorriso tímido conseguia atrair quem precisava de calor humano, a tua palavra simples consolava quem sofria.
     Sofreste neste mundo ingrato. Mesmo sem quereres, os teus olhos marejaram-se de lágrimas, muitas vezes. Qual Nosso Senhor dos Passos com a Cruz às costas, também levaste a Cruz ao Calvário. Só que esqueceste que Aquele Cristo que transportava uma cruz, sem a merecer, ia sempre de pé atrás. Tu que eras inteligente, não aprendeste a lição Fernando.
Como era o teu jeito, sofreste com resignação a longa e difícil etapa dum maldito cancro, que se disseminou rapidamente por todo o corpo. Não, não pode ter sido assim tão rápidamente, mas era tão grande a tua capacidade de aceitar tudo, que foste sofrendo as dores, as metamorfoses do corpo. Foi a ultima cruz antes de partires, que aceitaste com resignação, sorrindo quando te apetecia gritar. E que pesada deve ter sido essa cruz.
 2011 - Dia 13 de Fevereiro. Hoje farias 66 anos. Nem quero acreditar que, apesar da saudade, depressa se passaram quase sete anos que partiste… Foi numa manhã cedinho, 02 de Março de 2004. Estavas desde o dia 31 de Janeiro nos cuidados paliativos do IPO de Coimbra.
     Foi errado partires tão cedo, tão novo ainda, fizeste os 59 anos na secção dos cuidados paliativos. Poderias ter vivido mais. Foi também errado teres partido no dia do aniversário da tua sobrinha querida (Sami). Sobrinha querida, disse eu. Qual das sobrinhas não te era querida? Mesmo as sobrinhas que não eram do teu sangue, familiares da tua mulher, tu amavas com respeito e carinho. Nos cuidados paliativos enchia-se o teu quarto aos fins de semana, com pessoas vindas das terras por onde passaste em vida, gente de todas as camadas sociais, de todos os níveis. Era assim Fernando que gostavas: de juntar pessoas, porque a todas amavas, da mesma maneira, com o mesmo grau de amizade, sem te preocupares se eram doutores ou analfabetos, se eram gente importante ou gente humilde. 
Não, não esteve certo que partisses tão novo, não.
Só esteve certo os beijinhos que me deste, debruçando-te com dificuldade na cama que ocupavas havia mais de um mês, quando, me despedi para voltar para casa, para trocar de roupa, prometendo regressar no dia seguinte.
Tu sabias que seriam os últimos beijos que um irmão amigo dava à sua irmã querida. Eu também adivinhei que seriam os últimos. Sem palavras compreendemo-nos.
Apesar do sofrimento que nos roía por dentro, cada um de nós sorriu. Eu prometi voltar no comboio pendular na manhã seguinte. Não respondeste. Palavras para quê? Tu sabias. Voltei a prometer que voltaria no dia seguinte, no comboio. Mais uma vez ficaria perto de ti, passaria a tarde contigo, e, à noite, numa cama ao lado da tua, fingiria que dormia, mas ficaria alerta para te ouvir respirar e, ouviria, mais vezes, que chamavas com uma voz doce, maviosa: Mãe...Mãe. E quando olhava com a claridade da lampada de presença, via-te olhar para longe, de certeza para o Céu a repetires documente: Mãe, Mãe. E ficavas numa atitude contemplativa.
Eu sei, não precisei perguntar-te - não quis interromper-te - que falavas com a Mãe do Céu, porque a mãe que tivémos na terra, chamavamos de "mamã".
        Fernando, não podias esperar até que eu chegasse? Tens razão: não se diz adeus aos que amamos… estaremos sempre com eles.

Hoje telefonei-te a dar os parabéns logo que passou um segundo da meia noite. Dia 13 de Fevereiro, o dia dos teus anos. E tu disseste-me num sorriso: ainda bem que não fizeste um bolo, aqui tenho uma festa com a família, amigos e conhecidos, com toda a gente, porque eu gosto de toda a gente. Sempre gostei. Os Anjos vestiram as suas melhores roupas para nos apresentarem esta festa. O bolo está muito bom.
- Claro Fernando, o bolo que no Céu fizeram para ti, tinha de ser muito bom, tu mereces tudo de bom. Sempre mereceste. Estás todo bonito para a festa Fernando. Mas são horas de desligar. Ligarei de vez em quando, falarei contigo, como de costume, mentalmente, em pensamento. Adeus Fernando, aquele abraço cheio de carinho da tua irmã sempre amiga. Celeste 

Na tropa, em Moçambique - Fernando, de pé, ao lado do militar fardado de cor clara. O Fernando sorridente.

CÃO AMIGO DO HOMEM - O MOPPY



A todas as pessoas que perderam os seus amigos animais, com um sentido abraço do tamanho do abraço que eu preciso neste momento, enquanto escrevo este artigo e as lágrimas caem em cascata,  imediatamente depois do Moppy nos ter dito adeus. 
Portugal -  22-02-2009 - (entre as 12,30 e as 13 horas).

Num domingo, dia de sol, fresco e agradável, o Moppy deixou beijinhos para todos.
Se eu fosse capaz de ler a mente do nosso cão, do nosso Moppy, hoje dia 22 de Fevereiro de 2009, entre o meio dia e meia hora e a uma hora, sei que ele teria deixado beijinhos para todos.
Não levou rancores, nem ódios, nem tristezas, nem mágoas. Partiu com saudades, sabendo que as deixou também.
Ultimamente andava muito cansado, e dizia para si:
Como é possível ter sido tão alegre, brincalhão, ter corrido como uma gazela atravessando o jardim de Primrose e da Quinta do Conde... e agora custar-me tanto a andar! A velhice é muito triste, venha um cientista para modificar estas coisas desagradáveis. Até pode ser a Nadine e a Karina a começarem o projecto, o Michael, a Tania, o Roberto e o Nicholas todos ajudarão no projecto... Deixo-lhes o meu Bem-Haja amigos, sejam felizes. Mesmo que o projecto não resulte, foi apenas uma lembrança... quem sabe, um dia a velhice deixa de ter doenças!!!

Ainda me lembro do tempo em que apanhei carraças deixadas de outros cães.Aquela carraça única, que apanhei no enorme Parque perto de Bedfordview, em Joanesburgo, onde, pequenino, pequenino, andei a correr pela alegria que senti de andar à solta. Até me fez febre. Ou aquelas que apanhei na relva do jardim da vivenda dos avós, na 1ª.vez que fomos conhecer a casa e o jardim, na Quinta do Conde e que a Tania no carro, disse serem "coisinhas pretas a passearem"! E das pulgas que apanhava na rua quando ia passear! E a vóvó tinha de me dar banho com um champôo especial - e eu que tinha medo de ficar na banheira que me parecia uma piscina!...
Tenho até saudades de me coçar!... Quando deixamos de ter essas coisas, é mau sinal, estamos na velhice.
Usar fraldas como os bébés, faz confusão, mas depois de me habituar, já pedia para não me deixarem sem ela, nunca quiz dar trabalho ao vôvô e à vóvó nas limpezas da casa, não só porque sempre fui asseadinho como também porque gostei sempre muito deles. Não lhes queria dar trabalho. Que saudades tenho da galinha cozida, apesar de saber que só quando comecei a envelhecer é que tive direito a ela, porque as bolinhas rijas me faziam doer os dentes. Obrigado ao avô e à avó, que estavam sempre preocupados e tentaram o seu melhor para eu não sofrer.

Agora para sair da cama, dou um gritinho, porque as artroses fazem doer. Levanta-se o avô a resmungar - mas eu sei que é feitio, porque ele gosta muito de mim - obrigado avô pelo teu incondicional amor, mas não rezes esse tipo de "quechatice", a avó fica triste. Levanta-se a avó que me acompanha até à água, me faz andar, devagar, devagarinho, pondo uma mão de cada lado do meu corpo para eu não cair, mas estimula-se a andar, porque é um bom exercício para as pernas. Depois muda-me a fralda, deita-me, tapa-me por causa do frio. Tudo como o avô faz, afinal! Mas, sem resmungar. Realmente as mulheres são mais pacientes! Obrigada avó pelo teu amor paciente.
Cada vez mais me custa ir beber água, que está num recipiente inox, entalado entre o fogão e a parede para eu me sentir seguro e não a entornar, pouco distante da minha cama, mas nos ultimos dias parece que as pernas de trás se juntam, e eu faço um enorme esforço para não cair. Ultimamente caí algumas vezes, e, se estava sózinho levava algum tempo para me levantar... ou... achava que tinha preguiça e deixava-me ficar por ali. Eu sabia, sim eu sempre soube, que a minha avó ou o meu avô chegariam a qualquer momento para me darem uma mãozinha com o seu amor.
Eles diziam-me que não me davam nada que eu não merecesse, porque eu também tinha sempre sido amigo deles. Que me queriam retribuir todos os meus beijinhos, todos os meus carinhos, que eu tinha sido o cão mais inteligente do mundo. Disseram-me que eles agora eram a minha bengala, que me encostasse sem receio, que suportariam o meu peso até ao fim. Sei que se eu pesasse cem quilos, eles aguentariam, porque o amor faz milagres. Mas infelizmente para eles e para mim, o meu peso há 10 dias atrás, na penultima vez que fui à veterinária, era de pouco mais de 5 quilos.Para quem chegou a pesar 10 e teve de se habituar a ir comendo menos para não engordar... Fiquei depois com 8 quilos... parecia um manequim quando passeava com os meus fatos, muito bonitos, e ficava melhor ainda com o meu pelo tão bonito e lustroso.
Hoje, quando os meus avós me levaram e me deixaram pela ultima vez na veterinária, quando esta quis mostrar a sua sabedoria (pensa ela) e disse que eu, quando andava às voltinhas poderia ser um sintoma de tumor na cabeça, quando a avó sabe perfeitamente que é para eu saber o caminho que piso porque sempre gostei de andar por bons caminhos, a minha avó, antes de me pôr no colinho amigo do veterinário mais forte que se vê que tem muito amor aos cãezinhos desde pequenino, a minha avó... com a cara molhada ...sem que eu notasse que estava a chover lá fora... apertou-me tanto, que eu ouvi o seu coração a dizer ao meu: Amo-te Moppy, amei-te sempre. O meu coração, também já muito débil, respondeu-lhe: Também te amei sempre vóvó,a ti e a todos, e quero que fiques contente com o que te vou dizer:
- Agora que já sou crescidinho (nasci a 15-10-1991, quase 18 anos de canídeo é uma boa idade), embora pareça ter mirrado, decidi ir viver num jardim enorme cheio de relva e flores, árvores que filtram um sol radioso e de boa temperatura, com casinhas de cores onde repousaremos de noite, baloiços, carrinhos de corridas, lagos e fontes com água fresca, uma paisagem paradisiaca, que eu diria mais uma paisagem céudisiaca, um lugar onde não há dores, nem mesmo de dentes, nem cães cegos - e eu que sei bem o que é ser cego - nem cães com problemas de respiração, os ossos não doem, onde as artroses fazem parte do passado, nem tumores na cabeça nem na barriga, as pernas são sempre fortes e ágeis, nada há que possa atrapalhar-me para dar uma boa corrida como eu dava nos parques, para ir ver uns cãezinhos pequeninos, pequeninos como eu era, que eu estou a ver a correrem felizes para mim. Ah, são os cães da Nikki, os meus sete filhinhos. Lá vem ela atrás, toda pachorrenta. Lembram-se como ela era? Continua pachorrenta, a minha querida mulher. Resta-me a consolação de ao abraçá-la lhe poder dizer: Fui-te sempre fiel, desde o dia em que nasci. Tu foste a única mulher por quem me apaixonei. A tua beleza, Nikki, fez de mim o marido mais feliz do mundo.
E neste lugar que é destinado aos cães que foram toda a vida bons como eu e a Nikki, acompanhados por dois dos nossos filhos e esperando um dia os outros, aqui neste céu dos cãezinhos onde temos de viver para sermos sempre lindos e saudáveis, nunca nos esqueceremos de vós, não nos esqueceremos de todos os humanos que foram nossos amigos (e nós esquecemos as maldadezitas, não se preocupem, aqueles pontapézitos das crianças ), estamos a mandar -vos um lindo ramo das flores belas que aqui há, flores naturais que nunca secam e cheiram sempre bem, estamos a atirar-vos com a nossa patinha no ar... milhões de beijinhos e a dizer-vos Obrigado, obrigada, até sempre.
Céu dos cãezinhos, 22-2-2009 à tarde.
assinado: Moppy Silvestre Papadimitriou, Nikki e filhos

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O SER HUMANO



O ser humano, não é apenas um conjunto dos seus próprios méritos.
Não basta para o formar, um conjunto de qualidades, é também preciso, um conjunto de circunstâncias.Vejamos:

  • O jogador Cristiano Ronaldo não tivesse tido a oportunidade para vir da Madeira para o Continente, não teria, provavelmente, passado de um simples jogador de um pequeno clube. Talvez nem tivesse passado de jogador juvenil;
  • se não tivesse havido a Revolução Francesa, Napoleão não teria passado de um pequeno oficial de um regimento da Província.
  • Quando e quantos exemplos poderiamos dar, para ilustrar esta opinião.

Por isso, quando o ser humano tem qualidades, é preciso reconhecer essas qualidades e apoiá-lo sempre que necessário.





segunda-feira, 26 de julho de 2010

O QUE ME DÁ ALENTO PARA CONTINUAR - III -


o que me dá alento para continuar... são as vossas palavras.


Agradeço do fundo do meu coração, Celeste Cortez

O QUE ME DÁ ALENTO PARA CONTINUAR - II -


O QUE ME DÁ ALENTO PARA CONTINUAR


SÃO AS VOSSAS PALAVRAS.

os meus agradecimentos, Celeste Cortez

sábado, 24 de julho de 2010

O QUE ME DÁ ALENTO PARA CONTINUAR - I


O QUE ME DÁ ALENTO PARA CONTINUAR, OU PARA SABER RECONHECER o que está para além do verbo HAVER:




Há os rectos e os falsos.

Há os honestos e os desonestos.

Há os verdadeiros e os mentirosos.

Há os conscientes e os inconscientes.

Há os que falam bem e os que falam mal.

Há os bem intencionados e os mal-intencionados.

Há os que nos olham nos olhos e os que os desviam.

Há os que nos querem bem e os que nos querem mal. (Haverá?)

Há os que dizem bem e os que dizem mal.(maldizentes ou maledicentes, más línguas).

Depois do verbo HAVER, há o verbo RECONHECER. Sei reconhecer (em todos os sentidos), os agradecimentos verdadeiros dos meus leitores. É isto que me dá força para continuar na caminhada que encetei e que não é fácil pelas horas ininterruptas que passo agarrada ao computador.


Dizem que quem corre por gosto não cansa! Cansa. Cansa estar 7, 8 e 9 horas seguidas, com pequenas interrupções para comer, em frente a um ecrã de computador. Cansa deitar muitas vezes, às três, quatro e cinco horas da manhã e, quantas vezes, durante noites seguidas. MAS SABE BEM. DÁ FELICIDADE. DÁ ALEGRIA. Por todos estes momentos, eu agradeço do coração aos meus amigos leitores. Enquanto me for possível, continuarei, porque eu e vocês, merecemos. Para pessoas tão boas, alguns que não conheço, outros que conheço "virtualmente" e outros que são meus amigos na vida, posso dizer sem sombra de dúvida que escrevo e publico para eles. Sem leitores, eu não poderia ser escritora, porque, já dizia Saramago: um escritor é o que escreve, que publica e que vende.



  • Alguém me disse um dia, que amigos contam com o livro grátis. Como? Eu tenho tantos amigos que lhes perdi a conta. Cem? Duzentos? Mil? Se eu quiser gratificar, digamos, 100 amigos a quem deva favores, irei comprar os meus próprios livros, que fiz com amor e carinho mas também com muitas dores nas costas, a quase 20,00 €uros cada um. Terei de imediato que desembolsar quase 2.000,00 mil €uros! As tipografias, as editoras, os armazenistas, as distribuidoras, as livrarias - infelizmente - não trabalham de graça. Iriam à falência. E nós também, se tivessemos de pagar com livros a amizade dos nossos amigos.



  • Não, os amigos verdadeiros não esperam que lhes pague a amizade. A amizade não se paga, dá-se. Damos e recebemos amizade, amor, carinho e até favores. Os meus verdadeiros amigos não esperam que lhes pague os favores, a amizade. Nem eu espero que eles me paguem a amizade que lhes ofertei.


  • E se um dia, por uma razão especial, (que não desejo explicar se não não sairia daqui hoje) ofereço com carinho e amor o meu livro, onde vai agarrado o meu suor, muitas horas sem dormir, muitas lágrimas de tristeza e frustação que fazem envelhecer precocemente - quando as editoras não respondem. Vão também no embrulhinho muitas lágrimas de alegria - quando recebo cartas, telefonemas e emails dos leitores que me dão alento, quando recebo uma boa resposta de uma editora, quando uma livraria requisita mais livros. E no lacinho do embrulho, vai o meu amor, a minha amizade, a minha alegria, a minha felicidade por ter ALGUÉM que escreve por mim, eu só tenho de mover os dedos no teclado. (É essa parte física que cansa).


  • Quando me deito e quando acordo, as articulações, até dos meus dedos, estão doridas, para não falar nas pernas que aqui, penduradas entre a cadeira e o chão, sem irrigação sanguínea, provocam varizes. Escreve menos, segreda-me esse ALGUÉM ao ouvido. Não tenhas pressa. E eu respondo-lhe: Tenho de andar depressa, já não sou jovem, o tempo aqui na terra, voa. E ELE responde-me: A tua hora ainda não chegou. Sê paciente. Sorrio-LHE, peço-LHE compreensão para os meus defeitos humanos. SOU HUMANA.

  • Sei distinguir as frases que podem ser feitas com o verbo HAVER. E sei RECONHECER as palavras dos meus leitores que enchem o meu coração. Que me dão alento para continuar.


  • Do fundo do coração a todos desejo as maiores felicidades. O meu bem-haja.


  • Vou publicando, de vez em quando, cartas e emails de leitores (os telefonemas não se podem partilhar) como penhor do meu grande reconhecimento. Celeste Cortez



quarta-feira, 21 de julho de 2010

MÃE PRETA










Num dia longíncuo, numa terra bonita onde o sol nos acordava manhã cedo, minha mãe mandou-me um recado de amor pelo meu pai: se eu arranjasse uma pretinha, uma macaíaia para a minha filha mais velha,a Sami, bebé de seis meses,não precisaria de meter a menina no Infantário que, apesar de ser bom, as crianças em convívio pegam o sarampo, a varicela, as gripes umas às outras. É claro que não levei tempo a responder que as crianças quando convívem, também se tornam mais sociáveis, aprendem a partilhar (mesmo às vezes chorando: este brinquedo é meu!) comem melhor porque estão ao despique (olha Sami, a Joaninha já comeu a papa toda!). E de pequeninas começam a cultivar um sentimento muito especial para toda a vida: o sentimento da amizade.


Meus pais moravam no prédio do Conselho de Câmbios, por meia parte estar alugada à Junta de Comércio Externo, e meu pai ser funcionário destes serviços. Junta de Comércio Externo, onde os comerciantes iam para obterem os boletins de exportação (as madeiras: Pangapanga, Jambire, etc. eram exportadas para a Europa. Fruta, (a melhor é que se exportava) girassol, também madeiras, etc. a exportação era mais para o Malawy, Rodésia e África do Sul.


E quanto aos boletins de importação? Claro que se importava de Portugal Continental (a água de Lisboa, que era vinho!), e de tudo o que Moçambique precisasse e houvesse ou se fabricasse em Portugal, mormente matéria prima. Também se importava da Africa do Sul, dos países limítrofes.


No final dos anos 50 e anos 60, Moçambique começou a ser cada vez mais auto-suficiente, com montagem de fábricas. Só na Beira havia fabricas de: sabão, de cabos eléctricos, (onde meu marido entrou como chefe de laboratório de ensaios e veio a ser Director de Produção), óleo, cerveja, ( a nossa cerveja Manica, eu não bebia, mas era famosa!) fábrica de pregos, tintas.


No Dondo: a Lusalite, administrada pelo famoso Engº. Jorge Jardim e a Fábrica de Cimentos. Até Fábrica de Açucar havia em Mafambisse!


O que é que não havia na Beira? Tudo o que era preciso. Até lindas praias:
Da Praia dos Pinheiros, perto do Grande Hotel, prolongava-se até ao Savane ou até para além disso, mas eu só conhecia até ali.
Na Beira até havia bares, com cantores, cantadeiras, com nomes pomposos como: Moulin Rouge, ali perto da estação dos caminhos de ferro e da Ponte do Chiveve. O Primavera e o Campinho, mais atrevidos, dizia-se à boca pequena que não era só para noites de fados...
O distrito de Manica e Sofala, tinha de tudo. No distrito do Chimoio: a Sociedade Algodoeira de Portugal, (Soalpo) a S.H.E.R. (Sociedade Hidro-Eléctrica do Rovuma) para aproveitamento das barragens do Mavuzi e da Chicamba, para fornecimento de energia à Africa do Sul e à cidade da Beira.
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E foi neste pequeno paraíso, onde também havia problemas, e quem nunca os teve não sabe o que é viver!... paraíso pincelado com essas cores que só a África proporciona, que eu tive a sorte de encontra LINA, pela mão de um empregado de minha mãe. Era ainda pequenina, talvez uns doze anitos, e seria a primeira vez que ia aprender a pôr a chuchinha a uma bébé, que iria andar com o carrinho quando a menina choramingasse, que iria brincar com ela quando a Sami crescesse. Sua tez parecia luzir, iluminada por dois olhinhos muito abertos que parecia querer aprender português não só com os ouvidos mas também com os olhos! Seu nome era LINA, só Lina, nada mais.
Um dia pensei que seria bom nunca nos separarmos das pessoas de quem gostamos. E a única maneira, é imortalizar as pessoas. Da Lina teria algumas fotos em conjunto com a Sami, mas as nossas viagens de Moçambique para a África do Sul, fez com que enviássemos algumas recordações por alguém conhecido que ia para a Rodésia. Fotos grandes, das nossas filhas pequenas, fotos lindas, lindas, que só poderia ter sido tiradas por alguém que tinha a arte dentro de si. Tinham sido tiradas por um querido sobrinho a quem foi ceifada a vida em condições trágicas: O JORGE DE CASTRO QUADROS.
Quando meu marido foi propositadamente da Africa do Sul à Rodésia para ir buscar as fotos e algumas pequenas recordações, 2 candieiros de cabeceira, alguns quadros de valor estimativo, disseram-lhe que não tinham chegado ao local. Pena. Não posso assim recordar Lina olhando para uma foto! Terei de a imortalizar de outro modo...


E ASSIM NASCEU A IDEIA DE ESCREVER O ROMANCE .... MÃE PRETA.

A autora, Celeste Cortez





terça-feira, 20 de julho de 2010

LIVRO - O MEU PECADO


O MEU PECADO: o amor de mãe, o amor de filha, o amor ao próximo. Uma tríade para o sucesso do mundo. Celeste Cortez
  • O romance O MEU PECADO, foi editado em Agosto de 2007. Encontra-se presentemente esgotado, à espera de EDITORA para publicação.
  • A história, ficção, tem início em Lisboa, continua com a viagem do médico Zé da Silva, que em serviço militar segue para Vila Pery, passando pela Beira. Descreve paisagens de grande parte de Moçambique, a sua fauna, flora e beleza de lugares onde a memória Lusa esteve ancorada noutro tempo.
  • Explorando coincidências, as viajantes vêm com os retornados para Portugal, e passam pelos problemas que os retornados conhecem.
  • É na Quinta de Cabriz (quinta onde se produz o afamado vinho), perto de Carregal do Sal, terra situada no coração da Beira (Beira Alta), entre a Estrela e o Caramulo, rodeada daquela beleza de aromas telúricos, depois de passar por intrigas, mentiras e calúnicas, que todas as revelações se sucedem num desfiar velado da verdade.
  • Resumo pela autora Celeste Cortez
      • ..."Obras como esta, juntam-se à literatura que conta, ficcionando, momentos da nossa vida colectiva, de países com História comum. Conta vidas singulares no contexto dos últimos trinta anos. Daí o interesse, pelo aflorar de um tempo que faz parte da História. Reconhecimento de factos concretos, de paisagens, de acontecimentos, para alguns e descoberta para outros. Testemunho de uma época que é necessariamente vista com visões diferentes, dependendo do lado em que foi vivida. Testemunho, no entanto.
      • A autora agradece, mais uma vez, esta citação.

      Martin Luther King

      MARTIN LUTHER KING.JUNIOR. nasceu em Atlanta a 15 de Janeiro de 1929 - foi assassinado em Memphis a 4 de Abril de 1968.
      Foi pstor protestante e ativista político dos Estados Unidos da América. Um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no Mundo, com campanhas de NÃO VIOLêNCIA e de AMOR AO PRÓXIMO.
      foi o mais jovem galardoado com o Prémio Nobel da Paz, em 1964. O seu discurso mais famoso e lembrado é "EU TENHO UM SONHO". Passagens desse discurso:


      É MELHOR TENTAR - Martin Luther King
      É melhor tentar e falhar,
      Que preocupar-se
      E ver a vida passar;
      É melhor tenta
      ainda que em vão,
      do que sentar-se
      nada fazendo


      Eu prefiro na chuva caminhar (diz Martin Luther King)
      que em dias triste em casa me esconder
      prefiro ser feliz, embora louco,
      que em conformidade viver.
      O amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo.
      Eu tenho ujm sonho de ver um dia meus 4 filhos vivendo numa nação em que não sejam julgados pela cor da sua pele, mas sim pelo seu caráter/carácter.
      Frases de Martin Luther King:

      - Se ajudar uma só pessoa a ter esperança, não terei vivido em vão. Martin Luther King.


      -ooooooooooooooooooooooooooooooooo---------------o---------------oooooooooooooooooo-
      Se a vida não lhe corre bem, não se conforme,
      sonhe em voz alta uma vida melhor
      lute com amor para a conseguir,
      E um dia a sorte para si há-de vir.
      São os meus desejos amigos, Com um abraço,
      Celeste Cortez













      domingo, 18 de julho de 2010

      ÁFRICA MINHA, SAUDADE TANTA


      ÁFRICA MINHA, SAUDADE TANTA



      • No romance MÃE PRETA - CULTURA DE UM POVO - tive a preocupação de oferecer ao leitor a minha visão da cultura moçambicana da época em que vivi em Moçambique, esperando contribuir para um maior conhecimento de alguns e descoberta para outros do modo de vida de pessoas pertencentes a dois povos diferentes, mas que partilham a língua, muitos usos e costumes e têm uma História comum.




      • Quando cheguei a Moçambique, mais propriamente à cidade da Beira, a 23 de Junho de 1950, ainda criança, talvez pelo facto de ser criança, notei, que os empregados domésticos vindos directamente das suas terras, faziam num tempo-relâmpago a auto-aprendizagem da língua portuguesa, matizando-a com o sotaque da língua (dialecto) de cada um, o que resultava numa sonoridade ímpar.




      • Volvidos tantos anos, a recordação tão grata daquele português e dos seus inesquecíveis autores falantes, deu-me o mote para incluir nos diálogos deste romance, esse matizado composto pela fusão das duas línguas, a materna (do povo autóctone) e o português.




      • Sem essa composição linguística de cariz africano, que tão bem soava aos ouvidos dos brancos que naquelas paragens estiveram, a história que imaginei, de Mãe Preta, perderia todo o sabor africano e não lhes mitigaria a nostalgia daquela África inesquecível.




      • Os que por lá NUNCA passaram, ficarão, assim o creio, com vontade de conhecer África e, depois de a conhecer, poderão compreender a nostalgia daqueles que viveram naquelas terras mágicas, terras com uma luminosidade maior, com um sol mais radioso do que o próprio astro-rei (se isso fosse possível), onde esse sol nos abraça manhãzinha cedo, onde há um casamento harmonioso entre a Natureza selvagem e o Homem que ainda não copiou o stress da sociedade cosmopolita.




      • Aos que ainda não conhecem África, porque espera? Vá, boa viagem e não tenha pressa de regressar.

      Neste romance como personagem principal encontramos LINA MANDUNDE, SIMÃO seu primeiro marido, JUMA como 2º.marido, JOÃO o amigo que a deseja e o Sr. MANUEL, branco, de olhos verdes e tez queimada do sol, com cantinas no mato, que lhe propõe viver com ela, numa casa com mainato e cozinheiro, porque as manacages que tinha tido nada significaram. Com Lina, seria diferente, prometeu. Compreenda Srª. Lina, um homem não é de ferro, tem de ter uma mulher ao pé. A minha mulher ficou em Portugal e quer lá continuar, agora que os miúdos já andam na Universidade...


      - Olhe, Sr. Manuel, felizmente que poucos brancos pensam da mesma maneira. Quantos estudantes estarão em Portugal e os pais em Moçambique? A sua mulher quer lá continuar porque não teve coragem nem capacidade para vir para África começar uma nova vida, mas tem, de certeza, capacidade para fazer coleção de dentes de elefante, mandar fazer malas de pele de crocodilo, mandar fazer casacos de peles e pendurar peles nas paredes e no chão, as peles dos animais caçados em Moçambique pelos preguiçosos e estúpidos dos pretos, como ela dirá, e, ainda lhe sobrará tempo para lhe pôr um par de cornos, que é o que o Sr. Manuel precisa por a deixar sózinha a criar os filhos.


      • Celeste Cortez

      PRÉMIO NOBEL DA PAZ - NELSON MANDELA




      Admiro este HOMEM. Um homem que tinha razão para ter ódio e rancor aos brancos, àqueles que o mantiveram preso durante cerca de três décadas, esse HOMEM soube "vingar-se" para não mais ser esquecido por quem lhe fez mal. Este HOMEM trabalhou inteligentemente para um fim pacífico do regime do apartheid e estabelecer os princípios de um país democrático, na África do Sul.




      sexta-feira, 16 de julho de 2010

      BEIRA,MOÇAMBIQUE

      VILA PERY - mais propriamente na aldeia indígena 
      próximo da Cabeça do Velho:  

                ..."Levantei novamente a cortina e olhei lá para fora. Na aldeia sem luz, só quando a noite começa a dar a mão à madrugada, se consegue ver a frondosa ACÁCIA e as mangueiras que, em noites de vento, projetavam  caretas nas paredes da casa de minha mãe, nas palhotas da aldeia  e no chão do terreiro, que assustariam as crianças que espreitassem e, talvez, até os adultos que a essa hora passassem por ali.
      Felizmente que a aldeia dormia ainda e, só duas ou três horas mais tarde, os mais madrugadores, os que trabalhavam no turno das seis da manhã nos caminhos-de-ferro, abririam a porta da palhota, devagar, bem devagar, para não acordar as crianças que, àquela hora, ainda sonhavam com os anjos.
      Será que os meus meninos pretos sonhariam com anjos brancos? Não teria de me preocupar: eu sabia que também havia santos pretos, então teria de haver anjos pretos também. E haveria de certeza um Deus preto, se Deus era para todos os povos, os pretos tinham direito ao seu. Porquê preocupar-me? De resto, já me chegava a preocupação com a minha querida mãe, que toda a noite ardera em febre e nem o Xicwembo  nem o Deus dos brancos lhe tinham valido até agora. A senhora grande e a senhora pequena, diziam que Deus era só um para toda a gente. Era pouco, era trabalho a mais para uma pessoa só.
                Ouvi mais uma vez uma voz dentro de mim a dizer-me: Lina, tu estás revoltada pela rejeição do teu marido, pela falta de filhos, pela morte do teu pai, pela doença da tua mãe, porque já ouviste dizer muitas vezes que Deus é Um ser Omnipotente. Acredita, tens de acreditar.
                Com lágrimas nos olhos, encostei-me à janela e levantei a cortina para espreitar novamente se a luz já se vislumbrava no horizonte, mas pareceu-me que não tinham sido acesas as velinhas com que os anjos dormiam de noite, para não terem medo do escuro, e a mãe dos anjos também ainda não tinha acendido o petromax. Continuava escuro.
      Será que a mãe dos anjos, a quem os brancos chamam Nossa Senhora, se zangaria por eu ter pensado assim? Ela sabia que eu gostava dela, era só por pensar que  lá no céu, também não havia iluminação eléctrica, como na minha aldeia". ....

      (O extracto é do romance MÃE PRETA, autora Celeste Cortez, a sair em Setembro 2011). É o 2º. romance da autora a ser publicado, de alguns que tem para publicar. 

      O romance tem 448 páginas, 230x180. Com 28 capítulos e glossário línguas autóctones/português.

      O livro poderá ser pedido a Celeste Cortez (no facebook). Será enviado à cobrança ou com depósito prévio através do NIB.   


      Imagem de http://www.flickr.com/photos/feitoamao/3040793337/

      quinta-feira, 15 de julho de 2010

      VILA PERY - terra de jacarandás

      2ª.EDIÇÃO do romance O MEU PECADO, em Setembro de 2011

      VILA PERY TERRA DE JACARANDÁS
      Moçambique Extracto de uma parte da descrição de Vila Pery, no início dos anos sessenta.Do romance "O MEU PECADO" - 2ª. edição a sair brevemente.
      Ruas larguíssimas que não ficavam atrás das mais largas avenidas de Portugal, no Continente Europeu.
      Nos anos 50, os enormes jacarandás tinham sido importados do Brasil, a pedido de um Beirense, quando em Vila Pery exerceu funções administrativas, o Sr. Oliveira da Silva.
      As suas flores quando caíam, iam cobrindo os largos passeios. Às vezes, com o vento, voavam qual bailarinas em pontas de pés num rodopio musical, atapetando também o alcatrão da rua que ficava alcatifado de lilás e, quando as pisávamos, faziam um som estrepitoso como se a vila estivesse sempre em festa.
      Parecia um cenário de um belo filme! Mas... os cenários são copiados da natureza mágica.
      Recordei-me que em miúdo, ....etc.
      VILA PERY, NO MEU TEMPO ERA ASSIM.
      HOJE CHAMA-SE CHIMOIO. 
      Pag.35 a 38 - Alguns anos passados, não me admirei que as ruas de Vila Pery fossem alcatroadas "com alcatrão preto", mas além das flores de jacarandá, os jardins das vivendazinhas amenizavam a cor do chão.
      Ah, que se eu fosse dono do Mundo, as ruas seriam pintadas de cores garridas, às ricas, aos quadrados, às pintarolas! Pelo menos se um dia inventar histórias para os meus filhos e netos, as ruas serão assim .
      Disseram-me os colegas do quartel que, em Vila Pery, toda a gente ia ao futebol. Quando o ouvi dizer pensei que me estivessem a gozar. Brincadeiras de tropas, mais uma vez! Convenci-me quando me deram a explicação que era um "ritual" principalmente para quem tinha filhas casadoiras. Uma forma de as mostrarem para que arranjassem casamento! E muitos se tinham feito, porque ali havia empresas grandes, que tinham contratado jovens engenheiros, desenhadores, arquitectos, economistas e pessoal para os quadros superiores das empresas, Sociedade Hidroeléctrica do Revuè, Soalpo - Sociedade Algodoeira de Portugal - onde as noivas iam comprar peças de tecido para o seu enxoval de noivado - as Brigadas de Fomento e Povoamento, que tinham por missão fixar colonos em grandes terrenos, que produziam tabaco. (e chá)
      O campo de futebol era distante da sede, que era na vila, por isso, no fim do jogo, os carros dirigiam-se para a sede , tendo que atravessar a estrada nacional (que ia até à fronteira), esperando do lado da vila uns pelos outros em fila, como se fosse um acompanhamento aos noivos depois da saída da Igreja. Levou-me a pensar, se não seria um ensaio prévio, só que aqui não se sabia qual era o carro dos noivos porque não havia enfeites, nem lhes atiravam arroz ou pétalas de flores.
      Depois do estacionamento em frente ou próximo da sede do clube, as mãos e filhas casadoiras saíam dos carros pavoneando os seus fatos domingueiros, dirigindo-se para uma sala-biblioteca onde ficavam a cavaquear. As mães dos mais pequenitos, preocupavam-se para que não corressem, podiam tropeçar. E para que tivessem cuidado com os carros:
      "dá a mão à mãe Jorginho, chamava o Pedro Bastos e a Ivone Shirley, ao mesmo tempo. "Tochan, tem cuidado, não atravesses à frente dos carros", dizia a Ninete. O Marques ficava muito sério a olhar para o filho, a impôr respeito.
      - Ó Géninha, despacha-te filha", dizia a Maria Augusta e o Ricardo, mas vendo que ela estava com a Lito da Ninete, já sabiam que iam ter uma tarde sossegada, porque as miúdas entendiam-se perfeitamente bem.
      Havia uma sala enorme, polivalente, tanto servia para sala de cinema, como para os artistas-amadores da terra levarem à cena as suas peças de teatro.
      Às vezes havia bailarico, com o conjunto "Oliveira Muge", prata da casa, ou com "Os Rebeldes" da Beira, que estava na berra, ambos de muita categoria.


      Direitos reservados. Reproduzir apenas com consentimento escrito da autora. Celeste.Cortez@hotmail.com

      NOTA DA AUTORA: Aqui deixo, mais uma vez, a minha homenagem à família da Maria Augusta, viúva do Ricardo, do Grémio, minha conterrânea, que faleceu em 2010, com avançada idade.
      Tive em 2009 o prazer de falar telefonicamente com a Ivone Shirley ( irmã do Rui,que era jogador de futebol no Sports Clube de Vila Pery). O Jorginho, filho da Ivone Shirley e do Pedro Bastos, menininho de dois anos na altura, levou as alianças do meu casamento. Hoje, a viver na Africa do Sul e o irmão mais novo em Perth, na Austrália, este já se encontrou com minha filha mais velha, a Sami, que também vive em Perth com o marido e filho, num jantar da comunidade/ou na Academia do Bacalhau. A Sami também, como o Jorginho e o Luis Bastos, nasceram em Vila Pery.

      Para todos e para os meus leitores, os meus desejos das maiores felicidades, Celeste Cortez

      Autora: Celeste de Almeida Campos Cortez Silvestre - pseudónimo literário: Celeste Cortez








      O DIA EM QUE CAIU GRANIZO




      O DIA EM QUE CAIU GRANIZO

      Este artigo inicialmente tinha 4 folhas A4, foi encurtado para concurso que limitava ao máximo de 2 folhas A4 a 2 espaços.

      1º.PRÉMIO DE TEXTO DA ACTIS - UNIVERSIDADE SÉNIOR DE SINTRA

      Através do vidro transparente da cortina que existe na minha imaginação, vejo cair o granizo no negro asfalto, pintando-o de branco, com brilhantes redondos a saltitar e diamantes a cintilar.
      É um espectáculo maravilhoso e incrível, olhar o céu cinzento e pesado, deixando cair diamantes leves, cintilantes e brilhantes redondos saltitantes, que nos foram oferecidos sem peso nem medida.
      Apetece-me correr para os apanhar. Mas há que esperar, não me precipitar. Aprendi que nem tudo que luz é ouro. Não se deve correr atrás de uma quimera.

      Digo à minha mente para retroceder. E recomeçar.

      Volto a olhar: Através do vidro transparente da cortina que existe na minha imaginação, vejo cair o granizo. É um espectáculo horroroso olhar o céu cinzento e pesado, deixando cair pedras que não são diamantes cintilantes nem brilhantes redondos saltitantes. O som faz doer a minha alma e sangrar o meu coração, ao ouvi-las cair na laje de mármore da campa dos meus mais remotos antepassados, na campa que é também dos meus avós, dos meus pais e do meu irmão Fernando.

      Logo hoje que meus pais faziam anos de casados e, os Anjos da terra, não puderam voar até ao Céu, por que estava cinzento e pesado, para lhes levarem um bolo feito por mim, com pedaços de ternura e de amor, salpicado de brilhantes saídos do meu coração e enfeitado com diamantes que irromperam dos meus olhos.

      Mas os Anjos do Céu também lhes tinham preparado uma festa especial. Consegui ver a mesa enfeitada (de rendas e tules, com lindas jarras de cristal com as mais belas flores), através
      do vidro transparente da cortina que existe na minha imaginação.

      Em preito de homenagem a meus antepassados, meus avós, pais e meu irmão Fernando, o irmão que toda a gente gostaria de ter, que faleceu a 02-03-2004.
      Celeste Cortez


















      terça-feira, 13 de julho de 2010

      O MEU PRIMEIRO BLOGUE

      Foto Tó Cortez 
                São 4 horas da manhã. A madrugada começa a dar a mão ao romper do dia 13 de Julho de 2010. 
                Comecei hoje apenas este blogue, que gostaria de ter iniciado à bastante tempo. Mas o engenho e a arte, não me ajudaram a tal. Não nasci na era das tecnologias, por isso tenho alguma inabilidade para me aventurar. Tem sido aos poucos. Hoje quando a minha neta Tânia (a minha Tanicas), veio de propósito para me abrir o blogue, a certa altura disse-me: avó, tens um blogue aberto! Eu sabia que tinha estado a tentar, tentar... mas quando chegava à altura de pôr o nome do blogue, tinha receio de continuar. Já no mês passado tinha pedido ao meu sobrinho Jorge Cortez para me iniciar um blogue. O que ele fez e lhe agradeço. Quando quis dar-lhe continuidade na escrita, escrevi, escrevi, e por fim apenas ficaram as 4 primeiras linhas. 
                Como fui de férias, parei. E ao voltar, o tempo mal chegou para tentar uma vez e outra, e, como parecia que não avançava, parei de vez.Pelos vistos, não tinha guardado a escrita!... Mas ficou o bichinho... vamos a ver se é desta. Se os outros conseguem fazer coisas bem feitas, nós também conseguimos. Trabalho e perseverança. O meu lema é este: Se trabalhar afincadamente, a sorte tende a vir para o meu lado.
                Quando as possibilidades passam ao nosso lado, temos de as saber aproveitar. Por vezes a sorte, a felicidade, estão ao nosso lado sem darmos por isso. Devemos tentar pegar-lhe. Se a deixamos ultrapassar-nos, temos de correr para a apanhar. Mas quando a apanharmos, devemos agradecer.
               Neste blogue (ou blog, como queira dependendo do país onde se encontrar), irei falando dos meus escritos - não só os livros que escrevi, o que publiquei, os que continuo a escrever, a poesia, as crónicas, as mensagens - sempre que tenha tempo. Que é o que mais me falta. Por mais estranho que pareça, ninguém tem tempo de sobra, ele parece correr, fugir.
                Naturalmente que irei deixar aqui registado APENAS tudo o que já foi registado nos lugares devidos, e o que foi publicado há muitos anos em jornais e revistas, ou dos quais recebi prémios. Por que, como a minha profissão actual é ser autora, - e um autor tem de publicar textos seus, inéditos - tudo o que esteja devidamente registado nas entidades competentes, não poderá ser copiado por outrém. Continuará a ser meu. As pessoas podem copiar referindo-se ao autor. O contrário será plagiar.
                Ter um blogue foi uma vitoria. Não nasci no tempo das novas tecnologias, como já disse, mas elas impõem-se no contexto actual. O mundo é cada vez mais competitivo. É bom aprender sempre. Se um dia não quiser aprender, é porque me desinteressei pela vida. É sempre possível fazer mais e melhor. Tenho ainda um longo caminho a percorrer. "Give it a try" "and give me time".
                Sinto-me mais realizada por ter subido este degrau, ainda que receosa e sem me poder ufanar da conquista. Receberei com humildade alguma ajuda, de quem vier por bem. Seja bem-vindo,pois. Antecipadamente bem haja.
                Um abraço especial. Costumo chamar-lhe o abraço dos Cortezes (meu e do meu marido): Ponha o braço esquerdo no ombro direito. Pressione. Ponha agora por cima o braço direito no ombro esquerdo. Pressione. Pressione com força. Mais força ainda. Esse é o calor do nosso abraço.
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