É tema diário de
telejornais, rádios e imprensa a consumação de roubos; o fogo posto de que resulta um devastador incêndio;
a queda de uma aeronave que provoca uma mortandade;
a explosão criminosa de um carro armadilhado e outras notícias afins.
a queda de uma aeronave que provoca uma mortandade;
a explosão criminosa de um carro armadilhado e outras notícias afins.
São acontecimentos que, objectivamente, causam danos a
pessoas e bens. Provocam prejuízos concretos, fisicamente mensuráveis, que
sempre afectam alguém.
No entanto, nunca ouvimos ou lemos nos canais de
informação notícias do tipo:
“Foi roubada a Coragem
de fulano”; “Foi exterminada a Honestidade
de beltrano”;
“Foi eliminada uma grande quantidade de Optimismo de sicrano. Quem a encontrar é favor
devolvê-la para o apartado...”.
Ou então: “o incêndio destruiu toda a Fidelidade do senhor tal”
ou, ainda, “naufragou toda a Bondade
da senhora x”.
Pois é, nunca ouvimos falar que as virtudes de alguém
tenham sido alvo de assaltos ou de outra agressão qualquer. Claro que as
virtudes não constituem património material. Economicamente são irrelevantes.
Mas as virtudes são valores morais tão valiosos que podem dignificar e dar
dimensão humana exemplar a uma pessoa.
No entanto, todos sabemos que, diariamente, alguém é
espoliado da sua honradez quando aceita participar em negociatas indignas que
maculam a honestidade deste ou daquele cidadão, que sucumbe perante a oferta de
grandes quantias de dinheiro ou outros favorecimentos ilícitos.
Diz-se que todo o homem tem o seu preço. É o preço
inquantificável da perda da virtude. Quem se corrompe desmerece a virtude
original. Era afinal um virtual virtuoso, passe a expressão.
Quem verdadeiramente conquista uma virtude, jamais a
perde.
Quando o jovem funcionário judicial ignorou o pedido da
tutela para arquivar um processo de fraude porque o acusado é meu amigo e se
lembraria dele depois fê-lo porque tinha um compromisso sério com a própria
consciência.
E quando o superior lhe pediu satisfação ele argumentou
que o facto do acusado ser seu amigo não o poderia isentar da responsabilidade
dos seus actos. E que somente a falta de provas acusatórias poderia absolvê-lo,
o que não foi o caso.
Se esse virtuoso funcionário não tivesse firmeza de
carácter a sua consciência acusá-lo-ia de não ter conseguido resistir ao
assalto de corrupção de que fora alvo e, por isso, teria sido despojado dos
bens tão preciosos como são a fidelidade e a honestidade.
Sempre que alguém permita que as suas virtudes sejam
compradas ou roubadas, esse alguém ficará mais pobre espiritualmente.
Abraham Lincoln dizia que todos os homens são capazes de
suportar adversidades mas, se se quiser pôr à prova o carácter de um homem,
dê-se-lhe poder.
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