quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

viagem de saudade ao passado



Celeste Augusta Cortez Silvestre Portela. Carregal do Sal - 16-01-1923, Caxias 02-09-2010;


marido: Victor Leão Portela, nasceu no Cartaxo -faleceu 
em Caxias em Novembro 1980

José Silvestre Cortez, nascido em Carregal do Sal a 08-02-1918 - faleceu em Cascais 20-04-2000;


sua esposa: Celeste Mateus da Silveira Silvestre Cortez, nasceu na Beira - Moçambique em 1918 - faleceu em Cascais (92 anos) em 19-02-2010;





Antonio Silvestre dos Santos Amaral
pai do José, do Leonardo, da Orísia, da Celeste (Portela,acima)
do António Cortez Silvestre;

avô paterno do Jorge Silvestre Cortez que me ofereceu esta foto, da Nany, da Graça e do Albano;
da Orísia Silvestre (Nunes); Victor Silvestre; Antonio José Silvestre;
da Sami Cortez Silvestre (Veloso); da Bézinha Cortez Silvestre (Caratão) da Luisinha Cortez Silvestre (Papadimitriou)

do Victor Silvestre Portela


Fernando de Almeida Campos, filho de Artur de Campos e de Georgina Castanheira de Almeida Campos, 13-2-1945 - 02-03-2004; 




Maria de Lourdes dos Santos Cravo de Campos, filha de Luis Cravo e de Laura dos Santos Cravo, Figueira da Foz 26-12-1948 - Boston .U.A., 09-11-2010;

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A MELHOR PRENDA DE NATAL


A melhor prenda de Natal

Já havia algum tempo que o conhecia. Era um simpático ancião de aspecto lavado, figura meã já algo curvada pelo peso dos seus mais de oitenta anos. Tinha uns invejáveis olhos azuis que nos olhavam meigamente, tal como os dos avós contemplam os netos. Tinha sido funcionário das Finanças e era agora um viúvo sofrido.
O avozinho, como alguém o apelidara, deambulava matinalmente por aqueles cem metros onde o comércio se implantara, nas arcadas, perto da minha casa.
Quando ali me deslocava para matar o vício cafezeiro lá o via eu, ora se aquecendo numa réstia de sol, ora saboreando uma meia de leite, ora palestrando com o talhante, ou, ainda, na loja que era uma mescla de papelaria, retrosaria, venda de jornais e outras coisa mais, trocando impressões, recordações e confissões com a caixeira.
Um dia, quando entrei na loja para comprar um jornal, vislumbrei-o a um canto, folheando uma revista, aparentemente alheio ao que se passava em seu redor.
A empregada atendia uma senhora relativamente nova mas de postura e olhos fatigados, de certo espelho da vida madrasta que lhe ia consumindo a descorada juventude. Ao seu redor saltitava uma pequenita de cabelos louros e crespos e olhos deslumbrados perante a exposição, tão colorida, de uns tantos brinquedos. O seu vestidinho, meio surrado, denunciava a pobreza em que vivia.
A menina pegou num fofo ursinho de peluche que estava no balcão e, chegando-o a si, deu-lhe um abraço e, depois, voltou a pô-lo onde estava.
Vi então o meu vizinho. de olhos de avô, fazer um sinal à caixeira que, sem dar mostra de haver entendido o seu gesto, pegou no peluche e, a sorrir, deu-o à menina: “Toma, é para ti”, disse ela, “é uma prenda do Pai Natal”.
A pequenita segurou, hesitante, o brinquedo, quase não acreditando na oferta e a mãe, também a começo incrédula, desfez-se logo em mil agradecimentos.
Depois a senhora pagou a fita de nastro que comprara e, dando a mão à filha, saiu da loja.
A empregada sorriu quando eu comentei a situação. “Ele faz isto todos os anos”, explicou. “Gasta assim o seu subsídio de Natal e não quer que eu revele o seu segredo. Confessou-me que Deus não lhe tinha concedido a graça de ter sido pai. A sua esposa sofrera muito com isso e agora, lá no Céu, haveria de gostar de ver as crianças felizes.”
Naquele fim de tarde, vendo afastar-se vagarosamente aquele bom velho solitário, a custo reprimi uma teimosa lágrima.
O generoso gesto daquele homem fez-me, afinal, reconciliar com este mundo tão egoísta pois acabava de me proporcionar assistir à dádiva da melhor prenda de Natal.

Carlos Brandão de Almeida
2010-12-01

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Para Ti - poema de Mia Couto


2010 - Dezembro - 06 - NA UNIVERSIDADE SÉNIOR DEI AULAS "ENTRE A POESIA E A MAGIA DA NATUREZA. NA PARTE DE POESIA, DEMOS MIA COUTO. ENSAIÁMOS O QUE FIZ PARA O DIA 13 DESTE Mês, NOSSA FESTA DE NATAL. TODOS ENTRAMOS, todos colaboramos (eu e os alunos). O Victor Ricardo Pereira, vai dizer o poema de Mia Couto, PARA TI.

PARA TI: Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada e para ti foi tudo
Para ti dei voz às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos vivendo de um só
amando de uma só vida

in Raiz de Orvalho e Outros Poemas

Uma simples flor alegra a nossa vista. Magia da natureza. A flor acima, tipo cacto, nasce nas falésias, à beira mar, em Cascais.

Ela aqui fica a adornar um poema de MIA COUTO, que não precisa de adorno, que diz tudo em poucas linhas

HORÁRIO DO FIM:

Morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos

Morre-se tudo
quando não é o justo momento

e não é nunca
esse momento

A estrada por onde já não vamos. Nunca é o justo momento. Nunca. Nunca estamos preparados.

MIA COUTO nasceu na Beira, em 1955. Vive no Maputo. É escritor, poeta, biólogo.
Posted by Picasa
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