sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O PRIMADO DA BOA ACÇÃO; por Carlos Brandão de Almeida

O PRIMADO DA BOA ACÇÃO

N
os meus descuidados tempos da adolescência, fui um dia convidado a integrar um agrupamento de escuteiros sediado na paróquia de S. Domingos de Benfica, em Lisboa.
Recordo, vagamente, que a inicial motivação se firmou na ocupação lúdica que era proporcionada aos escutas. Porém, com o decorrer do tempo, fui constatando que, a par do entretenimento, os ensinamentos que nos eram ministrados tinham um alcance pedagógico mais profundo e que, pouco a pouco, íamos absorvendo conceitos e valores de alto sentido moral enriquecedorde uma correcta formação cívica e humanista.
Tenho ainda bem presente a máxima que nos era constantemente leccionada: o primado da boa acção. O escuteiro deveria ser o exemplo do bom cidadão. Diariamente, o nó do lenço cingido ao pescoço só era feito depois da prática de um acto de generosidade para com o semelhante necessitado. Que princípio mais sublime e mais cristão poderia ser transmitido ao jovem?
Hoje reconheço o quão valioso foi o contributo das práticas escutistas na minha formação cívica, pelo que é com extremo orgulho que reclamo os meus antecedentes escuteiros.
O Movimento Escutista Mundial foi criado por Baden-Powel há perto de cem anos e tinha como objectivo o desenvolvimento integral dos jovens procurando torná-los Homens conscientes, justos, solidários e activos dentro da Sociedade em que estavam inseridos.
Os ensinamentos que lhes são ministrados e as actividades que lhes são proporcionadas nos seus tempos livres visam a sua harmoniosa formação física, intelectual, social e espiritual.
Reconheçamos que, chegados ao século XXI, nunca esses objectivos se mostraram tão necessários de administrar à actual juventude, superassediada por toda a sorte de tentações nocivas à sua saúde e à sua mente.
Aos pais, aos párocos e outros educadores cabe o dever de proporcionar aos jovens ocupações lúdicas saudáveis e instrutivas. Nada melhor do que o Escutismo para atingir esse fim. Impõe-se um esforço de criação e desenvolvimento de meios atraentes para que a juventude se interesse pela actividade escutista onde impera o saudável contacto com a Mãe Natureza, a sã alegria de viver, a franca solidariedade para com os carentes, o enriquecimento intelectual e outras actividades benéficas para a formação integral do individuo.
É tempo da geração adulta apertar o nó do lenço e praticar a boa acção de ajudar os nossos jovens na manutenção e desenvolvimento das suas organizações juvenis.
Procuremos, como os escuteiros buscam, ser a gota de água que falta no grande oceano, que faz transbordar a humanidade e melhorar a sociedade.
                                Carlos Brandão de Almeida

09.10.2014

2 comentários:

  1. Penso que, aqui no Brasil, pelo menos, carecemos da oferta de boas atividades para os jovens, para tirá-los das viciações e da vida "eletrônica" que tanto os atraem. Teríamos um país melhor. Abraços, Angela

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  2. Querida Angela, no Brasil não têm escuteiros? Os meninos das escolas, que pertencem aos grupos de escuteiros, têm, aos fins de semana e nas férias, atividades lúdicas e culturais. Quanto à vida "eletrónica", partilhamos o mesmo problema. Aqui muitas crianças, principalmente aquelas que não estão em ATL - atividades de tempos livres - também passam seu tempo livre, manobrando os jogos de computador. Cada vez há menos vida familiar compartilhada. Bj.

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