domingo, 7 de agosto de 2016

A PENA E O TINTEIRO, Marquesa de Alorna

A Pena e o Tinteiro



Uma pena, presumida
De escrever grandes sentenças,
Falava das suas obras
Tão sublimes como extensas.



- "Sem mim, - disse ela ao tinteiro -
Pouca figura farias:
Cheio de um licor imundo,
Sem mim, triste, que serias?"



O tinteiro inspirado
Vazou logo a tinta fora,
E voltou-se para a pena,
Dizendo-lhe: - "Escreve agora!"



Assim responde aos ingratos
Muitas vezes a razão:
Muita gente há como a pena,
Como o tinteiro outros são.

Marquesa de Alorna


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