quarta-feira, 7 de maio de 2014

CESÁRIO VERDE - análise breve da sua forma poética

POETA - CESÁRIO VERDE – 1855-1886 (31 Anos)
BREVE ANÁLISE DA SUA FORMA POÉTICA por Celeste Cortez 

Foto de um quadro do pintor Silva Porto, retratando a época 1870
CESÁRIO VERDE, nasceu em Lisboa, mas reza a sua biografia que faleceu no Lumiar, quer dizer que nessa altura Lumiar não era freguesia de Lisboa, como veio a ser.
Como poeta foi considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX. É naturalista e  realista. Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, mas apenas o frequentou alguns meses, para se dedicar à profissão de comerciante como o pai. No seu curso conhecer Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida. Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes inspiraram contudo um de seus principais poemas, Nós (1884).Tenta curar-se mas vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde, compilação da sua poesia que foi publicada em 1901.
No seu estilo delicado, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, que são os seus cenários predilectos. Usa o realismo, o naturalismo.  Evitou o lirismo tradicional, expressando-se de uma forma mais natural.

A TERRA-MÃE, O CAMPO -  Para ele o campo é o único lugar para se viver e as pessoas ali são simples, e gente boa. Mas não é bucólico, não é idilico, não inventa luas especiais, um sol poético, coisas assim. mas um espaço real, concreto, autêntico, que lhe confere liberdade. O campo é um espaço de vitalidade, alegria, beleza, vida saudável… Retrata os camponês no seu trabalho diário com objectividade e realismo. A MULHER DO CAMPO é quase sempre feia, mas linda por dentro. (bondade, vigor, etc.) São estas as mulheres que ele  coloca na cidade como: vendedeiras, engomadeiras, trabalhadoras que ele admira, e que têm sempre uma força interior especial. 

CIDADE - o ambiente físico cheio de contrastes, apresenta ruas macadamizadas/esburacadas, casas apalaçadas (habitadas pelos burgueses e pelos ociosos) quintais e casas velhas, edifícios cinzentos e sujos… O ambiente humano é caracterizado pelos calceteiros, cuja coluna nunca se endireita, pelos padeiros cobertos de farinha, pelas vendedeiras enfezadas, pelas engomadeiras tísicas, pelas burguesinhas e pelas varinas rechonchudas…  A MULHER DA CIDADE: A fidalga convencida, a mulher fatal, a calculista, sem sentimentos, a mulher dominadora. Mas na cidade DESCREVE OUTRO GÉNERO DE MULHER: a débil, ingénua, terna. Ecos de sua obra podem ser vistos nos poemas de Fernando Pessoa, parecendo Cesário Verde o predecessor do heterônimo Álvaro de Campos de Opiário e sendo citado várias vezes por Alberto Caeiro.

No poema  AVE MARIAS, na página seguinte, editada hoje neste blogue, vê-se um ambiente melancólico, não só o anoitecer mas a cor londrina, provoca-lhe enjoos, melancolia,  este cenário provoque a dor. Sente-se oprimido, por isso lhe ocorrem um desejo de evasão para exposições e outros países. Evoca capitais europeias, cujo progresso contrasta com o caos de Lisboa, mas também evoca os tempos áureos da Lisboa da altura das Descobertas (do tempo do ouro e das especiarias e das sedas). Chama-nos à consciencialização que o progresso tecnológico vai fazer à existência humana.
Celeste Cortez .- 

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