quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

DOIS MIL ANOS PASSARAM... E ENTÃO?

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus, ao responder ao Doutor de Leis sobre quem era o nosso “próximo”, exemplificou com o episódio do judeu barbaramente agredido por ladrões que o maltrataram e deixaram prostrado na estrada.

Sacerdotes e “homens de bem” (?) esquivaram-se a auxiliar o pobre homem que se esvaía em sangue. Um publicano que por ali passou condoeu-se com o estado do ferido e, apesar da rivalidade existente entre judeus e publicanos, socorreu o desgraçado e providenciou-lhe a necessária ajuda.
Eis a obra de amor do bom samaritano que serviu para ilustrar a figura do nosso próximo. Este episódio aconteceu há mais de dois mil anos.
Dois mil anos passaram depois do Filho de Deus ter proclamado a doutrina do Amor, da Igualdade, da Fraternidade entre todos os homens. E então?

A questão pertinente que se pode hoje colocar é a seguinte: dois milénios passados, será que nos comportamos todos como bons samaritanos? Ou seja, a solidariedade e o apoio caritativo que deveríamos dispensar ao nosso “próximo” é hoje uma prática corrente?
A resposta está á vista de todos,
-      Quando um idoso morre, sozinho em sua casa, e a vizinhança só se apercebeu disso quando o cheiro pestilento invadiu o prédio. Enquanto o velhinho vegetava, abraçado à sua imensa solidão, onde esteve uma simples palavra de afecto?
-      Quando, nos empregos, a luta feroz e subterrânea por uma posição mais elevada, corrompe as relações e destrói as amizades;
-      Quando, numa falta de solidariedade gritante para com o próximo, pululam os criminosos corruptores e corruptos de colarinho branco e se vangloriam os trastes infractores da fuga ao fisco;
-      Quando uns abjectos violadores e pedófilos maculam a dignidade humana de seres mais fracos e indefesos.
-      Quando ainda há mulheres enclausuradas em “burkas” e quando o valor pessoal está na razão directa da “obesidade” da conta bancária.
-      e quando, e quando e muitos quandos haveria para acrescentar a esta vergonhosa lista das contemporâneas misérias humanas.

Não serão todos, felizmente, mas muitos passam ao largo dos problemas e dificuldades dos seus semelhantes, como no tempo de Jesus Cristo fizeram os sacerdotes e os “homens bons”(?)...
Dois mil anos não corrigiram muito substancialmente o comportamento do ser humano, inclusive até dos próprios cristãos.
Não pode deixar de ser com mágoa que chegamos a esta triste conclusão e, ao veiculá-la através deste apontamento, fazemos o necessário contraponto, na esperança de que o exemplo de muitos filantropos que ainda praticam o amor ao próximo, se difunda e irradie com a desejada progressão.
Afinal, uns instantes dedicados a todos os entes carentes que por ai pululam e são o “nosso próximo”, libertariam a nossa consciência dos egoísmos, das comodidades e da falta de amor por quem só espera uma migalha de afecto.

                                            Carlos Brandão de Almeida            2014-02-04

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