quarta-feira, 30 de outubro de 2013




POETISA - CECÍLIA MEIRELES,  nascida no Brasil, 
neta de avó natural dos Açores







CECÍLIA MEIRELES

 “Motivo”
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta
Irmão das coisas fugidias;
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou se passo
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo:
- Mais nada


domingo, 20 de outubro de 2013

USCSAL - UNIVERSIDADE SÉNIOR DE CARREGAL DO SAL


Parece que foi ontem! O primeiro ano letivo na Uscsal - Universidade Sénior de Carregal do Sal teve início a 19-3-2012 sendo de curta duração por o ano letivo oficialmente finalizar em Junho. 
A sessão foi iniciada pelo Presidente (ao centro de camisa branca) Inácio Figueiredo . Tendo sido mentora da Universidade Sénior e sendo sua cofundadora e também vice-presidente da Assembleia Geral, estou (na foto), a desejar aos professores e alunos um feliz ano letivo 2013-2014. 
O 2º.ano, que teve início em Outubro de 2012 completou-se em Junho de 2013. 
A cerimónia solene do início do 3º. ano letivo foi a 30 de Setembro de 2013, começando as aulas a 01 de Outubro corrente. 


A CORUJA, SIMBOLO DA USCSAL, foi feita em tecido pela artista Orísia Silvestre Nunes (minha sobrinha), aluna daquela universidade. 
Estas corujas são para colocar na lapela de alunos e professores, a maior para as senhoras e a mais pequena para a lapela do casaco dos homens. 

Tendo sido convidada pela nova direção para estar presente, na tarde de 30 de Setembro, na sessão solene de abertura deste 3º. ano letivo, como mentora e co-fundadora desta Universidade, foi-me feita oferta destas corujinhas em tecido. 

Na sessão solene proferiu uma palestra o novo Presidente eleito, Inácio Figueiredo, tendo eu de seguida saudado alunos e professores com palavras de agradecimento e de boas vindas aos professores - que cumprem a docência sem nada receberem -  e a alunos cessantes e aos que iam começar o novo ano letivo.
Na foto da esquerda para a direita: Orísia Silvestre Nunes, Celeste Cortez, Dr. Artur Jorge Saraiva, Sr. Inácio Figueiredo (Presidente da direção), Sr. Zeca Figueiredo (vice-presidente e José Castanheira, secretário. 

Finalizou a sessão o Presidente da Assembleia Geral Dr. Artur Saraiva. 

Seguiu-se um convívio muito salutar entre todos. 



HOMENAGEM PÓSTUMA AO CANTOR PORTUGUêS ANTÓNIO MOURÃO

          FALECEU na noite de 18 para 19 de Outubro, na Casa do Artista em Lisboa, o fadista ANTÓNIO MOURÃO, com 78 anos de idade. 



          Nasceu no dia 5-6-1935 no Montijo e foi-lhe posto o nome completo de António Manuel Dias Pequerrucho. 




          O seu maior êxito foi com "Oh tempo volta para trás", letra de Manuel Paião e música de Eduardo Damas.O artista fez algumas digressões ao estrangeiro cantando para as comunidades lusíadas. 
          Foi autor de algumas letras que interpretou cantando, como "aquilo que canto é fado", com música do maestro Ferrer Trindade. Celebrizou outras músicas como "Chiquita Morena".


          Afastou-se do mundo artístico nos anos 90, tendo o seu último trabalho gravado sido "Não há fado sem verdade" em 1989. 

          Mourão foi, pela sua voz bonita, diferente, pela sua interpretação tão original, um marco na História do Fado. 
Não se compreende como foi esquecido, nem se falou nele na candidatura do fado a património mundial. Houve emissão de selos dos CTT com 6 fadistas mas ele não foi lembrado.Com isso deve ter sofrido, mas nesta altura onde quer que se encontre, perdoou a todos com certeza. 

Obrigada António Mourão pelos bons momentos que passei a ouvir a sua voz. Descanse em paz.   


sábado, 19 de outubro de 2013

HOMENAGEM PÓSTUMA A VINICIUS DE MORAES, no dia do seu 100º.aniversário natalício


   VINICIUS DE MORAES

Poeta-letrista-compositor-cantor-diplomata-boémio-advogado-músico-critico de cinema, intitulava-se “O branco mais preto do Brasil”.

Nascido no Rio de Janeiro a 19-10-1913, filho e familiar de artistas (músicos e poetas) Vinícius de Moraes Era um homem plural pelas várias atividades que desenvolveu, nos vários amores que teve (dizem os seus biógrafos que teve oficialmente 9 mulheres) na diversidade da forma e estilo dos seus poemas,  desde os primeiros que deu à luz até aos últimos.
A sua obra poética está dividida em 3 partes:
a)- versos longos, tom bíblico-romântico, com espiritualidade católica e visionária;
b)- Formas clássicas respeitando o soneto de tradição camoniana e shakespeariana;
c)- Poesia livre onde inventa palavras, algumas bilíngues e onde faz uso de oralidade maliciosa.
Escreveu poesia como critica social, sendo mais conhecidos os poemas fortes, comoventes: “Balada dos mortos dos campos de concentração” “O operário em construção” e “A rosa de Hiroxima”

 Autor de mais de trezentas músicas,foi lançado postumamente em 1991 o “Livro de Letras”  onde estão mais de 300 letras de músicas de sua autoria, difundidas pelo mundo com o grande acontecimento cultural e musical que foi a bossa nova. Recordam-se de “Garota do Inapema”? Vinicius de Moraes, escreveu letras de fado para a nossa Amália Rodrigues e até fez um soneto, o soneto de fidelidade, no nosso Estoril, em 1939, que escolho para o recordarmos com saudade neste dia em que se celebra o seu 100º. Ano de nascimento.


Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Estoril - Portugal, 10.1939



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Atropelamento mortal

Atropelamento mortal
– Ruy Belo




Nalgum oásis do princípio ele fora
um fugitivo brilho no olhar de Deus
-a vida havia de lho lembrar muitas vezes.

Atravessou as nossas ruas entre gatos,
a chuva molhou-lhe as pobres botas cambadas.
Teve um banco de jardim, teve amigos, um deles o sol.
Sempre sem o saber procurou Deus.
Um dia foi campos fora atrás dele, perdeu o emprego
na Câmara Municipal. Teve mãe mas depois
nunca mais foi solução para ninguém.

Naquele dia a morte instalou-o
confortavelmente no céu. Lá se foi
com seus modos humanos, seus caprichos
e um notório acanhamento em público
(há-de a princípio faltar-lhe à-vontade entre os anjos).

Tinha o nome no registo, agora habita
nas planícies ilimitadas de Deus.
Nas suas costas ainda se derrama
a tarde interrompida.

Manhãs e manhãs desfilarão sobre ele,
caracóis cobrirão a memória daquele
que foi da sua infância como qualquer de nós.

Teve um nome de aqui, andou de boca em boca,
agora é Deus que para sempre o tem na voz.



Ruy BELO
Aquele Grande Rio Eufrates


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