sábado, 31 de janeiro de 2015

PORCELANA PINTADA À MÃO POR CELESTE CORTEZ


 Flôr de lótus é o nome da flor pintada neste prato. Imitação dos famosos pratos Companhia das Índias.
Este foi pintado por mim, em 1999, mas por esquecimento não tem data.

     Todos temos uma história, até os pratos têm a sua história. A deste é bem simples. Mas bela, como belas são todas as histórias simples. Vou partilhar convosco este segredinho:
     - Este prato não é da melhor porcelana, isto é, não é porcelana de primeira. E, derradeiro (último) de um conjunto, acabou por ser utilizado para apanhar a água de um pequeno vaso, quando se regava a planta que o vaso continha. Era uma planta bela, merecia o lindo vaso e o prato.
     Mas um dia... já repararam que há sempre um dia que muda tudo? Ou que muda coisas ou atitudes que virão mudar, quantas vezes para melhor, a nossa vida?  Esse dia também chegou para o pratinho. E ele, em vez de ficar a aparar a água que gotejava do vaso quando se regava a planta, foi muito bem lavado, bem limpo, limpo com carinho,  com um algodão embebido em álcool para lhe tirar qualquer impureza. Por fim, passou-se-lhe o desenho de uma flor de lótus, igual aos que há nos pratos da Companhia das Índias e pintou-se.  
    Quem fez esse trabalho fui eu. Desde a recuperação do pratinho, à limpeza, ao passar o desenho, ao pintar as cores. A flor de lótus tem de ser igual às que os pratos Companhia das Índias ostentam. Pratos que são famosos em todo o mundo. Há muito mais cores de flor de lótus, desde o branco, passando pelo rosa, lilás, amarelo, etc. Não vacilei em escolher a cor vermelha, embora o vermelho seja, em pintura, preferível fazer-se com vermelho fogo.  
     A lótus vermelha simboliza a natureza original do coração. É o símbolo do amor, compaixão, paixão e outras emoções associadas ao coração. O lótus vermelho é geralmente representado com suas pétalas abertas, simbolizando a beleza e a doação de um coração. 
     Para o tornar mais verosímil, limpei um pouquinho da tinta das folhas e, uns buraquinhos apareceram, como se ali tivesse andado uma lagartinha malandra. Malandra sim, mas as lagartinhas alimentam-se apenas dos bons vegetais, assim, depreende-se que as folhas da flor de lótus devem ser para as lagartinhas uma especialidade culinária, um manjar especial, um prato muito saboroso!
     Depois de pronto, pensei como tinha sido maravilhosa esta transformação num simples pratinho. Como ele, também as pessoas podem melhorar, quer seja por sua própria vontade, quer seja pela ajuda de alguém.
Foto da flor de lótus da internet.
Pensamento da escritora Celeste Cortez 
     No Oriente, a flor de lótus significa, além de outras qualidades, a pureza, porque, sendo a flor tão bela, nasce em lagoas poluídas, águas estagnadas. A sua raiz está na lama da lagoa, o caule na água e a flor ao sol. Mas consegue sobressair quando se olha para ela. Como esta flor, também nós poderemos sobressair fazendo o melhor que pudermos, no lugar em que estivermos. (01-02-2015)

 "Pensamento: Não pretenda viver sem amor, porque a alegria desaparecerá da sua vida" Celeste Cortez (escritora) (é o que está escrito nas folhas da flor de lótus que coloquei acima)


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

DEMIS ROUSSOS - ÚLTIMO ADEUS A UM GRANDE CANTOR



Cantor. DEMIS ROUSSOS 1946-2015
Ultimo adeus a um grande cantor - DEMIS ROUSSOS

Adeus Demis Roussos, a partir de agora a tua voz harmoniosa estará no corro dos anjos. Mas não deixará de ficar na memória de todos os que tiveram o prazer de a ouvir. 
          O cantor Demis Roussos, filho de pais gregos, nasceu em Alexandria no Egipto em 15 de Junho de 1946. Foi-lhe posto o nome de ARTEMIOS VENTOURIS ROUSSOS.
          Demis Roussos faleceu ontem, 25 de Janeiro de 2015, na Grécia, onde vivia. Foi influencionado pela música egípcia, fez uma carreira extraordinária no mundo da música. 

Da wikipédia transcrevo com a devida vénia:  

foto da net 
Em 1978, Demis decidiu retirar-se dos palcos temporariamente e mudou-se com a família para um lugar onde não era conhecido, a saber, a Praia de Malibu, no Estado da Califórnia (EUA).Emagreceu então 54 quilos e decidiu aproveitar a vida viajando pelo mundo. Depois de algum tempo, mudou-se dos EUA e, com seu filho Cyril, passou a alternar residência entre a Inglaterra e a Grécia.
Em 14 de junho de 1985 ocorreu um facto que Demis considerou uma lição: Viajava juntamente com sua terceira esposa, quando o avião da TWA no qual viajavam de Atenas a Roma foi sequestrado. Aquele facto levou o cantor a reflectir sobre o valor da vida, decidindo reassumir a carreira de cantor, com gravações e shows ao vivo, como forma de contribuir para um futuro melhor para a humanidade. Gravou então mais vinte canções, e compilou o álbum “The Story of Demis Roussos”. Paralelamente, Roussos participa em eventos voltados para soluções de problemas humanos, como, por exemplo, o fórum pela paz e desarmamento (Kremlin, Moscovo em fevereiro de 1987) . Preocupado com problemas ambientais, participou também da Reunião de Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro.
Foto da net 
A partir de 2004, Demis Roussos viveu uma vida mais sossegada à beira mar, na Grécia, gozando os louros de ser considerado um dos cantores mais talentosos do século XXO seu último disco foi lançado em 2009.
Demis Roussos faleceu no dia 25 de janeiro de 2015, após permanecer um longo período internado em um hospital de Atenas. A causa da morte não foi divulgada.

POEMA - CANÇÃO DE EMBALAR - DE ZECA AFONSO

Canção De Embalar de  Zeca Afonso
Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme que ainda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer








quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Poema - Num dia lindo, em África, por Celeste Cortez






NUM DIA LINDO,  EM ÁFRICA
Celeste Cortez

Num dia lindo, em África
Mergulharam-me a cabeça na água do mar,
Naquele Indico quente que me sufocou
Mas me deu a coragem que eu não tinha
Embora continue a não saber nadar

O medo. O medo de falhar, o medo de escutar
As ondas que rebentam barulhentas na praia
Naquela praia bela onde as pessoas passeiam
Alheias às outras que por vezes se afogam, no mar,
No mar da imensidão do mundo

Foi num dia lindo, em África
Que se tornou azul e branco,
de onde saiu um arco iris de maviosas cores
Com a espuma das ondas a escorrer-me
Da cabeça, dos seios pequeninos
Acabados de nascer.
Foi num dia lindo, em África
Como em África são lindos todos os dias
Com o sol a brilhar
Mesmo ao anoitecer.

Celeste Cortez
Portugal
http://celestecortez.blogspot.com
http://sabiosmestres.blogspot.com/2007_09_16_archive.html


Publicado na 11ª. Antologia "Logos", Novembro de 2014,
com os agradecimentos da autora Celeste Cortez  

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Poema - A CRISE de Celeste Cortez



Publicado na 12ª. Antologia "Logos", em Janeiro de 2015
com os agradecimentos da autora Celeste Cortez 

A CRISE
Celeste Cortez

Chegou a crise
veio para ficar
Vende-se o carro
Compra-se o passe
temos de continuar

Esgotaram-se os bilhetes
Vamos de bicicleta
Sempre a pedalar
As rodas furaram
E não há dinheiro
Para outras comprar

Vamos andando,
Estragam-se os sapatos
Não há mais dinheiro
Para o sapateiro
Caminhemos descalços
Até aguentar
Os pés estão cheios de feridas
Não se pode mais andar!

Ouvem-se gritos ao longe,
Agora mais próximos
O que será?
Um barulho ensurdecedor
Aterrador, gritante
é uma multidão
uma multidão ululante
aproxima-se perigosamente
Impossível fugir
Estamos dentro dela
Temos de aguentar
não podemos sair

Ouvimos alguém perguntar
E a pergunta ficou no ar:
Ó homem,
por que te suicidaste?
por que não esperaste?
A crise vai acabar…

Quando? – perguntou a multidão
A multidão ficou sem resposta.
Como sempre fica sem resposta
a multidão!

Celeste Cortez
Lisboa - Portugal
http://celestecortez.blogspot.com

domingo, 18 de janeiro de 2015

O VALOR DA VIDA - POEMA DE GILDO DE OLIVEIRA (médico)

UM POEMA DO POETA E MÉDICO DR. GILDO OLIVEIRA

O VALOR DA VIDA


O valor da vida
Nasce do respeito mútuo,
No olhar o outro
Sem segundas intenções.

O valor da vida cresce
À luz do espírito
na intimidade da alma
Quando o homem vive
Socialmente de modo honesto.

O valor da vida se multiplica
Quando o homem não mais
Se limita, simplesmente,
Às técnicas massificadas;
Mas se guia pelo dom do amor ao próximo,
Toca, contagia e muda os rumos
De uma pessoa para o bem, o belo,
O real e o verdadeiro.

O valor da vida nasce, cresce,
Se multiplica e se perpetua,
Sem reservas,
E não se extingue com a nossa
Passagem... são as sementes
Que germinam no sacrário do coração
E como luz espiritual frutos darão.
Nosso farol-guia!

Gildo Oliveira

sábado, 17 de janeiro de 2015

POEMA DE AMOR - FERNANDO NAMORA

Poeta – Fernando Namora 1919-1989
Escritor, poeta, médico

Poema de Amor

Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.

Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.

Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.

...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.

Fernando Namora, in "Relevos"
 


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

VELHO TEMA - A FELICIDADE


Velho tema, poema de VICENTE DE CARVALHO, nascido em Santos e falecido em Santos, Brasil (1866-1924).

Belo tema para meditar - A felicidade que nunca encontramos. 










VELHO TEMA

I

Só a leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

HOMENAGEM AO MEU PAI NO DIA DE REIS.


Na Beira, aos 50 anos
Em Carregal do Sal, em 1972, um ano antes de falecer














Tudo isto, papá, ao seu retrato pertence:
Carácter, sentido do dever, simplicidade  
Amor ao próximo, bondade, humildade,
Lealdade, justiça, honestidade


 Querido papá 

     HOJE - 6 de Janeiro de 2015 -  faria 100 anos. Um século. Mas não os fez na terra. Partiu a 23 de Novembro de 1973. Lá lá vão tantos anos. Mas as saudades continuam vivas no meu peito e fazem doer. Morrer aos 59 anos é demasiado cedo. 

     Nunca esquecerei que nesse dia, me encontrava longe, longe de si. Onze mil quilómetros de distância nos separavam e nos tinham separado durante uns anos. O papá na Europa com a mamã, eu em África com meu marido e filhas. Sei que vivia triste por não poder voltar a África, a sua doença e a pequena reforma, eram impeditivos.

      Pressenti que algo de muito triste se estava a passar, o céu parecia querer desabar em cima de mim. Estava triste e negro como triste e negro estava o meu coração. Não tive a notícia através de um pombo a anunciar que seu pai tinha acabado de falecer, num sonho triste, como o papá pressentiu a morte de seu pai. Embora sem visões, sem sonhos, o meu coração não precisou de abrir o telegrama anunciando a sua partida.
       Ficou um vazio muito grande no meu coração, um vazio que ainda hoje, passados tantos anos me faz sofrer de saudades, em muitas ocasiões da minha vida. 


Teatro que ensaiou e entrava
como actor, ainda jovem, em Portugal
     Mas hoje quero recordá-lo no dia do seu aniversário. Nasceu no dia de Reis, no dia em que se cantam os Reis nas terras de Portugal e na sua não era exceção. Foi o REI do meu coração, um rei que soube educar sem ralhar. Um Rei que deu sempre o melhor exemplo. Recordo-o a visitar a cadeia da cidade da Beira onde viveu tantos anos e levar-me algumas vezes. Dizia-me que era para o ajudar a levar os biscoitos que a mamã tinha feito para os presos. Belo exemplo.
     Recordo-o em África, a tocar o seu bandolim ou o seu violino, sabendo tão pouca música mas tinha um tocar que vinha do coração, porque sentia a música, amava o ritmo. Recordo-o naquela noite de chuva intensa - chuvas de África - a regressar encharcado e apenas com uns pedaços partidos do violino, nas mãos, porque a chuva tinha invadido a parte baixa da vivenda e rebentado a mala de porão onde o guardava. E as suas lágrimas soltaram-se, pela primeira vez, à minha frente, ainda menina e moça. E eu sofri pela sua tristeza.
     Lembro-me quando ia visitar os pobres, em grupos da Acção Católica. Recordo-o como parecia voltar a criança, cheio de alegria e felicidade,  quando finalizava uma demonstração dos grupos étnicos que ensaiava - Grupo Actor Eduardo Brazão e Solar dos Beirões. 
     Recordo-o quando fomos com o Sr. Paralta, no dia da inauguração da Rádio Pax,  fazermos um pequeno teatro, lindo, lindo, que tinha escrito para a ocasião. 
De cócoras, no meio das "mascotes" do
Rancho folclórico do Solar dos Beirões.  
Em 1927, fez a 4ª. classe com MUITO BOM... 
A 1ª.nomeação para funcionário das Finanças, colocado
em Carregal do Sal , data de 1939. Tenho outros diplomas seguintes. 
Recordo-o vestido de estudante e eu também, no carro alegórico que representava Coimbra, no dia em que a Beira fez 50 anos e como se sentiu feliz por o nosso carro alegórico ter ganho o 1º. prémio. 
Recordo, recordo como era bom para todos nós e como fazia o bem sem olhar a quem, e como fazia tudo sem dar nas vistas.  Vim a ter conhecimento que a capela da sua terra, onde o nosso Fernando esteve quando o seu corpo estava frio, tinha sido erigida com peditórios que organizou, principalmente através das cartas que enviou para os emigrantes da aldeia e da vila, que estavam no Brasil. Não sei como fez isto, se pensar na sua timidez. Ah, já sei: Pôs a timidez no bolso esquerdo e escreveu com a mão direita e com essa entregou também os donativos e, a capela, ali está, linda e grande. (Foi acabada com outros peditórios anos mais tarde). Mas o que interessa é a obra começada, com paredes, chão e telhado e isso foi feito e funcionou até muitos anos depois ser acabada.
Papá, aqui estou para lhe dizer como tenho saudades suas. Como me recordo que, por fazer anos no dia de Reis, íamos primeiro com um enorme grupo da Acção Católica e mais tarde da Rádio Pax, cantar a diversas casas, começando pela do Governador da Beira, pedindo para os pobres. Acabava a festa na sua casa papá, onde havia uma mesa posta com o tradicional bolo rei e outros bolos que a mamã confeccionava para festejar o dia, o seu dia. 
E, acabo de me recordar, que numa visita ao Carregal, há uns anos, um senhor, que era de Alvarelhos, me confidenciou que o que sabia de leitura e escrita, tinha sido o papá a ensiná-lo, quando ambos eram crianças. E que tinha ensinado outros que mais tarde vieram a ser comendadores. Muito me orgulho. O senhor, de que não me recordo o nome, pai da Zeza e da Mélita que tem uma loja de modas no Carregal, foi de certeza encontrar-se consigo no Céu. Também era boa pessoa. 


Hoje, por ser um dia especial, o dia de Reis, o dia do nascimento do meu querido pai, o meu primeiro Rei,que partiu para o Céu, daqui lhe envio um açafate de camélias, cada pétala beijada pelos filhos Celeste e Nelson e pelos netos e netas.     

     
Querido papá, continue a festa que os Anjos lhe prepararam no Céu. Até sempre.  







                                  
                                   




  


















sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

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