O PRIMADO DA
BOA ACÇÃO
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os meus descuidados tempos da adolescência, fui um dia convidado a
integrar um agrupamento de escuteiros sediado na paróquia de S. Domingos de
Benfica, em Lisboa.
Recordo, vagamente, que a inicial motivação se firmou na ocupação
lúdica que era proporcionada aos escutas. Porém, com o decorrer do tempo, fui
constatando que, a par do entretenimento, os ensinamentos que nos eram
ministrados tinham um alcance pedagógico mais profundo e que, pouco a pouco,
íamos absorvendo conceitos e valores de alto sentido moral enriquecedorde uma
correcta formação cívica e humanista.
Tenho ainda bem presente a máxima que nos era constantemente
leccionada: o primado da boa acção. O escuteiro deveria ser o exemplo do bom
cidadão. Diariamente, o nó do lenço cingido ao pescoço só era feito depois da
prática de um acto de generosidade para com o semelhante necessitado. Que
princípio mais sublime e mais cristão poderia ser transmitido ao jovem?
Hoje reconheço o quão valioso foi o contributo das práticas escutistas
na minha formação cívica, pelo que é com extremo orgulho que reclamo os meus
antecedentes escuteiros.
O Movimento Escutista Mundial foi criado por Baden-Powel há perto de
cem anos e tinha como objectivo o desenvolvimento integral dos jovens
procurando torná-los Homens conscientes, justos, solidários e activos dentro da
Sociedade em que estavam inseridos.
Os ensinamentos que lhes são ministrados e as actividades que lhes são
proporcionadas nos seus tempos livres visam a sua harmoniosa formação física,
intelectual, social e espiritual.
Reconheçamos que, chegados ao século XXI, nunca esses objectivos se
mostraram tão necessários de administrar à actual juventude,
superassediada por toda a sorte de tentações nocivas à sua saúde e à sua mente.
Aos pais, aos párocos e outros educadores cabe o dever de proporcionar
aos jovens ocupações lúdicas saudáveis e instrutivas. Nada melhor do que o
Escutismo para atingir esse fim. Impõe-se um esforço de criação e desenvolvimento
de meios atraentes para que a juventude se interesse pela actividade escutista
onde impera o saudável contacto com a Mãe Natureza, a sã alegria de viver, a
franca solidariedade para com os carentes, o enriquecimento intelectual e
outras actividades benéficas para a formação integral do individuo.
É tempo da geração adulta apertar o nó do lenço e praticar a boa acção
de ajudar os nossos jovens na manutenção e desenvolvimento das suas
organizações juvenis.
Procuremos, como os escuteiros buscam, ser a gota de água que falta no
grande oceano, que faz transbordar a humanidade e melhorar a sociedade.
Carlos
Brandão de Almeida
09.10.2014
Penso que, aqui no Brasil, pelo menos, carecemos da oferta de boas atividades para os jovens, para tirá-los das viciações e da vida "eletrônica" que tanto os atraem. Teríamos um país melhor. Abraços, Angela
ResponderEliminarQuerida Angela, no Brasil não têm escuteiros? Os meninos das escolas, que pertencem aos grupos de escuteiros, têm, aos fins de semana e nas férias, atividades lúdicas e culturais. Quanto à vida "eletrónica", partilhamos o mesmo problema. Aqui muitas crianças, principalmente aquelas que não estão em ATL - atividades de tempos livres - também passam seu tempo livre, manobrando os jogos de computador. Cada vez há menos vida familiar compartilhada. Bj.
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