segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DIFICULDADES DA NOSSA LÍNGUA (I)

HISTÓRIA DA FILHÓ E DAS FILHÓS DA TIA MARIA


Era uma vez uma senhora a quem chamavam tia Maria que fritou uma filhó. O filho gostou tanto que pediu mais filhós. Vieram os amigos e quiseram experimentar. A senhora teve de fazer mais "filhoses" . Chegaram visitas e também comeram "filhozes".

Chegamos à conclusão que aqui há palavras erradas "filhoses e filhozes"  que nos foram indicadas pelo dicionário que está instalado no computador (não está assinalado quando passa para o blogue, que pena!). Segundo apurei, o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa diz-nos que a palavra filhó é o singular, enquanto o plural será filhós e não filhoses nem filhozes.
Curioso no entanto, é que temos um ditado popular que diz: "por aí não vai o gato às filhozes" .
Tentei saber as razões desta discordância. Afinal no plural,  pode escrever-se  "filhoses, filhozes"?  
A forminha para as filhós de forma tem um
cabo de metal (não inclui o sino) 
Encontrei um artigo na internet (não sei dizer quem é o autor porque me esqueci de apontar o seu nome) informando que o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa de Vasco Botelho do Amaral esclarece que o povo diz filhozes por analogia com nozes, vozes, etc. E continua esclarecendo que até já houve tempo em que se escrevia arrozes.

Tenho a certeza que sim, que já se escreveu "arrozes" ou pelo menos, as pessoas mais velhas, quando regressavam de um casamento de gente abastada,  diziam "só arrozes eram três". E não estavam a incluir o famoso "arroz doce". Comidas com massas seriam duas, sem incluirmos a "aletria", nem a sopinha de letras ou de pevide. E a sopinha de massa!

Palavra puxa palavra. As palavras são como as cerejas. Vejam no que deu falar em filhós. 

E quem as tiver em casa nesta quadra festiva, coma-as com moderação. São demasiadamente saborosas para tirarmos apenas uma. E muitas podem fazer mal. E não se riam, as minhas saíram uma bodega. Bom paladar, mas formato muito inferior ao dos anos anteriores. Mas, mesmo assim, não resisto e de vez em quando, digo para mim própria: deixa comer uma filhó, mas acabo por comer duas filhós!  

Celeste Cortez      

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