sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CECILIA MEIRELES – Rio de Janeiro 7-11-1901 
– Rio Janeiro 9-11-1964 (Neste blogue há mais do que um artigo sobre Cecília Meireles) 

CECILIA MEIRELES nasceu no Rio de Janeiro a 7-11-1906 e faleceu no Rio de Janeiro a 9-11-1964, justamente dois dias depois do seu 63º. Aniversário.

Filha de portugueses de Fajã de Cima, concelho de Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel nos Açores, seu pai morre 3 meses antes dela nascer. Sua mãe morre quando ela tinha apenas 3 anos. Viveu com sua avó materna D. Jacinta Garcia Benevides, também açoriana.

Foi, professora primária e mais tarde, depois de diversos estudos,  lecionou em Universidade americana. A sua prioridade era a educação cultural da criança – futuro do seu país, como dizia. Foi activista para mudanças no sistema educacional. Fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil. Escreveu poesia desde os 9 anos de idade, sendo bem conhecidos os seus poemas para crianças, bem como outros poemas.

Casou em primeiras núpcias com o artista plástico português Fernando  Correia Dias, de quem teve as suas três filhas, que pintou o seu retrato em Lisboa. Este, sofrendo de depressão aguda, vem a suicidar-se em 1935. Ela volta a casar anos depois com um professor e engenheiro agrónomo brasileiro.

Este um dos poemas dedicados às crianças. Deveria dizer “No tempo em que se podia dar uma palmada bem dada?” O que seria se ela tivesse publicado hoje, passados que são alguns anos. Não se pode dar uma palmada bem dada num menino malcriado – dizem os psicólogos – porque traumatiza. Na nossa geração quem não apanhou uma palmada bem dada? Responsável por quantos traumatismos?  

Uma Palmada Bem Dada, por Cecília Meireles (Rio de Janeiro 7-11-1906-Rio de Janeiro 9-11-1964)

É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer A borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Porque não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!

                            


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