terça-feira, 26 de abril de 2011

rumor de asas: ALMA, SONHO, POESIA----------Fernanda de Castro

Rumor de asas: Alma, Sonho, Poesia--------Fernanda de Castro:


Entrei na vida
com armas de vencida;
alma, sonho, poesia.
quando eu cantava
o mundo ria
mas nada me importava:
cantava.

Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior.
Com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
de um lado, eu, do outro, o mundo.
e começou a luta desigual
do tigre e da gazela.

A vencida foi ela.
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos poetas? Triste glória…
Cinza de sonhos mortos? Magro fruto…
Oh, não, punhais e espadas!
Eu só quero cantar! Não quero ossadas
nem, sob os pés, um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, sonho e poesia…
Alma, sonho e poesia…

Fernanda de Castro in «39 Poemas», 1941

segunda-feira, 25 de abril de 2011

SERMÃO DE DOMINGO - DE J. VERDASCA

Letras à solta, o meu simples blogue, transcreve com a devida vénia este artigo do professor J. Verdasca, residente no Brasil.


A R E S S U R R E I Ç Ã O da P Á T R I A

No dia em que toda a Cristandade comemora a RESSUREIÇÃO de Jesus Cristo, crucificado entre - e junto - com um "bom" e um "mau ladrão", toda (ou quase toda) a Nação portuguesa assiste e aguarda - ansiosa e angustiada - à análise da nossa catastrófica situação económico-financeira por parte da chamada troyka (representantes do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da União Europeia), perguntar-nos-emos se - entre o ou os responsáveis pelo desastre ou morte lenta por todos assistida e acompanhada, por muitos prevista e por alguns anunciada, haverá algum crucificado, e, em caso AFIRMATIVO, se o será entre UM BOM E UM MAU LADRÃO, ESTES TALVEZ FÁCEIS DE ENCONTRAR, na eventualidade de toda a responsabilidade caber a quem deu as ordens, ficando isento ou isentos aqueles que - irracionalmente - se limitou e ou limitaram a obedecer, merecendo, deste modo, aquela distinção. Isto porque - sem sombra de dúvida - haverá um responsável.

A caminhada para o precipício e a respetiva queda que agora se verificou, talvez possa ser comparada com o desastre de Alkacer Quibir e a perda da independência para os espanhois, durante sessenta longos anos, se bem que - esperamos - a RESSURREIÇÃO se possa verificar em um periodo bem mais curto, isto na eventualidade de o povo português ganhar coragem e juízo, para ser capaz de arrepiar caminho, para o que necessita mudar de hábitos e costumes, de métodos e processos, de conceitos e REGÍMES - ou seja e, definitivamente, de CULTURA - para adoptar, seria e definitivamente, um proceder onde a gastança NÃO TENHA LUGAR, onde o estilo de vida respeite o orçamento familiar, onde a esperteza não leve à imoral dependência do Estado, onde a política não seja um desonesto meio de vida, mas, antes, as forças individuais e as potencialidades coletivas estejam voltadas para a produção de riqueza, no interesse de todos e de cada um.

Mas a mensagem que gostaria de passar, neste dia especial em que celebramos a Páscoa da Ressurreição, é uma mensagem de esperança e otimismo, recomendando que - hoje mesmo - se inicie a RESTAURAÇÃO, ou, melhor, a RESSURREIÇÃO de todos e de cada um, portanto da Nação e do Estado, da moral e dos bons costumes, da economia e dea poupança, da produção e do aperfeiçoamento, da boa visinhança e da DIGNIDADE, mudando o rumo da NAU da GOVERNAÇÃO, exigindo parcimónia nos gastos e nas gratificações, impondo restrições aos exageros e aos luxos descabidos, acabando com os abusos de chefes e impedidos, cobrando eficiência e eficácia, ou seja, RESULTADOS, sem excepções, sem perdões, sem contemplações. E, de uma vez por todas, QUE TODOS SEJAM IGUAIS PERANTE A LEI, IMPLANTANDO A JUSTIÇA NA IGUALDADE DE ARISTÓTELES, A QUAL, SEGUNDO O GRANDE MESTRE : "Consiste em tratar desigualmente os seres desiguais, na medida em que se desigualem".

S.Paulo, PÁSCOA - 2011
JVerdasca - FELIZ PÁSCOA -





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