quarta-feira, 1 de maio de 2013

FILHOS DO 25 DE ABRIL, um artigo de Pedro Bidarra

Ultimamente cada vez escrevo menos no blogue, não por falta de conversa mas por falta de vista. Desde que fui operada no ano findo, as coisas não têm corrido da melhor maneira. Assim para alimentar a vossa vinda ao blogue, que agradeço, não posso deixar de publicar alguma coisa. E por isso, HOJE,  copio. Copio com a devida vénia a quem escreveu, esperando que ele me desculpe a sem cerimónia. Ele, eu e todos os leitores, sabemos que não é plagiato. Porque plagiato é copiar ocultando o nome do autor. E aqui, o nome do autor está escrito no final da página. Nem sempre se está de acordo, eu tento escrever com a nova ortografia, não me parece que haja volta a dar-lhe. Se houver, avisem-me. Quando meu pai era pequeno, escrevia "assucar" e "pharmácia" e ele teve de se habituar a escrever "açucar" e "farmácia". A autora do blogue: http://celestecortez.blogspot.com/  

"Filhos do 25 de Abril
26/04/2013 | 00:02 | Dinheiro Vivo
A geração que fez o 25 de Abril era filha do outro regime. Era filha da ditadura, da falta de liberdade, da pobre e permanente austeridade e da 4.ª classe antiga.
Tinha crescido na contenção, na disciplina, na poupança e a saber (os que à escola tinham acesso) Português e Matemática.
A minha geração era adolescente no 25 de Abril, o que sendo bom para a adolescência foi mau para a geração.
Enquanto os mais velhos conheceram dois mundos – os que hoje são avós e saem à rua para comemorar ou ficam em casa a maldizer o dia em que lhes aconteceu uma revolução – nós nascemos logo num mundo de farra e de festa, num mundo de sexo, drogas e rock & roll, num mundo de aulas sem faltas e de hooliganismo juvenil em tudo semelhante ao das claques futebolísticas mas sob cores ideológicas e partidárias. O hedonismo foi-nos decretado como filosofia ainda não tínhamos nem barba nem mamas.
A grande descoberta da minha geração foi a opinião: a opinião como princípio e fim de tudo. Não a informação, o saber, os factos, os números. Não o fazer, o construir, o trabalhar, o ajudar. A opinião foi o deus da minha geração. Veio com a liberdade, e ainda bem, mas foi entregue por decreto a adolescentes e logo misturada com laxismo, falta de disciplina, irresponsabilidade e passagens administrativas.
Eu acho que minha geração é a geração do “eu acho”. É a que tem controlado o poder desde Durão Barroso. É a geração deste primeiro-ministro, deste ministro das Finanças e do anterior primeiro-ministro. E dos principais directores dos media. E do Bloco de Esquerda e do CDS. E dos empresários do parecer – que não do fazer.
É uma geração que apenas teve sonhos de desfrute ao contrário da outra que sonhou com a liberdade, o desenvolvimento e a cidadania. É uma geração sem biblioteca, nem sala de aula mas com muita RGA e café. É uma geração de amigos e conhecidos e compinchas e companheiros de copos e de praia. É a geração da adolescência sem fim. Eu sei do que falo porque faço parte desta geração.
Uma geração feita para as artes, para a escrita, para a conversa, para a música e para a viagem. É uma geração de diletantes, de amadores e amantes. Foi feita para ser nova para sempre e por isso esgotou-se quando a juventude acabou. Deu bons músicos, bons actores, bons desportistas, bons artistas. E drogaditos. Mas não deu nenhum bom político, nem nenhum grande empresário. Talvez porque o hedonismo e a diletância, coisas boas para a escrita e para as artes, não sejam os melhores valores para actividades que necessitam disciplina, trabalho, cultura e honestidade; valores, de algum modo, pouco pertinentes durante aqueles anos de festa.
Eu não confio na minha geração nem para se governar a ela própria quanto mais para governar o país. O pior é que temo pela que se segue. Uma geração que tem mais gente formada, mais gente educada mas que tem como exemplos paternos Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates, Passos Coelho, António J. Seguro, João Semedo e companhia. A geração que aí vem teve-os como professores. Vai ser preciso um milagre. Ou então teremos que ressuscitar os velhos. Um milagre, lá está.
Pedro Bidarra
Publicitário, psicossociólogo e autor
Escreve à sexta-feira
Escreve de acordo com a antiga ortografia "
Que me desculpe o Sr. Dr. (quem não for doutor em Portugal e nos países lusófonos que levante o dedo!) Como não vi dedos levantados, presumi que a pessoa que escreveu este artigo é doutor. Pelo sim pelo não, deixem-me procurar na net. Já volto. Desculpem, esperem só um bocadinho...
Regressei. Claro Dr. Pedro Bidarra. Acertei. Doutor. Se eu tivesse lido com mais atenção, teria visto no final que o senhor, além de publicitário é psicossociólogo e autor. E também com formação em música diz a net. Também em alguns comentários li que é o Dr. House da Publicidade! Engraçado! Nem calculam quanto escreve, tem tanta coisa publicada! Mas no artigo que transcrevi acima diz que  "Escreve à sexta-feira"! Eu que escrevo todos os dias, ninguém sabe quem eu sou, este senhor que só "escreve às sextas-feiras" é mais conhecido que o Lux. Só para recordar... o luxe é o sabão que está no mercado pelo menos desde que eu era pequenina, lavava-me com ele. Cheirava tão bem. E não é engraçado que ainda existe o luxe, continuo a lavar-me com ele e continua a cheirar bem?  Mas voltando ao Senhor Dr. Pedro Bidarra, apesar de escrever só "às sextas-feiras", de ter tantos artigos, tem um artigo assim intitulado: "Escrever é triste". Escrever é triste? Que estranho, quando escrevo fico tão empolgada, cheia de genica que vou ficando ao computador quase até de madrugada!...  Mas são opiniões. O que seria se todos tivéssemos a mesma?
Voltando à vaca fria, não era o que queria dizer: voltando a falar do Senhor Dr. Pedro Bidarra, que toda a gente parece conhecer e só eu não, prometo que irei andar com mais atenção para não suceder que mais um sábio parta (claro para o outro mundo) sem que eu o conheça! E fico sempre com tanta pena.  
Autora: Celeste Cortez

Se copiar palavras minhas, deste blogue ou seja de onde for, sabe que terá de dizer o nome da autora. É de lei. Temos de respeitar a lei, os direitos de autor.  

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