Gabriel Celaya –(1911-1991). La poesía es un arma cargada de futuro
Quando já nada se espera
particularmente exaltante,
mas palpitamos e seguimos aquém da consciência,
feramente existindo, cegamente afirmando
como um pulso que golpeia as trevas;
mas palpitamos e seguimos aquém da consciência,
feramente existindo, cegamente afirmando
como um pulso que golpeia as trevas;
quando miramos de frente
os vertiginosos olhos claros da morte;
dizemos as verdades:
as bárbaras, terríveis, amorosas crueldades.
os vertiginosos olhos claros da morte;
dizemos as verdades:
as bárbaras, terríveis, amorosas crueldades.
Dizemos os poemas que
enchem os pulmões
dos que, asfixiados,
pedem ser, pedem ritmo,
pedem lei para aquilo que sentem em excesso.
dos que, asfixiados,
pedem ser, pedem ritmo,
pedem lei para aquilo que sentem em excesso.
Com a velocidade do
instinto,
com o raio do prodígio,
como mágica evidência, o real que se transforma
no idêntico a si mesmo.
com o raio do prodígio,
como mágica evidência, o real que se transforma
no idêntico a si mesmo.
Poesia para o pobre, poesia
necessária
como o pão de cada dia,
como o ar que exigimos treze vezes por minuto,
para ser e, enquanto somos, dar o sim que glorifica.
como o pão de cada dia,
como o ar que exigimos treze vezes por minuto,
para ser e, enquanto somos, dar o sim que glorifica.
Porque vivemos aos
tropeços,
porque apenas nos deixam
dizer que somos quem somos,
os cânticos não podem ser sem pecado, um adorno.
Estamos chegando ao fundo!
porque apenas nos deixam
dizer que somos quem somos,
os cânticos não podem ser sem pecado, um adorno.
Estamos chegando ao fundo!
Maldigo a poesia concebida
como um luxo
cultural para os neutros,
que, lavando-se as mãos, se desentendem e evadem!
Maldigo a poesia de quem não toma partido,
partido até manchar-se!
cultural para os neutros,
que, lavando-se as mãos, se desentendem e evadem!
Maldigo a poesia de quem não toma partido,
partido até manchar-se!
Faço minhas as faltas.
Sinto em mim os que sofrem
e canto respirando.
Canto, e canto, e, cantando para lá de minhas penas, me amplio.
e canto respirando.
Canto, e canto, e, cantando para lá de minhas penas, me amplio.
Quisera dar-lhes vida,
provocar novos atos.
E calculo, por isso, com a técnica que posso.
Me sinto um engenheiro do verso e um operário
que forja com outros a Espanha em seus alicerces.
E calculo, por isso, com a técnica que posso.
Me sinto um engenheiro do verso e um operário
que forja com outros a Espanha em seus alicerces.
Assim é minha poesia: poesia-ferramenta,
ao mesmo tempo o pulsar do unânime e cego.
Assim é: arma carregada de futuro expansivo
que aponto o teu peito.
Não é uma poesia gota a gota pensada.
Não é um belo produto. Não um fruto perfeito.
É algo como o ar, que todos respiramos,
e é o canto que expande o que dentro levamos.
São palavras que repetimos sentindo como nossas
e voam.
São mais que o pensado:
são gritos no céu e na
terra, são atos.
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