sexta-feira, 17 de julho de 2015

POEMA - MORRI - HOMENAGEM A MARIA BARROSO, dizedora de poesia













     MORRI
     Preguiçosa acordou a manhã.
     Corre a notícia de que morri.
     Ouvi e li,
     Sem ver a data do jornal,
     Mas lá está – morri! 
     Não faz mal…
     Morrer, tenho a certeza,
     É o simples e esperado ocaso,
     No dever e respeito à Natureza.
     No interior da morte,
     Não perdi o norte.
     Despojada de elementos materiais,
     Afinal bem banais,
     Vou, bem arranjada,
     Aprumada e asseada,  
     Com meu fato de enterro,
     Pronta para a celestial festa.
     Foi desta!
     Durante a terrena vida, dia após dia,
     Aprofundei a pura essência
     Do encanto da poesia
     E da surpreendente ciência.
     Não me contentei com o existir.
     Fragmentei o tempo, antes de partir.
    Quase sem aviso, regressei ao Paraíso
    Donde um dia saí, em missão na Terra.
    Espalhei a paz, lutei contra a guerra.
    No fim da longa estrada
    Senti, enfim, alguma fadiga
    De jubilosa jornada.
    Não me faltou mão amiga!

    No desfilar de sombras na aragem
    Uma, lutuosa, me envolve.
    Esquecida da saudade,
    Qual animado saltimbanco,
    Para radioso céu azul e branco
    Parti sem bagagem
    Na derradeira viagem.
    Vou continuar a falar-vos, sem dor,
    De Deus, de Paz, de Justiça e de Amor.
    Não me choreis. Recordai-me com alegria!
    Adeus, amigos, adeus! Até um dia!
    Inédito de João Coelho dos Santos - Do livro no prelo 
     "NA ESQUINA DA VIDA"


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