sábado, 30 de abril de 2016

POEMA DE AUGUSTO GIL - LUAR DE JANEIRO

POEMA DE AUGUSTO GIL – (1873-1929)

LUAR DE JANEIRO

A Coelho de Carvalho
Luar de Janeiro,
Fria claridade
Á luz dele foi talvez
Que primeiro
A boca dum português
Disse a palavra saudade...

Luar de platina,
Luar que alumia
Mas que não aquece,
Fotografia
Da alegre menina
Que há muitos anos já... envelhecesse.

Luar de Janeiro,
O gelo tornado
Luminosidade...
Rosa sem cheiro,
Amor passado
De que ficasse apenas a amizade...

Luar das nevadas,
Álgido e lindo,
Janelas fechadas,
Fechadas as portas
E ele fulgindo,
Límpido e lindo,
Como boquinhas de crianças mortas,
Na morte geladas
E ainda sorrindo...

Luar de Janeiro,
Luzente candeia
De quem não tem nada,
Nem o calor dum braseiro,
Nem pão duro para a ceia,
Nem uma pobre morada...

Luar dos poetas e dos miseráveis,
Como se um laço estreito nos unisse,
São similares
O nosso mau destino e o que tens...
De nós, da nossa dor, a turba ri-se
E a ti, sagrado ladram-te os cães!

Luar de Janeiro, foi o título de um livro de poemas de Augusto Gil. publicado em 1909. A escritora Celeste Cortez, autora deste blogue,  tem este poema escrito na língua portuguesa de 1909. Em caso de interesse, deixe o pedido no seu comentário (ao fundo desta página aparece-lhe com um pequeno desenho do tipo de um lápis). Será respondido dentro da possível brevidade, se deixar o seu email.    

DIA DA MÃE - 2016 - ÀS NOSSAS MÃES

                        
                        ÀS NOSSAS MÃES


MÃE  *
 De  Celeste Cortez

Mãe candura
Mãe que embala
Mãe que educa
Mãe doçura
Mãe que reparte
Mãe que dá amor
Mãe que faz meiguice
Mãe ternura

Mãe que sabe dizer não
Mãe que reza 
Mãe de alma pura
Mãe sem igual
Mãe força da natureza




        Mãe:
                                 – A minha… A tua… A nossa…
         Mãe é toda igual

                         * Do livro " P. de Poesia "
                          
                         * Toda a publicação poderá ser repassada, desde que                                          assegurados os direitos de autor. 





quinta-feira, 21 de abril de 2016

parsianismo - simbolismo - movimentos literários

(1) Parnasianismo Movimento literário que se originou na França, em Paris, representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.

Nasceu com a publicação de uma série de poesias. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas, uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da Antiguidade Clássica.
Havia uma grande preocupação com a forma que se dava aos poemas, com rimas ricas em forma de sonetos, duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos, sendo. a "chave" do texto colocada no último verso.
. Os assuntos preferidos deste período são os factos históricos, objectos e a descrição de paisagens.

(2)Simbolismo - A partir de 1890, começou a ultrapassar o Parnasianismo. O simbolismo é um movimento literário surgido também em França, que se opõe ao Realismo, já que o poeta fala de si próprio, do seu eu, do sonho e do espiritualismo das religiões orientais.

POETA - AUGUSTO GIL - BIBLIOGRAFIA

POETA - Augusto Gil – 1870-1929 



          Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 31 de Julho de 1870; por um acaso, pois a sua mãe  encontrava-se ali acidentalmente. E viria a falecer a 26 de Fevereiro de 1929, em Lisboa. Passou a infância na Guarda, a "sagrada Beira", de cujo ambiente encontramos reflexos em alguns dos seus melhores versos, e de onde os pais eram oriundos.

 Em Coimbra para onde foi cursar Direito na sua Universidade, “havia a mais profunda barafunda no tocante a literatura” – como ele próprio o documenta – desde as lufadas da escola romântica às constantes e curtas novidades “que vinham de França, em caixotes, mensalmente: instrumentismo, simbolismo, decadentismo, neo-religiosismo…”.
          Começou a exercer advocacia em Lisboa, mais tarde ingressou no funcionalismo público, onde chegou a ser director-geral das Belas-Artes.


          Foi na poesia que o autor mais se destacou, ligando a imaginação simbolista a um lirismo e sátira popularizáveis. Talvez por isso fosse tanto do agrado das massas populares.
          Qualquer motivo banal lhe servia para fazer versos. Inspira-se na natureza, nos pobres, temas que torna acessíveis e realistas, dando-lhes um raro sentido de ritmo.

Na sua poesia notam-se influências do lirismo de António Nobre pelo que também se pode afirmar que se insere numa perspetiva neo-romântica nacionalista. 



Apesar de estar bem divulgada, a sua obra carece ainda de um estudo aprofundado, embora alguns autores lhe tenham dedicado atenção, como o cunhado do poeta Ladislau Patrício, escritor, humanista, médico, que veio a falecer em 1967.
Apesar dessa falha ainda não colmatada, o nome de Augusto Gil ocupa um lugar de destaque na literatura portuguesa.

Augusto Gil foi contemporâneo de João de Deus (1830-1896) (lembram-se da "Cartilha Maternal"?), Eugénio de Castro (1869-1944) e Afonso Lopes Vieira (1878-1946).

As suas produções, entre o sentimental e o naturalista, tornaram-no quase tão popular como Guerra Junqueiro, sobretudo depois da publicação de “Luar de Janeiro”,(publicado em 1909) que teve várias reedições.

Na sua poesia notam-se influências do parnasianismo (*) sobretudo nos primeiros livros, quer de João de Deus e do seu domínio do soneto, quer de Cesário Verde no tom realista da descrição urbana e no coloquialismo; percebe-se igualmente alguma assimilação dos processos simbolistas (*)nomeadamente de Verlaine e de Eugénio de Castro (1869-1944). Influenciado também pelo lirismo de António Nobre (1867-1900), a sua poesia insere-se numa perspetiva neo-romântica nacionalista.

Com efeito, deste encontro de tendências ressalta a sua característica pessoal: a sua sensibilidade tipicamente portuguesa, de um lirismo terno e suave, atravessado de um humor agreste de auto ironia.
Augusto Gilm na sua simplicidade, considerava-se um poeta menor, que não o era, podendo afirmar-se que foi um bom versejador, pois é notável a forma e destreza como a quadra popular e o escrúpulo que põe tanto na forma como na metrificação.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos do seu livro Alba Plena: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...”

Consulte poemas de Augusto Gil, neste blogue, procurando por: Poeta Augusto Gil - Poemas; 
Procure: Natal - o menino brincando;
O passeio de S.António;
Luar de Janeiro;  

Bibliografia:Poesia: Livros publicados: 
Musa Cérula (1894), Versos (1898), Luar de Janeiro (1909), O Canto da Cigarra (1910), Sombra de Fumo (1915), Alba Plena (1916), O Craveiro da Janela (1920), Avena Rústica (1927) e Rosas desta Manhã (1930).

Crónicas:
Gente de Palmo e Meio (1913).

* Há blogues que referem que o poeta Augusto Gil nasceu em 1870, outros referem 1873. 
Procure poemas do poeta em outras páginas deste blogue. 
* Explicamos em outra página. Procure por Parsianismo




sábado, 16 de abril de 2016

São Francisco

Rio de Janeiro , 1970

VINICIUS DE MORAES

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.

Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesuscristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos. 

domingo, 10 de abril de 2016

vídeo: óh rama óh que linda rama... DIÁSPORA GOESA EM PORTUGAL


       


Numa viagem de sons e bailados que traduzem a diáspora de gentes que vieram da antiga India Portuguesa, muitos já nascidos em Portugal, mas que tendo ouvido estas canções dos lábios doces de suas mães os guardaram nos seus corações para os partilharem com quem os queira ouvir. 

Foram estes sons que preencheram na tarde de sábado, dia 09 de Abril de 2016, pelas 18 horas, o coração e a alma de quantos estiveram na sala da ALA - Academia de Letras e Artes, no Monte Estoril. 
Mais direi nas minhas página do Facebook "Celeste Cortez" e na minha página do facebook, de autora: "Celeste Cortez autora" 
Também partilharei mais músicas e fotos se isso me for possível. 

     
 O Grupo "Gâmât" (que quer dizer Divertimento), trouxe até nós o melhor da música goesa. Algumas em composição de Jerónimo Araújo da Silva, outros temas tradicionais daquela Goa longínqua que lhes deixou saudades. 

       Foi uma tarde que gerou a "unidade goesa" em tantos goeses que ali se encontravam e, a música, como língua universal, uniu todos os presentes, qualquer que fosse a sua nacionalidade. 

Nós e todos os que tiveram o prazer de se encontrar esta tarde a ouvir o Grupo Gâmât, nada mais nos resta do que dizer "obrigada, voltem sempre" .
       
Amigos: Juntem-se a nós e ao Grupo Gâmât e cantemos a canção tão portuguesa "Óh rama óh que linda rama..."





A linda e primorosa bailarina que inspirada numa lenda hindú nos deliciou com belos bailados. 

Vídeo. Óh rama óh que linda rama...pelo Grupo "Gâmât" da Casa de Goa, em Lisboa.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

poema . ao volante do chevrolet pela estrada de Sintra - Fernando Pessoa/Álvaro de Campos

(Literatura comparada: Leia Wait Withman - A canção 

Fernando Pessoa/Álvaro de Campos /11-5-1928)  

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.
Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?

Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...
11-5-1928

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa

POEMA. CANTO DA ESTRADA ABERTA - WALT WHITMAN

Como comparação (literatura comparada), leia também Fernando Pessoa/Alberto Caeiro: Poema "Pela estrada de Sintra"


CANTO DA ESTRADA ABERTA (Walt Whitman)

A pé e de coração leve
Eu enveredo pela estrada aberta,
Saudável, livre, o mundo à minha frente,
À minha frente o longo atalho pardo
Levando-me aonde eu queria.

Daqui em diante não peço mais boa-sorte,
Boa-sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
Não transfiro, não careço de nada;
Nada de queixas atrás das portas,
De bibliotecas, de tristonhas críticas;
Forte e contente vou eu
Pela estrada aberta.

A terra é quanto basta:
Eu não quero as constelações mais perto
Nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
Onde se acham, sei que são suficientes
Para os que estão em relação com elas.

(Carrego ainda aqui
os meus antigos fardos de delícias,
carrego – homens e mulheres –
carrego-os comigo por onde eu vou,
confesso que é impossível para mim
ficar sem eles: deles estou recheado
e em troca eu os recheio.)

A terra a se expandir
À esquerda e à direita,
Pintura viva – cada parte com
A luz mais adequada,
A música a se ouvir onde faz falta
E a se calar onde não é querida,
A jubilosa voz da estrada aberta,
A alegre e fresca sensação da estrada.

Ó estrada que percorro, é a mim que dizes
“não me deixes”?
Dizes “não te aventures, se me deixas
Estás perdido”?
Dizes “já estou preparada,
Bem batida e transitada,
Fica comigo”?
Ó estrada minha e de todos,
O que lhe posso dizer
É que não tenho medo de deixa-la,
Por mais que a ame: você me expressa melhor
Do que eu expresso a mim mesmo,
Você há de ser para mim
Mais do que o meu poema.

...

Allons! Nós não devemos
Ficar aqui parados, por mais doces
Que sejam estes armazéns fornidos,
Por mais conveniente
Que pareça esta casa, nós aqui
Não podemos ficar,
Por mais abrigado que seja o porto
E por mais calmas que estas águas sejam,
Aqui nós não devemos ancorar;
Por mais acolhedora
Que seja a hospitalidade que nos cerca,
Não nos é permitida desfruta-la
Senão por bem pouco tempo.

Ouça-me! Eu vou ser franco com você:
Não ofereço velhos prêmios fáceis,
O que ofereço são novos prêmios difíceis.
Eis como hão de ser os dias que lhe podem suceder:
Você não acumulará riquezas, assim chamadas,
Distribuirá com mão pródiga
Tudo o que venha a adquirir ou ganhar,
Nem bem chegando à cidade à qual era destinado
Dificilmente se há de estabelecer
E ter alguma satisfação
sem que ouça um apelo irresistível
a de novo partir,
terá de acostumar-se às zombarias
e aos risinhos irônicos
dos que foram ficando para trás,
aos acenos de amor
que receber
você dará em resposta
somente apaixonados beijos de despedida,
e não permitirá
o abraço das pessoas que vierem
com as mãos suplicantes
em sua direção. 

SONHO AMEAÇADO - POEMA DE JOÃO COELHO DOS SANTOS

SONHO AMEAÇADO


Quando vê alguém morrer,
Sente que o sonho foi ameaçado
E que maior valor à vida deve dar.
Na bebedeira de orvalhos e brisas
Em palavras frágeis, palavras fáceis,
É altura de fazer novo exame da memória,
Da inteligência, da vontade, do querer.

O poeta habita espaços siderais, 
(digo-o uma vez mais)
Tudo quer e nada o satisfaz.
Seu coração com presságios e súplicas, 
Mentiras, juras e desamores
Atravessa Verões e Invernos
Aguardando sempre Primaveras de flores.

Na penumbra cortada por espadas de luz
Ele aí vai, atarefado, em desatino, com frio destino,
Em reminiscências de fenícios, celtas e árabes
Agora marcado, sem sonhos, ansioso por sonhar
Nos seios abandonados da madrugada.
Embalado em nuvem baça, pesada e densa,
Ora compaixão sente, ora compaixão vê
E vacila, mas não deve…
A estrela treme, mas não cai.


de JOÃO COELHO DOS SANTOS 
Do livro 70 - SETENTA - 70
lançamento dia 23 de junho de 2014 nos
Paços do Concelho de Lisboa




quinta-feira, 7 de abril de 2016

POEMA "NA MÃO DE DEUS" de ANTERO DE QUENTAL

Na Mão de Deus
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternament
e!

Antero de Quental, in "Sonetos"
 
   POETA – ANTERO DE QUENTAL (um dos nossos melhores sonetistas)
   AÇORES  18 Abr 1842 // escolheu morrer a 11 Set 1891
   Poeta/Filósofo/Político (agitador político no tempo de D. Luis)

Análise: “Na mão de Deus”, o poeta remete ao pensamento de que o seu conflito ideológico religioso e    existencial tenha chegado a um resultado, ou seja, tenha o mesmo se encontrado, quando escreve:

“Na mão de Deus, na sua mão direita/descansou afinal meu coração/Do palácio encantado da   ilusão/Desci passo a passo a escada estreita”.

O coração descansou na mão direita de Deus. E a sua alma? Esperemos que durma na mão de Deus eternamente, como diz no último verso deste poema. (Celeste Cortez)



1. Compara o sentido dos versos  1 e 2 com o dos versos 13-14.

2. Que outros dois versos sintetizam o mesmo sentido de renúncia?

3. Relativamente à ideia de renúncia, de resignação, seleccionar:

a)- os verbos que melhor a traduzem;
b)- as comparações que a reforçam;

4. Relacionar sono e morte.


segunda-feira, 4 de abril de 2016

ECOS... DA MINHA ESCRITA

         
Copiado com as devidas vénias do blogue: Portugalidade:
Decorreu ontem, na sede da ALA, no Monte Estoril, a cerimónia pública de lançamento do livro “Mãe Preta”, o segundo romance da autoria da escritora e académica Celeste Cortez.

         A apresentação, feita pelo Comendador Joaquim Baraona, Vice-Presidente da ALA, sublinhou:  o vínculo forte que a obra apresenta relativamente à presença Portuguesa em África, bem como o apelo permanente ao Amor no seu sentido mais puro e fugaz que, sendo de primeira importância para o sustento da humanidade, tanto vai faltando nos dias que correm. Para além destes e doutros aspectos importantes para a compreensão da obra. 
O Sr. comendador Joaquim Baraona descreveu ainda;  a importância deste “Mãe Preta” para a interpretação de alguns dos mais significativos episódios da História de Portugal, com especial relevo para aqueles que acompanharam o relacionamento entre o País e as suas antigas Províncias Ultramarinas.

        Antes do encerramento da sessão o dizedor de poesia Jorge Viegas declamou ainda um poema da autoria de Celeste Cortez que antecedeu a apresentação de um filme sobre África, feito por uma neta da escritora, contextualizando a obra agora apresentada.







EU ME CONFESSO - III

EU ME CONFESSO - CONTINUAÇÃO DE APANHADOS SOBRE A MINHA ESCRITA:          


      Escrevi mais romances, mais livros de criança, mais poesia, do que publiquei. Muito mais. Mas as editoras, pelo menos as que tenho contatado são dispendiosas. 

Haverá editoras que publicam gratuitamente, ou que de acordo com percentagens a receber do produto da venda do livro, se consideram pagas. Eu não tive até hoje essa sorte.  
Tenho livros acabados outros que "estão presos por um fio", como se costuma dizer,  para finalização. Razão? Repito, falta de verba para publicação.

      Não posso nem quero dar a ideia de que escrever romances, é por os dedos no computador e de seguida colocar um papel na impressora, carregar e já saiu o livro pronto... Para fazer um livro há que lhe dar muitas voltas, embora me sinta muito agradecida por ter sempre facilidade em escrever, por nunca chegar ao computador e ficar a olhar para a folha em branco. 
       Felizmente tenho tantas ideias, que escrevo, escrevo, escrevo e por fim levo meses a cortar, cortar, cortar, precisamente por saber que a publicação é cara, não convém ter livros demasiado grandes. Quando corto na escrita, há que voltar a ligar todos os capítulos. É o que mais custa: cortar o que nos parece certo, o que escrevemos por acharmos ser necessário e, depois termos de cortar. Dói o coração, porque há ali parte de nós, há ali o que se escreveu com amor e com dor. Dor de costas, dor do tempo que se perdeu!... Mas, desculpem a repetição,  um livro demasiado grande, fica caro e não é fácil ser aceite pelas editoras. A não ser a autores consagrados. 


          Dizer que é tudo fácil, ou tem sido tudo simples para mim na escrita, não é assim. Às vezes, muitas vezes, não consigo encontrar um nome para um personagem! Dirão: Coisa mais fácil. Será, mas não para mim. Comparo os nomes aos nomes dos meus amigos e amigas. Olha se a Teresa, que é minha amiga,  pensa que esta pérfida Teresa é ela. E mais ainda: Se a Teresa pensa que este é um capítulo da sua vida, mas camuflado pela sua amiga escritora? 
         Também tenho dificuldade e muita, a acabar o livro. Como finalizar? Por isso continuo a escrever, escrever, escrever... e no fim corto, corto, corto. Afinal subo ao céu ou desço ao inferno, que é como quem diz em bom português "suo as estopinhas", para dar aos meus leitores um fim que eles adorem, ou seja, uma amostra do céu... que eles merecem.  Será que nem sempre o consegui? Tenho a consciência de que tentei.   
Eu sou assim, pelos meus leitores, faço o meu melhor.  Sei que eles me recompensarão comprando os meus livros, fazendo publicidade na sua página de facebook, no seu blogue,  recomendando-os aos seus amigos e, sempre que um amigo ou familiar faz anos, lá vão eles comprar um livro meu para lhe oferecerem.


Que mensagem quer passar? Perguntam-me.  

R – Quero passar uma mensagem de amor fraternal, de amor entre as pessoas, o ser humano, e uma mensagem de paz. É isso que tenho em mente sempre que escrevo. Faz parte de mim, é minha obrigação passá-la.
          Não poderia acabar este artigo, sem desejar aos meus leitores, a melhor leitura, a leitura e releitura dos meus livros. 

           E desejar-lhes também muita saúde, felicidade e paz.  


Celeste Cortez   

ESCRITA - ESCREVER É ESQUECER (FERNANDO PESSOA)

Escrever é Esquecer (Fernando Pessoa)
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. 

A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm.

A primeira, (a música)   porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; 
As segundas, Artes visuais e Artes vivas, como a dança e no representar)  contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. 
Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'


CAMÕES - OS MONUMENTOS, AS HOMENAGENS

APONTAMENTOS

monumento a Camões, instalado em 1867
na Praça Luís de Camões, em Lisboa. 
POETA - LUIS VAZ DE CAMÕES  - Depois de ter estado na India, em Macau, em Moçambique, regressou a Portugal a bordo da NAU SANTA CLARA, que chegou a CASCAIS a 7 de abril de 1570.

Finalizou a obra intitulada "OS LUSIADAS", escrita em verso sobre a Epopeia dos Descobrimentos Lusitanos e apresentou-os em recita ao rei D. Sebastião. Este determinou que o trabalho fosse publicado em 1572 e concedeu-lhe uma pequena pensão em pagamento dos serviços que Luís de Camões prestara como militar.
a  Poeta  Celeste Cortez a 10-6-2014,
homenageando Camões,
em frente à sua estátua, em Lisboa. 
Vários monumentos foram erguidos em sua honra, destacando-se o grande Monumento a Camões instalado em 1867 na Praça Luís de Camões, em Lisboa, de autoria de Victor Bastos, e que é o centro de cerimónias públicas oficiais e manifestações populares
Grupo de poetas da APP, vendo-se em primeiro plano
a poeta Aline Mamede
na 2ª. fila de óculos escuros a poeta Celeste Cortez 
          Luis de Camões, é homenageado em muitos lugares do Mundo, principalmente onde haja comunidades portuguesas, mas principalmente em Portugal, no dia 10 de Junho de cada ano. Poetas anónimos e em grupo, vão depositar flores ou dizer poesia alusiva ao autor de "Os Lusíadas".
Nesta página algumas fotos de poetas que num grupo da Associação Portuguesa de Poetas, homenagearam o maior dos poetas. 

Também foi homenageado em composições musicais, apareceu com sua efígie em medalhas, cédulas monetárias, selos e moedas, e como personagem em romances, poesias e peças teatrais. O filme Camões, realizado por José Leitão de Barros, foi a primeira película portuguesa a participar do Festival de Cannes, em 1946. Entre os artistas célebres que o tomaram como modelo para suas obras se contam Bordalo PinheiroJosé Simões de AlmeidaFrancisco Augusto Metrass, António Soares dos Reis, Horace Vernet, José Malhoa, Vieira PortuenseDomingos Sequeira e Lagoa Henriques Uma cratera no planeta Mercúrio e um asteroide da cintura principal receberam o seu nome.

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