ALMADA NEGREIROS
Almada Negreiros viveu entre 1893 e 1970 (77 anos)
José Sobral de Almada Negreiros, artista plástico e escritor, nasceu em
1893 em São Tomé e Príncipe, onde o pai era administrador do concelho da cidade.
Estudou no colégio jesuíta de Campolide, para onde entrou em 1900, aos sete anos
de idade, após a morte prematura da mãe, em 1896, e a partida definitiva do pai
para Paris nesse mesmo ano. Aí realizou os jornais manuscritos "República",
"Mundo" e "Pátria". Após o encerramento do colégio, frequentou entre 1910 e
1911, o liceu de Coimbra, de onde passou para a Escola Nacional de Belas Artes,
em Lisboa. Em 1915, integrado no grupo "Orpheu", centrou a sua polémica
ideológica numa crítica cerrada a uma geração e a um país que se deixava
representar por uma figura como Júlio Dantas. Mostrando se convicto de que
«Portugal há de abrir os olhos um dia», lançou, em 1917, um "Ultimatum Futurista
às Gerações Portuguesas do Século XX", precavendo as contra a «decadência
nacional», em que a «indiferença absorveu o patriotismo».
O percurso da sua carreira
multi-facetada multiplicou-se entre a caricatura, o desenho, a poesia, a prosa,
a dança, a cenografia, a coreografia e a pintura.
(texto extraído com a devida vénia da biografia feita por Luis Aguiar)
POESIA: A NOITE RIMADA
Almada Negreiros
Pela serra ao luar
ia um menino sozinho
sem sono pra se deitar.
Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.
Ia o menino a pensar
que há tanto por pensar
e a cidade a descansar.
Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.
Quem dorme sem ter pensado
deve ter sono emprestado
não é sono bem ganhado.
Ia o menino a pensar
como poder arranjar
muita força pra pensar.
Ia o menino a arranjar
muita força pra pensar
o próprio sonho ganhar
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