terça-feira, 29 de abril de 2014

O elevador de Santa Justa - de Vasco Graça Moura(feito em 1993)



POEMA DE VASCO GRAÇA MOURA (n. 1942-2014)
Imagem muito fora do normal do elevador de Santa Justa (Foto de Tó Cortez). 
podes caber à larga e não à justa no elevador de santa justa,
não te leva a parte nenhuma no sentido utilitário normal,
mas é a nossa torre eiffel. faz a experiência. por sinal
é um caso em que não custa aprender à nossa custa:
variamente na vida e na ascese se flibusta,
e aprender à nossa custa é muito mais ascensional.

podes subir ao miradouro se a altura não te assusta:
lisboa é cor de rosa e branco, o céu azul ferrete é tridimensional,
podes subir sozinho, há muito espaço experimental.
noutros elevadores há sempre alguém que barafusta,
mas não aqui: não fica muito longe a rua augusta,
e em lisboa é o único a subir na vertical.

no tejo há a barcaça, a caravela, a nau, o cacilheiro, a fusta,
luzindo à noite numa memória intensa e desigual.
com o cesário dorme a última varina, a mais robusta.
não é para desoras o elevador de santa justa,

arrefece-lhe o esqueleto de metal,mas tens o dia todo à luz do dia.  não faz mal.



poema de VASCO GRAÇA MOURA - Para uma canção de embalar

para uma canção de embalar  (in O Concerto Campestre)
de Vasco Graça Moura 

embalo a minha filha joana que acordou num berreiro.
a casa está às escuras, vou passando com cuidado
para não dar encontrões nos móveis, embalo esta menina
que se calou mas está de olho muito aberto e quer brincar,
e há um halo de luz parda a coar-se pelas persianas
e às vezes uns faróis riscando estrias a correrem pelo tecto.

levo-a bem presa ao colo, toda de porcelana pesadinha,
enquanto a irmã está a dormir meio atravessada nos lençóis.
ao chegar-me a outra janela vejo as luzes fugindo na auto-estrada
em direcção ao rio, a uma placa da lua sobre o rio,
e trauteio «já gostava de te ve-er», enquanto acendo o fogão
para aquecer o leite e embalo a minha filha e a outra está a dormir.

oxalá cresçam ambas airosas e bem seguras, 
e possam ir na vida serenamente como os rios correm,
ou como os veleiros voam, ou como elas agora respiram
em cadências regulares neste silêncio táctil.
a meio da noite um homem acordou no sossego da casa
e pôs-se a cuidar do sono das suas filhas pequenas.

oxalá haja fadas benfazejas esvoaçando das histórias
de princesas felizes e potros azul turquesa, e forrem esta casa,
e pelas malvadas bruxas alegres sinos dobrem,
e estas meninas existam incólumes e puras no seu quente contentamento,
mesmo que o mundo vá girando numa ordem sobressaltada,
mesmo que os mares agonizem nos seus gonzos de chumbo.
lá fora os carros passam, ainda não é a manhã, só alta madrugada,
mas passam alguns carros, deve estar frio. e há passos no andar de cima
a minha filha teresa tosse e volta-se na cama, a minha mulher dorme,
mas a joana ainda não adormeceu e presta a maior atenção
e mexe-me na cara quando eu chego outra vez a «inda mal abria os olhos»,
já ouviu esta toada umas centenas de vezes e passa a mão pelo meu queixo

e aconchega a cabeça e as pálpebras começam a baixar-lhe
muito devagarinho e a pequenina mão abandona-se na gola do meu pijama
e há que dar ainda uns passos para cá e para lá,
a cantar uma sombra de modinha, para ela ficar bem adormecida,
e como da irmã, quando a irmã tinha esta idade, eu digo
que sei muito desta menina, e sei. e vou deitá-la outra vez.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ao VISITANTE Nº.50.000 deste blogue.


Ao visitante Nº. 50.000 deste blogue, venho dizer-lhe que não passou despercebido. Aqui me tem a felicita-lo, a dar-lhe as boas vindas sempre que queira voltar.
Viva a vida intensamente pensando que este pode ser o seu último dia.

HOMENAGEM A VASCO GRAÇA MOURA (03.01.1942 - 27-04-2014)

VASCO GRAÇA MOURA 
(03-01-1942-27-04-2014) *

  Uma lágrima rebelde caiu num sentimento de tristeza pela partida de Vasco Graça Moura, provavelmente o escritor que mais marcou expressivamente a literatura do nosso tempo, a par de Jorge de Sena, este mal conhecido ou desconhecido mesmo do vulgar cidadão e que ainda hoje, tantos anos após a sua morte, não tem o lugar que merece no mundo cultural português.   

          Conheci Vasco Graça Moura, não como gostaria de o ter conhecido: É pá, tu cá tu lá, como se costuma dizer. Digamos que apenas lhe apertei a mão e conversei uns momentos breves, num Encontro de Escritores, no Instituto Superior em Leiria, a 28 de Janeiro de 2008. Poderiam ter sido uns momentos mais longos, pareceu-me mesmo que ele teria ficado sem lanche para me ouvir, mas preferi não o fazer. Afinal quem era eu, apenas tinha dado à luz um romance e ele, o grande homem da literatura teria muito mais para fazer. A sua simpatia e educação cativaram-me, não esquecendo que tinha adorado ouvi-lo na poesia dedicada à sua filha Joana, a quem daqui endereço o meu sentir, assim como a todos os seus familiares. E foi esse o objecto da nossa conversa, a referida poesia e a maneira tão natural e tão expressiva como a disse.
QUE DESCANSE EM PAZ.

POESIA DE VASCO GRAÇA MOURA - EM OUTRAS PÁGINAS. 

* Aos menos atentos: A data do nascimento e a data do falecimento. 


quinta-feira, 24 de abril de 2014

POETA EUGÉNIO DE ANDRADE (de seu nome: José Fontinhas)

Analisado por Celeste Cortez (aulas de Poesia na Actis-Universidade Sénior de Sintra e na Academia da C.V.P. - Cascais

É URGENTE O AMOR

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.                     
É urgente destruir certas palavras
Ódio, solidão, crueldade,            
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente permanecer.

Este poema demonstra um sentimento profundo. O poeta fala como se fosse um narrador.
O que quer o poeta dizer com estas palavras? -   
É urgente o amor; 
É urgente um barco no mar;liberdade, salvação?
Destruir certas palavras.
Quais as palavras que o poeta nos sugere que devem ser destruidas? 
Destruir muitas espadas?
Em que verso é que ele diz ser urgente inventar alegria?
Multiplicar (quantas vezes, não diz, mas…,
Multiplicar o quê?
Beijos significa felicidade? Amor?

POETA – EUGÉNIO DE ANDRADE - Cont Poema URGENTEMENTE -

Multiplicar as searas ? (uma palavra para searas ? abundância;

Descobrir rosas, rios, manhãs claras – será que se refere à natureza no seu esplendor? Ou poderá ser: amizade, beleza?

O poeta sugere-nos, faz-nos ver o caminho para um mundo de felicidade e amor, eliminando o negativismo, os lamentos desnecessários; (em que verso?)

Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer… por isso é URGENTE O AMOR, o amor dentro de nós. Construí-lo todos os dias.

E… PERMANECER no amor. 

É urgente cumprirem-se estas palavras do autor. Sem isso está comprometido o nosso futuro, não haverá harmonia nem paz.
Importa redescobrir o nosso lugar no mundo, na parte que nos rodeia, à nossa volta, melhorando a nossa vida (interior);

- O que faremos para encontrar a felicidade e o amor, na família, na vivência com os amigos? Vamos deixar esta resposta para cada um de nós, para analisar o seu interior. Para viver uma vida mais feliz-  

terça-feira, 22 de abril de 2014

A VIAGEM A SINTRA dos Lisboetas que queriam espairecer - 1900

Naquele tempo…

A VIAGEM A SINTRA

No início do já distante ano de 1900, o fim de semana (só o domingo, porque ao sábado ainda se trabalhava) dos lisboetas que pretendiam espairecer fora de portas, tinha como destino as quintas dos arredores ( Benfica, Caneças, Loures, etc.), as praias de Algés, Dafundo e Cruz Quebrada ou um passeio a Sintra, a idílica vila romântica.
A digressão era preparada nas vésperas com todo o cuidado e muito entusiasmo. No sábado, a “dona da casa” tratava de confecionar a petisqueira para o ansiado “pic-nic” pois as refeições em restaurantes eram inacessíveis à maioria e tal só acontecia quando o rei fazia anos!...




No domingo de manhã os membros da família esmeravam-se nas suas vestimentas domingueiras, reuniam os cestos dos comes, o garrafão de vinho e ala que se faz tarde!
Dirigiam-se os “turistas” à Estação Central do Rossio, compravam o bilhete e postavam-se nos duros bancos de madeira. A máquina a vapor resfolgava e bufava por tudo o que era buraco! Com uns tantos solavancos, lá partia o engenho rumo ao apetecido Éden de Lord Byron.

Nos antigos comboios as carruagens tinham várias portas e, a justificar a “luta de classes”, haviam três categorias de lugares: a 1ª classe para os abastados; a 2ª. para os remediados e a 3ª. para os restantes.
Na primeira classe o preço do bilhete era de 530 réis. Em segunda, custava 360 réis e em terceira ficava por 230 réis.
Também existiam duas espécies de comboios: os rápidos e os regulares. O percurso no “rápido” era feito (pasme-se!) em pouco mais de meia hora. Os “regulares”, que paravam em todas as estações, demoravam o dobro do tempo.
A viagem, porém, não tinha nada de fastidioso pois a paisagem era encantadora. Os olhos dos passageiros deslumbravam-se com as verdejantes vistas das quintas, das matas, das hortas e das aldeias que salpicavam o panorama.
Logo que o trem galgava o túnel, a fumarada lambia os rostos dos passageiros e tornava as faces e as camisas dos passageiros de plúmbea cor.
Apesar de tudo, era uma festa naquelas carruagens, animadas por pessoas alegres. Tudo servia para propiciar boa disposição, desde a brejeira anedota ao chiste mais apimentado. Era o escape duma semana dura de trabalho, com excessivas horas de esforço e de entrega.
E o comboio prosseguia, “pouca terra, pouca terra”, a sua marcha, abrindo-se à nossa vista extensos campos, desde os terrenos por cultivar, até ao campo mais viçoso; desde o pomar bem cuidado até ao jardim mais florido.
Do Cacém para diante já se avistava o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, monumentos maravilhosos.
E, daí a pouco, se chegava à bela estação de Sintra, revestida com preciosa azulejaria de inspiração mourisca. Saíam então os veraneantes no meio de uma algazarra feliz. Esperava-os uma bem puxada caminhada rumo ao local da merenda, caso esta se desenrolasse para além das faldas da serra.
A cada um cabia depois uma missão: estender as mantas, as toalhas, os pratos, talheres, tachos, copos etc.
Que grande festa era aquela para os alegres excursionistas. Os comentários jocosos prosseguiam, entremeando o pastel de bacalhau com o copázio de tinto.
Uff! Comi que nem um abade, confessa aquele que se lança sobre o cobertor para curtir uma repousante sesta ou se preparar para uma disputada suecada. Mais tarde, ainda se lancham os excedentes do almoço.
O regresso custa mais, “ Vêem da festa!”. E, de novo, sobem para o comboio que os vai repor na capital O ambiente é agora mais calmo. O cansaço fez alguma mossa naquela gente.
Mas a satisfação era geral e já se combinava nova festarola lá mais para diante Que lindo dia lhes tinha sido proporcionado em Sintra. A bela e sempre misteriosa Sintra.
Há um provérbio espanhol que diz: “Chegar a Sintra é ver o Mundo inteiro”.

                                                                                  Carlos Brandão de Almeida

2011-08-0

segunda-feira, 21 de abril de 2014

MÃE PRETA (poema de Celeste Cortez,premiado no Brasil)


                                   MÃE PRETA 
Moçambique: mulher trajando capulana
foto da net 
       Mãe Preta traz no ventre seu mundo que vai nascer
Sorri feliz esquecendo o amendoim que a seca queimou,
O milho que a água alagou, a semente que o sol secou
Mas não esquece a fome que faz doer e ficou.

Hoje não vai buscar água porque seu filho tirou  
Seu pequenino mundo nasceu, gemeu e com fome berrou
Pediu comida que ela não tinha pr’a dar
Mãe Preta aconchegou seu menino e ficou a chorar 

No fundo da panela  um resto de quase nada
Mãe Preta amassou em sua boca a farinha empapada,
Mastigou, mastigou, mastigou, em sua boca não ficou nada
Como mãe-ave a papa depositara na boquinha rosada

Madrugada  no lamacento caminho com lata d’água à  cabeça já vem
Filho com amor aperta,   sonhando “sonhos de mãe”
Fogueira acende. Panela ao lume dos restos que no pilão havia
      A teta acaricia: Sorri com esperança para o filho que no colo tem

Do coração de Mãe Preta canção alegre começa a brotar
Seus lábios entoam bela melodia que o vento irá pr’a longe levar.
Anca bamboleia, marrabenta dançando, sorri enlevada

Puxando seu seio o passarinho do seu mundo vai alimentar
Lágrimas amargas de Mãe Preta  irão por fim secar
Porque hoje não lhe irá dar farinha empapada

Celeste Cortez - 2º.Prémio de poesia -  ALACIB – BRASIL.



sábado, 19 de abril de 2014

A PÁSCOA PASSOU-SE EM PLENO MAR

PEDRO ÁLVARES CABRAL
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR PEDRO ALVARES CABRAL
com a devida vénia transcrevo:  
".......................
  

D. MANUEL(Manoel) I, O VENTUROSO 

A ARMADA DE PEDRO ÁLVARES CABRAL
Concluídos os preparativos, marcou-se para 8 de Março de 1500, um domingo, a partida da armada.  Nesse dia - após missa solene, celebrada com a assistência do próprio monarca na primeira ermida que outrora o Infante D. Henrique mandara construir junto à praia do Restelo em Belém - Pedro Álvares Cabral, com os demais capitães e outras personagens importantes da expedição, foi conduzido ao local do embarque numa brilhante e concorrida procissão, em que tomou parte, sob um pálio, ao lado de D. Manoel.
    .....................
     Na tarde do dia imediato, foi enfim possível levantar ferro definitivamente; ao anoitecer, a frota cortava as águas do Atlântico. Estava-se em vésperas dum dos mais notáveis sucessos da Idade Moderna.
    ....................
22 de Abril de 1500: LOCALIZAÇÃO DE TERRAS DENTRO DOS LIMITES DO TRATADO DE TORDESILHAS 
     
 23 de abril: Cabral e comitiva descem à terra.
       A Páscoa desse ano, cahindo a 19 de Abril, passou-se em pleno mar; mas dois dias depois, sintomáticos sinais - certas algas boiantes - denunciavam aos olhos dos marinheiros experientes a proximidade da terra.  Às primeiras horas do dia imediato, 22 de Abril, o aparecimento de aves reforçava essa presunção, confirmada finalmente ao entardecer desse mesmo dia, quando se começou a avistar, para as bandas do ocidente, e ainda enevoado pela distância, o vago perfil de terras ali existentes. 
    Sucessivamente, foram-se divisando "um grande monte, mui alto e redondo, e outras serras mais baixas ao sul dele, e terra chã com muitos arvoredos.  Ao qual monte o capitão pòs o nome de Monte Pascoal, e à terra o de Terra de Vera Cruz".
    Descobrira-se, assim, a terra sul-americana mais tarde chamada Brasil, a qual, precedentemente e concomitantemente com essa denominação, por muito tempo se chamou Terra de Santa Cruz, denominação que D. Manuel, logo em 1501, numa carta aos Reis Católicos, empregou em substituição daquela que inicialmente lhe dera o seu descobridor.
    Ao pôr-do-sol do dia do descobrimento do Brasil, 22 de Abril de 1500, a frota, ainda bastante ao largo da costa, fundeou; só na manhã seguinte, formada pelos navios pequenos a vanguarda, ela se aproxima de terra.                
   Palpita nas palavras com que Caminha descreve esta navegação sobre fundos baixos - havia 19 braças no primeiro fundeadouro, em cerca de seis léguas ao mar - a cautelosa perícia com que, prumo em mão, ela se fez.
    ...........................
    Desde o século XVIII, geógrafos e historiadores sem discrepância têm identificado o porto com a Baía Cabrália; o recife, com o denominado da Coroa Vermelha, sendo este o nome da ilhota arenosa; e o rio, com o Mutari, outrora chamado Itacumirim.
    ................. por ordem de Cabral, foi erguida, em 1º- de Maio, uma grande cruz de madeira. Assim, o porto muito seguro onde a frota se abrigou não corresponde geogràficamente à povoação do Porto Seguro, depois fundada um pouco ao sul da modernamente chamada Baía Cabrália.

    
26 de abril: 1ª- missa celebrada no Brasil                             Carta de Pero Vaz de Caminha
Fr. Henrique, por duas vezes, celebrou solene missa: em 26 de Abril, a primeira em terras brasileiras, na Coroa Vermelha; e a segunda, em 1º- de Maio, junto à cruz erguida na costa.
    Na manhã de 2 de Maio, pouco antes que a frota desferisse velas a demandar o Cabo da Boa Esperança, Cabral enviou para Portugal, com notícias do descobrimento do Brasil, o navio de Gaspar de Lemos, prèviamente despejado da reserva de abastecimentos que conduzira.  Ele foi o portador de várias cartas: a de Pero Vaz de Caminha e a de Mestre João, conhecidas, e outras, estas desconhecidas, do capitão e mais personagens importantes, que aqueles autores dizem terem sido também escritas e enviadas ao monarca.        
    ................."


Fonte: "O Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral - Antecedentes e Intencionalidade " - Damião Peres -  Portucalense Editora - Porto / Livros de Portugal - Rio de Janeiro - 1949.
              Acervo da Real Biblioteca Dom João VI do Círculo Monárquico D. Pedro II de Niterói )                 
  


Pascoa Feliz


A TODOS DESEJO: PÁSCOA FELIZ


No meu tempo não havia ainda Coelhinho da Páscoa,
Ovo feito de chocolate, com decoração alusiva
à Páscoa, tão interessantes como o da foto.



Páscoa, ressurreição como forma de renascimento em tempo de mudança, para que a humanidade se entenda numa comunhão fraterna.



No meu tempo de criança, não tinha ainda sido inventado o Coelhinho da Páscoa que trazia Ovos feitos de chocolate. Mas temos as amêndoas que se usavam e ainda hoje são tão apreciadas. 


Nem por isso deixámos de ter boas recordações da nossa infância. Vou partilhar este poema convosco, uma recordação do que se passava no domingo de Páscoa. 

DOMINGO DE PÁSCOA NA MINHA ALDEIA

Quando eu era pequenita,
O sino da capelinha
Tocava especial dlim-dlão
Que nos fazia vibrar
Alegrando o coração
Era dia de festa
Viria o padre com a cruz
Para se beijar Jesus

A mesa da sala grande
com adamascada toalha
repleta de coisas boas
Na casa da minha avó
nozes, pinhões, amêndoas,
frutos secos e bolinhos
não faltava o Pão de ló

Poesia de Celeste Cortez, do livro "L. de E.", no prelo. 

sábado, 12 de abril de 2014

Herminio Cunha Marques - MEDALHA DE OURO PARA QUEM A MERECE

Lançamento do livro "Carregalíada
Celeste Cortez, no lançamento do livro Carregalíadas
de Hermínio da Cunha Marques
s" prefaciado pela escritora Celeste Cortez.  

Na sessão solene usaram da palavra o presidente da Câmara e o presidente da República. Atílio Nunes saudou com ”orgulho e emoção” a visita do mais alto magistrado da Nação e a presença das individualidades presentes, usando para com a esposa de Cavaco Silva uma simpática deferência, logo bastante aplaudida. Após as cortesias de boas vindas, fez sentir ao presidente da República que o concelho é rico em cultura e que o Centro Cultural agora inaugurado é um símbolo dessa riqueza e um marco importante na passagem do 175.º aniversário do concelho, à qual associou também a publicação do livro «Carregalíadas», da autoria de Hermínio Cunha Marques.
Após ter elogiado o trabalho que Hermínio Cunha Marques tem desenvolvido com as suas obras em prol concelho, o presidente da Câmara pediu ao presidente da República que o homenageasse com a entrega da primeira medalha de ouro de mérito municipal. Depois dessa homenagem, foi vez do presidente da Câmara presentear o presidente da República com uma peça artesanal em talha, simbolizando o apreço do concelho e registando a honra da sua presença nestas comemorações.

Lançamento do livro “Carregalíadas”
Às 16h30 do mesmo dia, foi retomado o programa comemorativo dos 175 anos do concelho, dessa vez com a apresentação do livro “Carregalíadas”. Seguiu-se um concerto pela Orquestra de Cordas e Coro da associação Orquestra Clássica do Centro. 
Na saudação de abertura desta sessão, o presidente da Câmara felicitou Hermínio Cunha Marques “por mais este livro sobre o concelho”, que vem reforçar o palmarés invejável de obras deste poeta e historiador. Coube ao vice-presidente da Câmara, Luís Fidalgo, fazer a apresentação de “Carregalíadas”, obra de poesia épica, composta por dez capítulos, num total de 600 estrofes em oitavas, que descreve uma panorâmica geral do concelho, desde a sua criação até aos dias de hoje Ao concluir a apresentação, agradeceu ao autor, em nome de todos os carregalenses, esta “obra extraordinária”.

         Carregalíadas soa-nos a Lusíadas”, afirmou Celeste Cortez, autora do prefácio do livro, orador seguinte, salvaguardando que enquanto "Lusíadas" de Luís de Camões narra a epopeia dos descobrimentos. "Carregalíades, de Hermínio da Cunha Marques" deixa para a história do concelho uma panorâmica geral das personalidades que nele se distinguiram, pelo seu humanismo: Nas artes, nas ciências, no campo militar, no teatro, na escultura, na arte musical. Considerou-o “um livro magistral, que recorda os feitos notáveis dos heróis, dos cidadãos audazes e valentes pertencentes às instituições dos Bombeiros, da Cruz Vermelha e das Fundações de Oliveira do Conde e da Lapa do Lobo”, e que “desvenda as lendas do concelho, os padres, a escola antiga, seus velhos professores, as freguesias, aldeias e seu património cultural, recreativo e histórico e evoca velhas tradições. Que recorda a criança que recebeu o prémio Val Flor, o pastor que tirou alguns cursos superiores, e não deixa no esquecimento todos os presidentes de Câmara”. Terminou a sua intervenção com uma homenagem à esposa de Hermínio Cunha Marques, dizendo que “um grande homem tem, indubitavelmente, a seu lado uma grande mulher” , tendo-lhe feito entrega de “uma singela flor, com toda a admiração e carinho”.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Aristides De Sousa Mendes - 60 anos após a sua morte

Aristides De Sousa Mendes Evocado 60 Anos Após A Sua Morte

          Aristides de Sousa Mendes foi mote para o colóquio/painel realizado ontem à tarde, no Centro Cultural de Carregal do Sal.
             A iniciativa, integrada no projeto “Dever de Memória.- Jovens pelos Direitos Humanos” promovido pelo Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, surgiu como uma evocação e singela homenagem ao Cônsul, no dia em que passaram 60 anos sobre o aniversário da sua morte.
          Precedido de discursos de abertura proferidos pelo Diretor do Agrupamento de Escolas, Hermínio Cunha Marques, que enalteceu o projeto e o empenhamento dos alunos na sua concretização e informou de que Aristides de Sousa Mendes tinha sido um brilhante aluno do ex-Colégio Nun’Álvares e do Vice-Presidente da Câmara Municipal, José Sousa Batista, que sublinhou a necessidade de memória e o dever para com o gesto do Cônsul, a tarde iniciou com um momento musical em violino, a cargo da aluna Beatriz Queirós, do 9.º ano. Depois seguiu-se a projeção de um filme sobre iniciativas realizadas nos últimos dez anos, para evocar a figura de Aristides de Sousa Mendes, e sobre o atual estado da Casa do Passal, produzido por Josefa Reis, professora do Agrupamento.
          O colóquio/Painel, moderado por Óscar Paiva, começou de imediato com a intervenção de António Moncada, neto de Aristides de Sousa Mendes, que recordou episódios da vida do avô e fotografias antigas, algumas com mais de 90 anos.
Fátima Claudino, da Comissão Nacional da UNESCO, referiu-se aos objetivos, missão e abrangência da Comissão parabenizando o Agrupamento de Escolas por ser mais uma das Escolas associadas da UNESCO procedendo, no final, à entrega do documento oficial.

          António Martins, natural do Concelho de Carregal do Sal e em nome da Memoshoá (Associação para a Memória e o Ensino do Holocausto) sustentou a sua intervenção em imagens de desumanização e carnificina praticada pelas SS recordando que também estes tinham família e na importância da Resistência dos Judeus lembrando que o ato de Aristides de Sousa Mendes, que levou à sua distinção de “Justo Entre as Nações” por Israel, foi totalmente merecida. Aludiu na ocasião ao facto de existir um outro português “Justo Entre as Nações” mas que não tem tido a visibilidade do Cônsul, referindo-se a Sampaio Garrido. A terminar deixou o repto para que situações como a do Holocausto não se repitam.

          Luís Fidalgo, da Fundação Aristides de Sousa Mendes e orador seguinte, reportou-se ao caráter de Aristides de Sousa Mendes que, tal como o seu irmão gémeo, César, foram ótimos alunos também na Universidade de Coimbra onde, inclusive aparecem referenciados em atas como dois alunos que tentaram fazer das praxes algo menos agressivo sugerindo a realização das Festa dos Novatos (referindo-se aos caloiros). A par deixou o que chamou de referendo aos alunos em relação à transladação dos restos de Aristides de Sousa Mendes para o Panteão Nacional e sobre a beatificação do Cônsul, alvitrada por alguns.

          A última intervenção coube a Paula Teles, do Museu Municipal Manuel Soares de Albergaria. A Técnica incidiu a sua apresentação sobre a Casa do Passal em termos de património cultural e histórico que importa preservar e perenizar.
Seguiu-se um período de debate e logo depois a visita à exposição realizada por alunos de várias turmas do Agrupamento “O Outro Olhar… Aristides de Sousa Mendes – 60 anos de Memória”, patente no Museu Municipal.

Extraído com a devida vénia de email que me foi enviado pela Câmara de Carregal do Sal, o que agradeço. 
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