Pouco passa da meia noite do dia 29, dia em que José Pádua, o grande pintor que nasceu na Beira, Moçambique, faleceu. (Fotos de quadros seus neste blogue, procurando pelo nome: José Pádua
O pintor nasceu a 13-05-1934, na cidade da Beira, na época a 2ª. maior cidade de Moçambique.
Conheci José Pádua na Beira, conheci sua esposa e sua sogra.
Tó Cortez (meu marido) eu e José Pádua |
Nessa altura tirámos uma foto juntos que publiquei no facebook, isto em 2010.
Em 2011, pensei homenagear José Pádua, o artista, mas homenageei o José Pádua POETA, publicando um poema seu. Um poema de saudade. Saudade da sua terra, da sua Beira, terra de Moçambique.
A CASARIA E O ELÉCTRICO |
Não o fomos ver. Não sei se fiz bem ou mal, mas achei que não tinha esse direito, ele não estava com saúde para conversar com pessoas que, embora conhecesse, não eram amizades intímas.
Ontem à noite, ao dar uma vista de olhos nas notícias que aparecem no google, vi - apenas vi - o nome de José Pádua para saber que ele tinha partido. Tinha chegado a sua hora.
Peguei nas fotos que tinha de obras suas de pintura. Analisei-as mais profundamente do que nunca. Tinham um traço leve, pintura leve, mas mais não era nem é preciso para se ver o génio do artista, apesar de eu não pretender, por não saber, falar da sua obra. Ao abrir o google, sem procurar, veio parar debaixo dos meus olhos palavras especiais do seu amigo e grande escritor moçambicano MIA COUTO, como ele nascido na Beira, terra onde vivi precisamente um quarto de século.
..."Pincelada breve, magra, sugerindo apenas a forma e indicando a cor. Nas linhas do pintor moram lugares da minha infância, os subúrbios dessa meninice, a Munhava... Aqui parei. É que também morei neste bairro, embora por menos de um ano, quando tinha os meus 13 anos de idade. Lembranças acorreram. Recordações de saudade.
E Mia Couto continua na sua apreciação da pintura do grande JOSÉ PÁDUA ... " os meninos brincando com arcos, os pescadores esguios, as mulheres carregando água como se elas e o cântaro fossem um único desenho.
Não pude deixar de pensar no meu poema "Mãe Preta", que ganhou o 2º. prémio na Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil, na comparação das mulheres carregando o cântaro. Deixo aqui a 4ª.estrofe do poema:
Madrugada no lamacento caminho com lata d’água à cabeça já vem
Filho com amor aperta, olhos doces sonhando “sonhos de mãe”
Fogueira acende. Panela ao lume dos restos que no pilão havia.
A teta acaricia: Sorri com esperança para o filho que no colo tem.
E Mia Couto, na sua apreciação da pintura do grande José Pádua, termina: "Na pintura de Pádua... E um rio que poderia ter o nome de Punguè. Sim podia, acrescento eu, o nosso famoso Rio Punguè, que qualquer de nós atravessou algumas vezes.
A JOSÉ PÁDUA, ao pintor, ao homem de bem, aqui presto esta singela homenagem. E um dia voltaremos a encontrar-nos. À Adelaide sua esposa, que espero estar com ela amanhã, com um grande abraço os meus sentidos pêsames. E a sua filha, com quem falei através de mensagem no facebook em Fevereiro e a sua neta a quem deixei os meus pêsames, aqui lhes deixo um abraço, esperando renová-lo pessoalmente ainda no funeral, que será hoje, 4ª. feira, MISSA àS 15 HORAS NO SALÃO NOBRE DA CÂMARA MUNICIPAL DA AMADORA. A SEGUIR O FUNERAL SERÁ NO CEMITÉRIO DE CARNAXIDE.