segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

DIA DE REIS -SAÚDADES DO MEU REI - O MEU SAUDOSO PAI, que nasceu neste dia.

     ARTUR DE CAMPOS SILVA - 6-1-1915-24-11-1973.
Querido e saudoso papá - Rei do meu coração: Hoje, 6-01-2021, se fosse vivo faria 106 anos. Há muito gente que atinge esta idade. Nasceu no dia Reis, no dia em que se cantam os Reis nas terras de Portugal. O papá foi o REI do meu coração, um rei que soube educar sem ralhar. Um Rei que só nos deixou bons exemplos. Relembro alguns: 
  • Recordo-o a visitar a cadeia da cidade da Beira onde viveu tantos anos e levar-me algumas vezes. Dizia-me que era para o ajudar a levar os biscoitos que a mamã tinha feito para os presos. Belo exemplo.
  •      Recordo-o em África, a tocar o seu bandolim ou o seu violino, sabendo tão pouca música mas tinha um tocar que vinha do coração, porque sentia a música, amava o ritmo. Recordo-o naquela noite de chuva intensa - chuvas de África - a regressar encharcado e apenas com uns pedaços partidos do violino, nas mãos, porque a chuva tinha invadido a parte baixa da vivenda e rebentado a mala de porão onde o guardava. E as suas lágrimas soltaram-se, pela primeira vez, à minha frente, ainda menina e moça. E eu sofri pela sua tristeza.
  •      Lembro-me quando ia visitar os pobres, em grupos da Ação Católica. 
  •       Foi padrinho de algumas crianças que já crescidas, se quiseram batizar na Igreja Católica: alguns chineses e alguns africanos. 
  • Recordo-o como parecia voltar a criança, cheio de alegria e felicidade,  quando finalizava uma demonstração dos grupos étnicos que ensaiava - Grupo Actor Eduardo Brazão e Solar dos Beirões.
NO MEIO DOS "MASCOTES" DO SOLAR DOS BEIRÕES

 














  •     Recordo-o quando, com o Sr. Paralta, no dia da inauguração da Rádio Pax, fomos fazer um pequeno teatro, lindo, lindo, que tinha escrito para a ocasião. 
  • Quando fazia poesia para os Teatros e Ranchos Folclóricos que ensaiava. 
  • Recordo-o vestido de estudante e eu também, no carro alegórico que representava Coimbra, no dia em que a Beira fez 50 anos e como se sentiu feliz por o nosso carro alegórico ter ganho PRIMEIRO PRÉMIO.  

  • Recordo, recordo como era bom para todos nós e como fazia o bem sem olhar a quem, e como fazia tudo sem dar nas vistas.  Vim a ter conhecimento que a capela da sua terra, onde o nosso Fernando esteve quando o seu corpo estava frio, tinha sido erigida com peditórios que organizou, principalmente através das cartas que enviou para os emigrantes da aldeia e da vila, que estavam no Brasil. Não sei como fez isto, se pensar na sua timidez. Ah, já sei: Pôs a timidez no bolso esquerdo e escreveu com a mão direita e com essa entregou também os donativos e, a capela, ali está, linda e grande. (Foi acabada com outros peditórios anos mais tarde). Mas o que interessa é a obra começada, com paredes, chão e telhado e isso foi feito e funcionou até muitos anos depois ser acabada.
  • Papá, aqui estou para lhe dizer como tenho saudades suas. Como me recordo que, por fazer anos no dia de Reis, íamos primeiro com um enorme grupo da Ação Católica e mais tarde da Rádio Pax, cantar a diversas casas, começando pela do Governador da Beira, pedindo para os pobres. Acabava a festa na sua casa papá, onde havia uma mesa posta com o tradicional bolo rei e outros bolos que a mamã confecionava para festejar o dia, o seu dia. 
  • E, acabo de me recordar, que numa visita ao Carregal, há uns anos, um senhor, que era de Alvarelhos, me confidenciou que o que sabia de leitura e escrita, tinha sido o papá a ensiná-lo, quando ambos eram crianças, porque naquela altura não havia escola na aldeia.  E que tinha ensinado outros que mais tarde vieram a ser comendadores. Muito me orgulho. O senhor, de que não me recordo o nome, pai da Zeza e da Mélita que tem uma loja de modas no Carregal, foi de certeza encontrar-se consigo no Céu. Também era boa pessoa. 
  •  Quem da família sabia que o papá era de "sangue azul"? Nunca falava disso, e eu só o soube há bem poucos anos, ao receber documentos que me enviaram e agora releio na Genealogia. Fiquei ainda mais certa que o papá era o arquétipo das pessoas que Deus precisa no Céu, quando tem falta de Anjos, por isso o chamou tão cedo. 
Hoje, por ser um dia especial, o dia de Reis, o dia do nascimento do meu querido pai, o meu primeiro Rei

que partiu para o Céu, daqui lhe envio um açafate de camélias, cada pétala beijada pelos filhos Celeste e Nelson, genro Tó e pelos netos e netas. 
    

     

Querido papá, continue a festa que os Anjos lhe prepararam no Céu. Até sempre.  









                                  
                                   




  














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